Ucrânia ataca ponte da Crimeia com explosivos debaixo de água. Suportes dos pilares "gravemente danificados"
A Ucrânia anunciou esta terça-feira (3 de junho) que "atingiu a ponte da Crimeia pela terceira vez - desta vez debaixo de água". Uma "operação especial única" que durou "vários meses", informou o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU). Não há registo de feridos civis, segundo as autoridades de Kiev.
"Os suportes subaquáticos dos pilares foram gravemente danificados no nível inferior – 1.100 kg de explosivos equivalentes a TNT contribuíram para isso”, explicou o SBU em comunicado divulgado nas redes sociais, onde partilhou imagens das explosões junto aos pilares da estrutura.
"Os agentes do SBU colocaram minas nas fundações desta estrutura ilegal. E hoje, sem qualquer vítima civil, (…) foi ativado o primeiro dispositivo explosivo", detalharam os serviços de segurança ucranianos.
As autoridades russas suspenderam temporariamente, durante cerca de três horas, o tráfego na ponte de Kerch que liga a Rússia à península da Crimeia, que Moscovo anexou em 2014, segundo notícia da Reuters.
Esta é a terceira vez, desde o início da guerra, que as forças de Kiev atacam a ponte da Crimeia, sendo que o primeiro ataque ocorreu em 2022 e o segundo em 2023. "Hoje continuámos esta tradição debaixo de água", informaram os serviços de segurança ucranianos.
No comunicado, é referido que o chefe do SBU, o "tenente-general Vasyl Malyuk, supervisionou pessoalmente a operação e coordenou o seu planeamento".
"Não há lugar para quaisquer objetos ilegais da Federação Russa no território do nosso país. Por conseguinte, a ponte da Crimeia é um alvo absolutamente legítimo, especialmente tendo em conta que o inimigo a utilizou como uma artéria logística para abastecer as suas tropas. A Crimeia é a Ucrânia e quaisquer manifestações de ocupação serão objeto da nossa resposta firme", afirmou Vasyl Malyuk, citado na nota do Serviço de Segurança da Ucrânia.
A nova ofensiva ucraniana contra a ponte da Crimeia acontece após a operação Teia de Aranha que atingiu, no domingo, bases aéreas em território russo, tendo sido destruídas cerca de 40 aeronaves, incluindo bombardeiros de longo alcance como os Tu-95 e Tu-22M. Esta operação, preparada ao longo de 18 meses, já foi considerada a mais ambiciosa pelas forças de Kiev desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
Entretanto, a Rússia responsabilizou a Ucrânia pelas explosões que provocaram o colapso de duas pontes e acidentes ferroviários no fim de semana, de que resultaram sete mortos e mais de uma centena de feridos.
“É óbvio que os terroristas, agindo sob as ordens do regime de Kiev, planearam tudo com a máxima precisão para que as explosões atingissem centenas de civis”, afirmou o Comité de Investigação russo num comunicado.
As explosões ocorreram no sábado à noite nas regiões russas de Kursk e Bryansk, que fazem fronteira com a Ucrânia.
Provocaram o descarrilamento de um comboio de passageiros, de um comboio de mercadorias e de um comboio de controlo, matando sete pessoas e ferindo 113, incluindo crianças, segundo os investigadores.
Segundo a mesma fonte, está em curso uma investigação sobre “atos de terrorismo”.