Trump e Zelensky juntos na Basílica de São Pedro, Vaticano
Trump e Zelensky juntos na Basílica de São Pedro, VaticanoUKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE

Encontro com "potencial para se tornar histórico". Trump e Zelensky reuniram-se antes do funeral do papa

Presidentes norte-americano e ucraniano tiveram "uma discussão muito produtiva", avançou a Casa Branca.
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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente dos EUA, Donald Trump, tiveram uma reunião antes do funeral do papa Francisco, este sábado, no Vaticano.

A informação foi avançada pelo porta-voz do presidente ucraniano, Sergii Nykyforov, depois de Zelensky ter dito que estava disposto a reunir-se com Trump em Itália. Mais tarde, Washington confirmou este encontro. "O presidente Trump e o presidente Zelensky reuniram-se hoje em privado e tiveram uma discussão muito produtiva. Mais detalhes sobre a reunião serão divulgados em breve", disse Steven Cheung, diretor de comunicação da Casa Branca.

Trump e Zelensky encontraram-se no interior da Basílica de São Pedro e iriam tenta ter um outro encontro ainda este sábado, depois das cerimónias fúnebres do papa Francisco. No entanto, o presidente norte-americano embarcou de regresso aos Estados Unidos sem que esse segundo encontro tivesse acontecido.

Mais tarde, no entanto, Trump ameaçou o Presidente russo, Vladimir Putin, com novas sanções, porque "muitas pessoas estão a morrer" na Ucrânia e a situação fá-lo pensar que “talvez” a Rússia "não queira parar a guerra".

"Não havia razão para Putin disparar mísseis contra áreas civis, cidades e aldeias nos últimos dias. Isto faz-me pensar que talvez ele não queira parar a guerra e esteja apenas a brincar comigo, e depois precisamos de fazer outra coisa", afirmou o Presidente norte-americano, numa publicação na sua conta na rede social Truth.

Trump e Zelensky juntos na Basílica de São Pedro, Vaticano
Trump ameaça Putin com sanções por considerar que "talvez não queira parar a guerra" na Ucrânia

Zelensky classificou o encontro como "muito simbólico" e com "potencial para se tornar histórico". Nas redes sociais, o presidente ucraniano disse esperar resultados daquilo que foi abordado, nomeadamente "cessar-fogo total e incondicional, paz fiável e duradoura que evitará que outra guerra aconteça".

O presidente francês e o primeiro-ministro britânico são vistos em algumas das imagens difundidas deste encontro.

Macron destaca vontade de paz de Zelensky

"Confirmo que houve uma conversa entre o Presidente [Emmanuel Macron], Donald Trump, Volodymyr Zelensky e Keir Starmer, e que esta foi positiva", indicou um assessor do Palácio do Eliseu (presidência francesa).

"Conversa muito positiva hoje com o Presidente Zelensky em Roma", assinalou Macron numa mensagem na rede social X.

E acrescentou, “a Ucrânia está pronta para [aceitar] um cessar-fogo incondicional. O Presidente Zelensky reiterou hoje”.

“Ao Presidente Putin cabe-lhe demonstrar que quer realmente a paz”, afirmou o líder francês, que participou numa breve conversação com o Presidente norte-americano, Donald Trump, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e Zelensky.

Macron destacou ainda que Zelensky “quer trabalhar com os norte-americanos e os europeus” para pôr em marcha um cessar-fogo ao conflito no seu país.

Já Zelensky e Starmer “discutiram o progresso feito nos últimos dias para garantir uma paz justa e duradoura na Ucrânia”, de acordo com o governo britânico. E ambos “acordaram em manter o impulso e continuar a trabalhar ativamente com os seus parceiros internacionais”, para esse fim.

Trump e Zelensky não se encontravam pessoalmente desde a tensa reunião na Casa Branca, em Fevereiro, em que Donald Trump acusou o seu homólogo ucraniano de não ter agradecido a ajuda norte-americana.

Marcelo fala em encontro inspirador

Para o Presidente da República português o encontro deste sábado “é inspirador para a paz”. “Eu acho que é inspirador para a paz, e é um desperdício se não for aproveitado para isso”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa à Lusa e à RTP em Roma, depois de marcar presença no funeral do papa Francisco, no Vaticano.

O Presidente português afirmou que “o que se espera de uma paz falada na Basílica de São Pedro é que seja uma paz possível, uma paz rápida, mas uma paz digna e justa, que é isso que é fundamental”. 

Na noite de sexta-feira, Donald Trump garantiu que a Rússia e a Ucrânia estavam "muito perto de um acordo". Os estados russo e ucraniano "estão muito perto de um acordo e os dois lados devem agora reunir-se, ao mais alto nível, para o 'finalizar'", escreveu na sua plataforma Truth Social pouco depois de chegar a Roma para o funeral do Papa.

Donald Trump à chegada para o funeral do papa
Donald Trump à chegada para o funeral do papaFABIO FRUSTACI/EPA

Antes, no Kremlin, tinha ocorrido um encontro de cerca de três horas entre Putin e o enviado norte-americano Steve Witkoff, o qual, segundo disse, "ajudou a aproximar ainda mais as posições da Rússia e dos Estados Unidos não só sobre a Ucrânia, mas também sobre várias outras questões internacionais". "Foi discutida em privado a possibilidade de retomar as negociações diretas entre os representantes da Rússia e da Ucrânia", acrescentou.

Trump e Zelensky juntos na Basílica de São Pedro, Vaticano
Putin diz a enviado dos EUA que está pronto para negociar sem condições prévias

Na sexta-feira, a revista Time divulgou uma entrevista a Donald Trump, feita na terça-feira anterior, em que o presidente norte-americano disse que "a Rússia ficará com a Crimeia".

Zelensky já garantira antes que a Ucrânia não reconheceria o controlo russo desta península. No entanto, o presidente da Câmara de Kiev admitiu, numa entrevista à BBC divulgada na sexta-feira, que a Ucrânia poderá ter de ceder território para chegar a um acordo de paz com a Rússia.

Trump e Zelensky juntos na Basílica de São Pedro, Vaticano
Cardeais prestam homenagem a Francisco em Santa Maria Maior. Mais de 30 mil pessoas já passaram pela basílica
Trump e Zelensky juntos na Basílica de São Pedro, Vaticano
Trump diz que "a Crimeia ficará com a Rússia"

No terreno, o exercito russo garante ter recuperado o controlo total de região de Kursk. Uma informação que Kiev desmente.

“Hoje, a última localidade no território da região de Kursk, a aldeia de Gornal, foi libertada das unidades ucranianas”, declarou Chefe do Estado-Maior do Exército russo, Valery Gerasimov, durante um encontro com Putin por videoconferência transmitida pela televisão estatal russa.

“A aventura do regime de Kiev falhou completamente”, felicitou-o Vladimir Putin em resposta.

As forças russas tinham entrado nesta zona fronteiriça em agosto de 2024, ocupando ainda algumas bolsas de território.

Na mesma conversa com o Presidente russo, o chefe do Estado-Maior do Exército russo aproveitou para elogiar a “coragem” e o “heroísmo” dos combatentes norte-coreanos na recaptura total da região russa de Kursk às forças ucranianas.

“Os soldados e oficiais do exército norte-coreano, que lutaram ao lado dos militares russos, demonstraram grande profissionalismo, resistência, coragem e heroísmo ao repelir a invasão ucraniana”, disse Gerasimov a Vladimir Putin.

O exército ucraniano qualificou estas afirmações como “falsas”. “As declarações dos líderes inimigos sobre a ‘derrota’ das forças ucranianas não passam de manobras de propaganda”, denunciou o Estado-Maior ucraniano, em comunicado.

“Não existe qualquer ameaça de cerco às nossas unidades”, acrescentou, embora admita que a situação é difícil.

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