Mais uma noite, mais um ataque maciço de drones e mísseis russos em 13 regiões da Ucrânia. Terão sido lançados cerca de 650 drones tipo Shahed e 35 mísseis, estes últimos já de madrugada, tendo atingido quer áreas residenciais, quer infraestruturas industriais, portuárias e energéticas, no que foi o nono grande ataque russo desde o início do ano. Além de pelo menos três mortos - um dos quais uma criança -, os bombardeamentos causaram novas interrupções no serviço elétrico em grandes porções do território, criando sucessivas dificuldades para o desenrolar da atividade económica e sobretudo atacando o moral da população, que tem de enfrentar temperaturas baixas em casa. “Este ataque russo envia um sinal muito claro sobre as prioridades da Rússia. Um ataque antes do Natal, quando as pessoas querem estar com as suas famílias, em casa, em segurança. Um ataque no meio de negociações para acabar com esta guerra. Putin não consegue aceitar o facto de que deve parar de matar. E isto significa que o mundo não está a exercer pressão suficiente sobre a Rússia. Agora é o momento de responder”, exortou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.As regiões mais afetadas situam-se no oeste do país. Rivne, Ternopil e Khmelnytskyi ficaram praticamente às escuras, disse o ministro da Energia da Ucrânia, Artem Nekrassov. Já em Odessa, que tem sido repetidamente alvo de ataques, ainda mantém zonas sem eletricidade. As regiões de Vinítsia, Chernihiv, Jitomir, Donetsk, Dnipropetrovsk e Kharkiv também registaram apagões na sequência dos ataques russos.No entanto, maiores estragos foram evitados. Segundo o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yurii Ihnat, foram abatidos 34 dos 35 mísseis, a maioria dos quais pelos aviões F-16, ao que destacou a rapidez e eficácia da defesa aérea e a trabalho dos “corajosos pilotos”. Na sequência dos ataques, aviões de caça polacos e aliados foram mobilizadoas para proteger o espaço aéreo da Polónia. “Estas medidas são de natureza preventiva e visam assegurar e proteger o espaço aéreo”, afirmou o comando operacional de Varsóvia num comunicado.No terreno, a Rússia alcançou mais avanços na captura de território. Na região de Donetsk, as forças ucranianas disseram ter abandonado a localidade de Siversk, que tinha 10 mil habitantes antes da guerra. O Estado-Maior ucraniano explicou que o inimigo avançou devido a uma vantagem significativa em tropas e à pressão constante de pequenos grupos de assalto. “A cidade permanece sob o controlo de fogo das nossas tropas. Os ocupantes na cidade estão a ser derrotados, a sua logística está a ser cortada. As unidades inimigas estão a ser bloqueadas para impedir avanços adicionais”, afirmou o Estado-Maior. Além do Donbass, a invasão russa tomou Hrabovske, uma localidade em Sumy, junto da fronteira com a região russa de Belgorod. Segundo as autoridades ucranianas, as tropas de Moscovo raptaram cerca de 50 habitantes, crianças incluídas.Perdas humanasA Rússia continua a sofrer elevadas perdas humanas na guerra na Ucrânia, com provavelmente mais de 400 mil soldados mortos ou feridos em 2025, tal como em 2024, segundo uma nota publicada pelos serviços de informações do Ministério da Defesa britânico. Segundo Londres, os russos oriundos das grandes cidades pouco contribuem para os efetivos envolvidos e para as perdas, em comparação com o resto da população. Em novembro, o meio de comunicação independente russo Proekt revelou que menos de 1% dos responsáveis do Estado russo têm familiares que participaram na invasão da Ucrânia. Moscovo concentra os seus esforços de recrutamento em regiões pobres, habitadas por minorias étnicas, reduzindo o impacto do conflito nas populações urbanas com maior influência política e social, relevam os serviços de informações britânicos.As consequências da guerra na economia é que o Kremlin não consegue controlar. A ex-conselheira do Banco Central da Rússia Alexandra Prokopenko disse que a economia está “congelada” e “insustentável”. Disse ao jornal online russo The Bell: “A analogia mais próxima seria um carro em ponto morto com o motor a sobreaquecer. O carro não avança nem recua, mas quanto mais tempo fica parado, mais danos se acumulam debaixo do capô.”