Trump já se gabou de ser o responsável pela anulação do Roe v. Wade. Melania é defensora deste direito.
Trump já se gabou de ser o responsável pela anulação do Roe v. Wade. Melania é defensora deste direito.Pete Marovich/The New York Times

“Sem espaço para compromisso”. Melania Trump apoia direito ao aborto

Mulher de Donald Trump assume num livro que será publicado na terça-feira e num vídeo divulgado ontem que é uma ferverosa defensora do direito das mulheres a controlarem o seu corpo, o que contraria declarações feitas pelo marido durante a campanha.
Publicado a
Atualizado a

“A liberdade individual é um princípio fundamental que protejo. Sem dúvida, não há espaço para compromisso quando se trata deste direito essencial que todas as mulheres possuem desde o nascimento. Liberdade individual. O que realmente significa ‘Meu corpo, minha escolha’?”. Foi com esta mensagem em vídeo, publicada nas suas redes sociais na quinta-feira à tarde, que Melania Trump assumiu publicamente o que o The Guardian tinha avançado horas antes com a publicação de excertos do seu livro de memórias: a mulher de Donald Trump é uma fervorosa defensora do direito ao aborto, posição que choca com o defendido pelo marido e pelo Partido Republicano.

Nas suas memórias, intituladas Melania, e que serão publicadas nos Estados Unidos na terça-feira (a Europa terá de esperar até final do mês), a mulher de Donald Trump é uma grande defensora do direito das mulheres a controlarem o seu corpo, incluindo interromper voluntariamente uma gravidez. “É imperativo garantir que as mulheres tenham autonomia na decisão da sua preferência de ter filhos, com base nas suas próprias convicções, livres de qualquer intervenção ou pressão do governo”, escreveu Melania Trump no livro, de acordo com excertos publicados pelo The Guardian.

E antiga primeira-dama dos Estados Unidos, que também defende o direito ao aborto tardio, prossegue a sua defesa: “Por que alguém, além da própria mulher, deveria ter o poder de determinar o que ela faz com seu próprio corpo? O direito fundamental da mulher à liberdade individual, à sua própria vida, concede-lhe a autoridade para interromper a gravidez, se assim o desejar. Restringir o direito de uma mulher de escolher interromper uma gravidez indesejada é o mesmo que negar-lhe o controlo sobre seu próprio corpo. Carreguei essa crença comigo durante toda a minha vida adulta”. Melania Trump refere também que existem outras “razões legítimas para uma mulher escolher fazer um aborto”, como violação ou incesto, perigo para a vida da mãe ou defeitos congénitos e outras condições médicas graves do feto.

Estas revelações são uma das raras vezes em que Melania Trump torna públicas as suas convicções políticas, e que, neste caso, colidem com o defendido pelo marido. Nesta campanha, Donald Trump tem feito questão de lembrar que foi graças aos três juízes que nomeou para o Supremo que foi possível reverter, há dois anos, o direito federal ao aborto, mais conhecido por Roe v. Wade. Mais recentemente, coincidindo com a entrada de Kamala Harris na corrida presidencial, o republicano tem moderado o discurso, dizendo que, se regressar à Casa Branca, não assinará uma proibição nacional deste direito, e prometendo que será um defensor dos direitos reprodutivos das mulheres. 

Para a campanha de Kamala Harris, “infelizmente para as mulheres em toda a América, o marido da senhora Trump discorda firmemente dela e é a razão pela qual mais de uma em cada três mulheres americanas vivem sob a proibição do aborto, que ameaça a sua saúde, a sua liberdade e as suas vidas”. 

Em declarações ao The Guardian, Liz Mair, uma estratega republicana, declarou que estas posições de Melania podem parecer mais um insulto aos eleitores antiaborto que se sentem abandonados com as mudanças de discurso de Trump sobre o assunto.

ana.meireles@dn.pt

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt