“Acho que vamos ter paz. Espero que lá cheguemos”, afirmou esta quinta-feira o presidente dos Estados Unidos na Casa Branca, acrescentando que “tenho o meu próprio prazo e queremos que seja rápido”. Horas antes, Donald Trump tinha usado a sua rede social Truth para fazer um aviso ao seu homólogo russo na sequência do ataque noturno de Moscovo contra Kiev, o maior desde o verão, e que matou pelo menos 12 pessoas. “Não estou satisfeito com os ataques russos em KIEV. É desnecessário e é um momento muito mau. Vladimir, PARE! 5000 soldados morrem por semana. Vamos concluir o acordo de paz! “. Questionado se acreditava que Putin o iria ouvir e parar os ataques contra a Ucrânia, Trump respondeu que “sim”.Moscovo atacou Kiev com mísseis e drones durante a madrugada de ontem, matando pelo menos 12 pessoas no maior ataque à capital ucraniana desde o último verão e levando Donald Trump a esta quase inédita chamada de atenção ao presidente russo e que surgem um dia depois do líder norte-americano ter voltado a criticar Volodymyr Zelensky, acusando-o de prejudicar as conversações de paz, depois de o presidente ucraniano ter dito que Kiev não reconheceria o controlo russo da Crimeia.Segundo as autoridades ucranianas, o ataque também feriu 90 pessoas, destruiu edifícios e provocou incêndios. De acordo com a Reuters, mais de 12 horas depois, as equipas de resgate ucranianas ainda estavam a recuperar corpos dos escombros.O Ministério da Defesa russo descreveu a incursão noturna contra Kiev como um grande ataque contra o complexo militar-industrial da Ucrânia, utilizando armas de longo alcance, alta precisão e drones. “De acordo com informações preliminares, os russos utilizaram um míssil balístico fabricado na Coreia do Norte. Os nossos serviços especiais estão a verificar todos os detalhes. A confirmar-se (...), esta será mais uma prova da natureza criminosa da aliança entre a Rússia e Pyongyang”, escreveu o presidente ucraniano nas redes sociais ao final do dia.Volodymyr Zelensky, que se encontrava na África do Sul na altura do ataque, encurtou a sua visita e regressou a casa, mas comentou a ação russa antes da sua partida, dizendo que Moscovo está a tentar pressionar Kiev e Washington no processo de paz, mas também isolar a Ucrânia para a tornar um alvo mais fácil. Mas sem sucesso, acrescentou, pois “mesmo nos primeiros dias da guerra, quando estávamos quase sozinhos, conseguimos resistir” e a Ucrânia está agora “muito mais forte”. O presidente ucraniano referiu ainda que Kiev, ao contrário de Moscovo, concordou com o pedido de um cessar-fogo incondicional feito por Donald Trump, mas que não está a assistir “agora uma forte pressão sobre a Rússia” nem novas sanções contra Moscovo, apesar da sua relutância em prosseguir as negociações. “Acreditamos que, com uma maior pressão sobre a Federação Russa, seremos capazes de aproximar os nossos lados”, rematou Zelensky. “Estamos a colocar muita pressão sobre a Rússia, e a Rússia sabe disso”, disse Trump horas mais tarde a partir da Casa Branca, mas notando que “são precisos dois para dançar o tango e fazer um acordo, [a Ucrânia] está a ser duramente atingida, e acredito que querem fazer um acordo.”Da parte dos aliados europeus da Ucrânia, as condenações ao ataque russo contra Kiev foram claras, como o primeiro-ministro britânico, que disse que este “é um verdadeiro lembrete de que a Rússia é o agressor aqui e isso está a ser sentido pelos ucranianos, como já acontece há três longos anos”.Falando sobre as negociações de quarta-feira em Londres e da semana passada em Paris, Keir Starmer adiantou que “estamos a progredir em direção ao cessar-fogo e que este tem de ser “duradouro”. Paralelamente, ontem a diplomacia britânica anunciou 150 novas sanções comerciais contra a Rússia, e que afetam a tecnologia usada nos setores da defesa, incluindo controlos utilizados para pilotar drones nas linhas da frente na Ucrânia.O presidente francês, por seu turno, afirmou que Putin precisava de “parar de mentir” sobre querer a paz enquanto continuava a atacar a Ucrânia. “A fúria dos Estados Unidos deve ser dirigida apenas a uma pessoa: o presidente Putin”, acrescentou Emmanuel Macron.