O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil deu na terça-feira à noite 48 horas para que o ex-presidente Jair Bolsonaro explique incumprimentos de medidas cautelares impostas, como um "documento destinado a possibilitar sua evasão do território nacional".O juiz Alexandre de Moraes "determinou que a defesa do ex-presidente preste esclarecimentos, no prazo de 48 horas", sobre o incumprimento de "medidas cautelares, a reiteração de condutas ilícitas e a existência de risco de fuga", indicou em comunicado o STF."Os elementos de prova obtidos pela Polícia Federal indicam Jair Messias Bolsonaro tinha posse de documento destinado a possibilitar sua evasão do território nacional, após a imposição de medidas cautelares", lê-se no despacho do juiz, relator do processo no qual Jair Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado.Esta decisão surge horas depois da Polícia Federal ter anunciado que encontrou num dos telemóveis confiscados do ex-chefe de Estado um "documento de 33 páginas" no qual ele solicita asilo político ao governo argentino de Javier Milei.O texto, sem data nem assinatura, mas dirigido ao presidente argentino, estava no telemóvel de Bolsonaro desde 2024, quando foi alvo das primeiras investigações no caso de golpe de Estado. .Julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe marcado para 2 de setembro. Segundo as autoridades, os elementos encontrados indicam que Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliaria, "tinha em seu poder um documento que possibilitaria sua fuga do Brasil para a República Argentina, especialmente após o início da investigação".No documento, o ex-presidente alega que no Brasil é perseguido por motivos e por crimes essencialmente políticos. .Bolsonaro nega plano de fuga do Brasil após ser obrigado a colocar pulseira eletrónica por decisão do STF. Estes factos estão reunidos nas conclusões da investigação contra Bolsonaro e contra o e seu filho Eduardo Bolsonaro, por coação ao STF, com colaboração do governo dos Estados Unidos, no âmbito do julgamento de tentativa de golpe de Estado.Os dois foram indiciados, na quarta-feira, 20 de agosto, pela Polícia Federal "pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais", acrescentam as autoridades.Segundo as autoridades brasileiras, Bolsonaro e seu filho Eduardo, que está nos Estados Unidos há cerca de seis meses, procuraram "induzir, instigar e ajudar" o Governo de Donald Trump "a praticar atos hostis contra o Brasil" com o objetivo de arquivar o processo de golpe de Estado.Bolsonaro enfrenta um julgamento criminal sob a acusação de liderar uma conspiração de golpe para se manter no poder e impedir a posse do seu sucessor, Lula da Silva, após perder as eleições de 2022.Esse julgamento, no qual enfrenta uma possível pena de mais de 40 anos de prisão e que terá início no próximo dia 2 de setembro, foi o principal motivo que levou o presidente dos EUA, Donald Trump, a impor uma tarifa adicional de 50% às importações brasileiras, bem como sanções a vários juízes do STF..Advogados de Bolsonaro solicitam absolvição no processo por tentativa de golpe de Estado.EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos