A presidente dos Socialistas & Democratas (S&D) no Parlamento Europeu acusou hoje a presidente da Comissão Europeia de estar "a ajoelhar-se perante a extrema-direita" quanto à política de imigrações.."Ursula von der Leyen tem de abandonar a deportação para países terceiros e deixar de ajoelhar-se perante a extrema-direita", disse Iratxe García, europarlamentar espanhola, durante um debate sobre a política de regresso de imigrantes que não têm permissão para permanecer no território da União Europeia (UE)..A presidente do S&D recordou que a justiça italiana rejeitou a política de "devoluções" para a Albânia do Governo de Giorgia Meloni e criticou a presidente da Comissão Europeia por continuar a suportar essa legislação.."A família socialista rejeita a carta de vergonha que foi preparada na semana passada pela presidente da Comissão Europeia. A única carta que nos preocupa é a dos direitos fundamentais da UE", acrescentou Iratxe García, depois de uma intervenção da comissária para a Igualdade, Helena Dalli..O direito ao asilo "proíbe expulsões coletivas" e "deportações discriminatórias" e a política que o Governo italiano adotou (...) "representa a maior abdicação dos valores do projeto europeu"..A presidente do S&D também criticou a direita por "rejeitar um diagnóstico baseado em dados" sobre a imigração..A comissária Helena Dalli, por sua vez, abriu o debate dizendo que os esforços da Comissão Europeia "conseguiram resultados" e que houve uma redução no número de imigrações..Helena Dalli recordou que os "colegisladores não chegaram a um acordo há seis anos" sobre a reformulação da legislação e que "desta vez a União Europeia tem de acertar" posições.."É essencial completar o puzzle com a peça que falta, que é uma política de regressos eficaz", disse..Já a eurodeputada da Esquerda Estrella Galán Pérez acusou Ursula von der Leyen de "ultrapassar uma linha vermelha", considerando que "abriu vários Guantânamo em países terceiros".."Isso é ilegal, imoral e desumano" e o acordo entre Itália e a Albânia "viola o direito ao asilo", criticou a europarlamentar: "Já imaginaram se tivéssemos feito isto com os ucranianos que estavam a fugir da guerra?".Mas entre socialistas e a esquerda não há convergência total, pelo menos entre os europarlamentares portugueses..A socialista Ana Catarina Mendes interveio para dizer que os centros de imigração em países terceiros "vão contra os valores do projeto europeu".."É desumano, externalizar as nossas fronteiras é uma afronta aos direitos humanos. Os tribunais italianos e o Tribunal de Justiça da União Europeia comprovaram o que acabei de dizer", acrescentou a antiga ministra..O eurodeputado comunista João Oliveira questionou Ana Catarina Mendes sobre a sua intervenção, recordando que o PS aprovou, no final da legislatura passada, o pacto de migrações e asilo que hoje está a criticar..A eurodeputada reconheceu que o PS esteve ao lado da aprovação deste pacote legislativo para encontrar um compromisso e fazer avançar legislação que há muito estava por concretizar..Já o eurodeputado Tomas Tobé, pelo Partido Popular Europeu, apoiou a "posição clara e coerente" da presidente do executivo comunitário.."Há fronteiras comuns, por isso, é necessária uma resposta comum" sustentou, pedindo a Ursula von der Leyen uma proposta "nos primeiros 100 dias da próxima Comissão Europeia"..O europarlamentar exortou Ursula von der Leyen a "explorar soluções como centros de regresso fora da Europa", para "acabar com a instrumentalização" da imigrações por parte da Rússia e da Bielorrússia, e de traficantes de pessoas..Itália abriu um precedente na política de imigrações com um acordo para deportar para a Albânia pessoas sem permissão para entrar no país. Mas um acórdão da secção de imigração do Tribunal de Roma decretou que não estava de acordo com a legislação italiana e obrigou ao regresso de 12 imigrantes.