Ucrânia pode ter de ceder terras "temporariamente" em troca de paz, diz autarca de Kiev
A Ucrânia poderá ter de ceder território para chegar a um acordo de paz com a Rússia, admitiu o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, esta sexta-feira numa entrevista à BBC.
“É um cenário. É injusto, mas para a paz, uma paz temporária, pode ser uma solução, uma solução provisória”, disse o autarca, um dia depois de ataques russos à capital terem feito, segundo as autoridades ucranianas, 12 mortos e 90 feridos. Vitali Klitschko defendeu contudo que a população ucraniana “nunca aceitará uma ocupação” da Rússia.
Estas declarações do presidente da Câmara de Kiev colocam-no como um dos poucos líderes ucranianos inclinados a aceitar a proposta de Donald Trump, que passa pela transferência de certos territórios ucranianos para a Rússia. Por sua vez, o Presidente Volodymyr Zelensky afirmou que Kiev não reconheceria o controlo russo da Crimeia.
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, por seu lado, disse que a Rússia está pronta para chegar a um acordo que ponha fim à guerra na Ucrânia, de acordo com uma entrevista dada à rede de televisão norte-americana CBS.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, “está a falar de um acordo e nós estamos prontos para fazer um acordo, mas há alguns elementos específicos que ainda precisam de ser afinados”, disse Lavrov, segundo os excertos da entrevista publicados 'online' na quinta-feira.
"Há uma série de sinais de que estamos a avançar na direção certa", acrescentou.
Entretanto, o presidente russo, Vladimir Putin, recebeu esta sexta-feira o emissário norte-americano Steve Witkoff para discutir o plano de paz da Casa Branca para a Ucrânia, segundo confirmou o Kremlin.
A reunião, a quarta nos últimos três meses, decorreu no Kremlin e durou quaro horas. Foi realizada à porta fechada e terminou sem declarações à comunicação social.
Antes de se encontrar com Putin, Witkoff teve uma breve reunião com o negociador económico russo Kiril Dmitriev, o qual se juntou mais tarde à reunião no Kremlin, onde o líder russo estava também acompanhado pelo seu conselheiro para os assuntos internacionais, Yuri Ushakov.
Cinco mortos na Ucrânia
Para lá das palavras, no terreno, esta sexta-feira, poucas horas antes do encontro no Kremlin entre Vladimir Putin e o enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, cinco pessoas, incluindo uma criança, foram mortas em novos ataques russos na Ucrânia, segundo as autoridades daquele país.
Três das vítimas foram mortas na cidade de Pavlohrad após um ataque com um drone, disse Serhiy Lysak, governador da região central de Dnipropetrovsk. "O agressor voltou a conduzir um ataque em massa na região com drones", escreveu no Telegram, acrescentando que 11 drones foram destruídos na região. Segundo informou, 14 pessoas ficaram feridas no ataque a um prédio de cinco andares, incluindo um rapaz de seis anos e adolescentes de 15 e 17 anos. "Infelizmente, já há três mortos em Pavlohrad. Entre eles, uma criança", disse numa atualização posterior.
Os procuradores regionais de Donetsk disseram, por seu lado, que duas pessoas foram mortas num ataque na manhã desta sexta-feira no colonato de Yarova, onde o exército russo lançou uma bomba aérea contra um edifício residencial.
Um alto responsável militar russo morto
Já a comunicação social russa avança que um alto responsável militar russo, Yaroslav Moskalik, vice-chefe da Direção Principal de Operações do Estado-Maior General das Forças Armadas Russas, morreu na explosão de um carro na cidade de Balashikha, na região de Moscovo.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, descreveu o assassinato do Tenente-General Yaroslav Moskalik como um “ataque terrorista”, segundo o The Guardian.
*com agências