Trump em Lititz, na Pensilvânia, estado em que tem estado a crescer nas sondagens.
Trump em Lititz, na Pensilvânia, estado em que tem estado a crescer nas sondagens.EPA/JIM LO SCALZO

Sondagem no Iowa baralha (ainda mais) as contas

Estudos de opinião nos sete estados decisivos, embora com tendências próprias, confirmam que a eleição vai ser decidida por pequenas margens. Depois de Michelle Obama, Kamala Harris recorre a Oprah Winfrey e Lady Gaga.
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Só tem como universo 808 prováveis eleitores de Iowa, mas a sondagem realizada para o Des Moines Register é tida como séria, exceto para a equipa de Donald Trump, e é a maior surpresa da reta final da campanha: Kamala Harris tem três pontos percentuais de vantagem naquele estado, quando em junho o republicano levava 18 pontos à frente do então candidato Joe Biden.

Em setembro, Trump tinha quatro pontos de vantagem sobre Harris na mesma sondagem, e já então as mulheres sem partido preferido escolhiam a democrata. A tendência aumentou de forma significativa e agora há 57% do lado de Harris e 29% com Trump. A sondagem, realizada pela Selzer & Co., tem uma margem de erro de 3,4%. No Iowa, Donald Trump venceu em ambas as eleições em que participou. Em 2016, com uma margem de 9,4 pontos sobre Hillary Clinton, e em 2020, com oito pontos sobre Biden. Os eleitores deste estado iminentemente agrícola não são indiferentes aos candidatos e votam sempre republicano. Barack Obama, por exemplo, venceu em 2008 e 2012 e em 2004 o republicano George W. Bush teve apenas mais 0,67% de votos do que Al Gore.

Trump, que nos últimos dias se multiplica em comícios, inclusive um fora dos chamados sete estados decisivos (Virgínia, onde a democrata é favorita), reagiu à notícia desvalorizando-a: “Todas as sondagens, com exceção de uma que está fortemente inclinada para os democratas, realizada por alguém que odeia Trump e que se enganou completamente da última vez, têm-me a mim a ganhar por muito”, escreveu na sua rede social Truth Social. “Nenhum presidente fez mais pelos agricultores e pelo grande estado do Iowa do que Donald J. Trump. De facto, nem sequer estão perto!”, afirmou.

O campo democrata mostrou-se prudente, até porque a média das sondagens, como disse Trump, atribuem o favoritismo ao republicano num estado que vale seis votos entre os 538 do colégio eleitoral.

Nos estados em que os analistas, politólogos e candidatos têm as atenções concentradas, segundo as sondagens levadas a cabo pela empresa Siena para o The New York Times, o cenário é cada vez mais um emaranhado: Harris lidera no Nevada, Geórgia, Carolina do Norte e Wisconsin, há um empate na Pensilvânia e Trump está à frente no Michigan e no Arizona. Neste último estado com a maior margem de diferença, quatro pontos.

No entanto, como lembra Galen Druke, um dos autores do podcast e site 538, dedicado à análise de sondagens, a média da margem de erro nos últimos 25 anos das eleições presidenciais é de quatro pontos entre sondagens e resultado final. “Temos de esperar o erro”, adverte.

Numa altura em que mais de 75 milhões de pessoas já votaram, cerca de 40% dos inquiridos pela sondagem do The New York Times/Siena dizem já o ter feito nos sete estados que podem dar a vitória a qualquer um dos candidatos. Entre esta fatia de eleitorado, Harris vence com oito pontos de vantagem, enquanto Trump tem vantagem entre os inquiridos que dizem ser muito provável irem votar. Noutro ponto a favor da vice-presidente, entre os 8% de pessoas que só decidiram recentemente em quem votar, 55% escolheram-na. Em sentido inverso, Trump anulou a vantagem de quatro pontos de Harris na Pensilvânia e estão agora empatados.

Desfile de celebridades na reta final

Jennifer Lopez foi declarar o seu apoio a Kamala Harris num comício em Las Vegas, Nevada. EPA/BIZUAYEHU TESFAYE

Se as eleições se vencessem pelo apoio declarado de estrelas de cinema, cantores e outras celebridades, a vitória, retumbante, seria de Kamala Harris, que deverá levar para as últimas ações de campanha Oprah Winfrey, Lady Gaga e Katy Perry, depois de nas últimas horas ter recorrido a Michelle Obama.

O ator Harrison Ford , de 82 anos, foi a mais recente a advertir os compatriotas. “Voto há 64 anos. Na verdade, nunca quis falar muito sobre isso, mas quando dezenas de antigos membros da administração Trump estão a soar alarmes, ao dizerem ‘Por amor de Deus, não façam isso outra vez’, temos de tomar atenção”, disse num vídeo em que declarou o apoio à candidata democrata. “Tenho um voto, como todas as pessoas, e vou usá-lo para seguirmos em frente”, concluiu a estrela de Indiana Jones. No sábado, no palco de Charlotte, Carolina do Norte, intervieram os músicos Jon Bon Jovi e Khalid e a atriz Kerry Washington.

A lista de figuras de Hollywood em seu apoio declarado ronda as quatro dezenas, de Jennifer Lawrence a Arnold Schwarzenegger, por exemplo. Na indústria musical, Harris recebeu o aval de umas três dezenas de artistas. Taylor Swift, Jennifer Lopez ou Beyoncé são algumas das cantoras mais populares, ao lado das mais novas Olivia Rodrigo ou Billie Eilish, ou dos veteranos Neil Young, Willie Nelson ou Cher. O porto-riquenho Don Omar, o autointitulado “rei do reggaeton”, juntou-se à onda de reprovação das declarações de um humorista num comício de Trump, nas quais a sua terra foi classificada de “ilha flutuante de lixo”.

Outro porto-riquenho, Nicky Jam, que há um mês declarou votar Trump num comício em que foi apresentado pelo candidato como uma “brasa” (possivelmente confundiu-o com Nicky Minaj), retirou o apoio. Trump mantém uma pequena base de fiéis (Kid Rock, Azealia Banks, Amber Rose), tal como entre os atores se contam pelos dedos das mãos, com Mel Gibson e James Woods à cabeça. É noutro campo do entretenimento que recebe apoio de celebridades como Hulk Hogan (wrestling) ou Dr. Phil (TV).

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