Tailândia fecha completamente a fronteira terrestre com o Camboja após confrontos
EPA/NARONG SANGNAK

Tailândia fecha completamente a fronteira terrestre com o Camboja após confrontos

Encerramento total acontece após confrontos entre ambos os exércitos numa zona fronteiriça disputada, indicam os dois lados, que se acusam mutuamente de iniciar o conflito após semanas de tensão.
Publicado a
Atualizado a

As autoridades tailandesas anunciaram esta quinta-feira, 24 de julho, o encerramento total de todas as passagens fronteiriças terrestres com o Camboja, após confrontos entre os dois exércitos em várias áreas que separam estes países vizinhos e que fizeram nove mortos e 14 feridos do lado da Tailândia.

O nível de segurança nas passagens fronteiriças foi elevado para o 4 — o máximo —, o que constitui um encerramento completo, disse, em conferência de imprensa o porta-voz do centro tailandês que monitoriza a situação na fronteira com o Camboja, o almirante Surasant Kongsiri.

"Dada a situação atual, é necessário que a Tailândia feche as barreiras nas passagens fronteiriças para proteger a nossa soberania, integridade territorial e a segurança das pessoas nas zonas fronteiriças", disse, na mesma ocasião, o porta-voz dos Negócios Estrangeiros do centro, Maratee Nalita.

Desde o final de junho, a Tailândia implementou restrições de acesso em todos os postos fronteiriços ao longo dos mais de 800 quilómetros de fronteira que partilha com o Camboja, permitindo a entrada apenas por motivos humanitários, de saúde ou educação.

O encerramento total acontece após os confrontos desta quinta-feira entre os exércitos tailandês e cambojano numa zona fronteiriça disputada, segundo indicaram os dois lados, que se acusam mutuamente de iniciar o conflito após semanas de tensão.

Os combates alastraram a seis áreas ao longo da fronteira e mataram nove pessoas, incluindo uma criança de oito anos, e feriram 14, informou o exército tailandês.

Seis pessoas foram mortas num ataques perto de um posto de abastecimento de combustível na província de Sisaket (nordeste), duas na província de Surin (nordeste) e uma na província de Ubon Ratchathani (nordeste)

A Tailândia afirmou ter lançado ataques aéreos contra dois alvos militares no Camboja, enquanto os soldados cambojanos dispararam vários foguetes contra território tailandês.

Entretanto, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, solicitou esta quinta-feira uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

"Considerando as recentes agressões extremamente graves da Tailândia, que ameaçaram gravemente a paz e a estabilidade na região, peço sinceramente que convoque uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para pôr fim à agressão da Tailândia", escreveu Hun Manet numa carta dirigida ao presidente do Conselho de Segurança, Asim Iftikhar Ahmad.

O conflito de longa data entre os dois países reacendeu-se a 28 de maio, após um confronto entre os dois exércitos em torno de uma zona fronteiriça não demarcada reivindicada pelas duas nações, que resultou na morte de um soldado cambojano.

A Embaixada da Tailândia no Camboja solicitou esta quinta-feira aos cidadãos tailandeses que abandonem o país vizinho, após os confrontos e dada a possibilidade de os ataques "continuarem e espalharem-se".

A tensão territorial tem sido geralmente abordada diplomaticamente, embora entre 2008 e 2011, cerca de 30 pessoas tenham morrido em confrontos militares entre os dois países num território adjacente ao templo hindu de Preah Vihear.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt