Stoltenberg alerta Estados Unidos e Europa para perigos do “isolacionismo”
O ainda secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, alertou esta quinta-feira, no seu discurso de despedida, os Estados Unidos e a Europa contra o “isolacionismo”, numa altura em que falta cerca de mês e meio para as Eleições Presidenciais norte-americanas e tendo em conta que Donald Trump é um dos candidatos.
“Ouvimos vozes de ambos os lados do Atlântico apelando à separação da América e da Europa”, referiu o norueguês num evento dedicado à sua década no cargo máximo da Aliança. “Concentrarmo-nos em interesses nacionais míopes em detrimento da cooperação a longo prazo não nos servirá bem. O isolacionismo não manterá ninguém seguro”, prosseguiu.
Stoltenberg vai entregar a liderança da NATO ao ex-primeiro-ministro neerlandês Mark Rutte a 1 de outubro, após dez anos de mandato muito agitados.
Neste período, ajudou a supervisionar um grande aumento nas despesas de Defesa dos membros europeus, estimulado pela pressão de Washington e, mais importante, pela guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Na última contagem, 23 dos 32 países da NATO estavam determinados a atingir este ano a meta da Aliança de gastar 2% do seu PIB em Defesa, estabelecida em 2014. “A boa notícia é que cumprimos o compromisso que assumimos há 10 anos”, referiu Stoltenberg, para logo acrescentar que “a má notícia é que isso já não é suficiente para nos manter seguros”.
Os laços da NATO com a Rússia foram cortados na sequência da invasão da Ucrânia, mas esta quinta-feira Stoltenberg argumentou que em algum momento a Aliança precisa de regressar ao diálogo com Moscovo sobre questões como o controlo de armas. “Temos de falar com os nossos vizinhos. Por mais difícil que seja. Mas o diálogo só funciona quando é apoiado por defesas fortes”, disse ele.
O norueguês advertiu ainda que fazer negócios com rivais, como Rússia e China, nunca deveria acontecer à custa da segurança, e que os aliados da NATO deveriam evitar qualquer dependência de Pequim para produtos essenciais. “A liberdade é mais valiosa do que o livre comércio”, disse, advertindo, porém, os países da Aliança de que “o protecionismo contra os aliados não protege a nossa segurança”.
com agências