Três reféns com ligação a Portugal vão ser libertados na primeira fase do acordo sobre Gaza
Israel divulgou a lista de 33 reféns que serão libertados na primeira fase do acordo com o Hamas, anunciado na quarta-feira e que deverá entrar em vigor no domingo, e entre eles estão três pessoas com ligação a Portugal: Or Levy, Ofer Calderon e Tsahi Idan.
Fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou à Lusa que Pelo menos um cidadão com nacionalidade portuguesa e dois com ligações ou eventuais ligações a Portugal, feitos reféns em Gaza desde outubro de 2023, poderão ser libertados este domingo.
"Até este momento, com a informação disponível, temos um cidadão com nacionalidade portuguesa e dois com ligações ou eventuais ligações a Portugal confirmados na lista de reféns", adiantou a mesma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
O executivo ressalva que estas informações estão "sujeitas a eventual retificação".
Quem são os reféns com ligação a Portugal?
Or Levy e a mulher, Eynav Levy, haviam chegado de carro ao festival Supernova, a 7 de outubro de 2023, minutos antes de os militantes do Hamas terem levado a cabo o massacre de civis mais mortífero da história de Israel. Eynav acabou mesmo por morrer, mas Or Levy, que está na casa dos 30 anos, apareceu com vida em imagens captadas no dia do ataque, sinal de que foi feito refém em vida e que podia mesmo ainda estar vivo. O filho do casal, Almog Levy, está ao cuidado dos avós.
Ofer Calderon, na casa dos 50 anos, também foi raptado pelo Hamas a 7 de outubro e levado para a Faixa de Gaza com dois filhos menores. Requereu em setembro de 2021 a nacionalidade portuguesa ao abrigo da lei dos sefarditas e o Governo luso acelerou procedimentos para a emissão da certidão de nascimento do cidadão israelita, na esperança de que pudesse beneficiar de um eventual acordo para a libertação de reféns com dupla nacionalidade, o que nunca aconteceu. Os seus filhos, Sahar e Erez, foram libertados a 27 de novembro de 2023.
Tsahi Idan, também na casa dos 40 anos, estava em casa quando os terroristas a invadiram, a 7 de outubro, e não só o raptaram como mataram a sua filha mais velha, Maayan. O rapto foi mesmo consumado quando Tsahi se apercebeu de que a filha tinha sido baleada e deixou abrir a porta que segurava com veemência. A filha mais nova, Yael, pediu aos terroristas para não levarem e matarem o pai. “Eles viraram-se e disseram: ‘Ele vai voltar, vai voltar’. Prometeram à Yael que ele voltaria”, contou a mulher de Tsahi, Gali, ao Canal 13 de Israel.
O primeiro-ministro israelita anunciou esta sexta-feira ter “chegado a um acordo sobre a libertação dos reféns” detidos na Faixa de Gaza, depois de, na quinta-feira, ter acusado o Hamas de recuar em pontos do compromisso.
“O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi informado pela equipa de negociação que foram alcançados acordos para a libertação dos reféns”, declarou, em comunicado, o gabinete do dirigente.
O gabinete de segurança deverá reunir-se esta sexta-feira para aprovar o acordo, acrescentou.
Na quinta-feira, o gabinete do primeiro-ministro acusou o Hamas de voltar atrás em pontos-chave do acordo para exigir concessões de última hora. O Hamas negou a acusação.
“O primeiro-ministro ordenou que o gabinete político e de segurança se reunisse amanhã [hoje]. O governo reunir-se-á então para aprovar o acordo”, afirmou a equipa de Netanyahu.
O primeiro-ministro acrescentou que as famílias dos reféns já tinham sido informadas e estavam a ser ultimados os preparativos para os receber.
Se for aprovado pelo Governo israelita, o acordo de trégua tem início no domingo e implica a troca de reféns de Israel por prisioneiros palestinianos.
As condições para o fim definitivo dos combates deverão ser definidas numa fase posterior.
O acordo foi anunciado na quarta-feira pelos mediadores, Qatar e Estados Unidos.