Segurança reforçada em Washington. Biden pede que ataque ao Capitólio não seja esquecido
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Segurança reforçada em Washington. Biden pede que ataque ao Capitólio não seja esquecido

Faz esta segunda-feira quatro anos que o Capitólio foi alvo de um ataque por uma multidão composta por apoiantes de Donald Trump.
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A segurança em torno do Capitólio norte-americano está reforçada para a contagem e certificação das presidenciais de 2024, que se realiza esta segunda-feira, evidenciando as marcas deixadas pelo ataque à democracia perpetrado há quatro anos por apoiantes de Donald Trump.

Num artigo de opinião publicado no The Washington Post, Joe Biden, presidente dos EUA, pediu ao povo norte-americano para que não se esqueça do ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio.

Referindo que "qualquer nação que se esquece do seu passado está condenada a repeti-lo”, Biden apelou à memória coletiva.

“Não podemos aceitar uma repetição do que ocorreu há quatro anos", sublinhou o presidente norte-americano, referindo que, desta vez, o processo de certificação das eleições irá decorrer de forma pacífica.

Biden escreveu que “está a ser feito um esforço incansável para reescrever - ou mesmo apagar a história desse dia. Para nos dizer que não vimos o que todos nós vimos com os nossos próprios olhos”.

“Não podemos permitir que a verdade se perca”, destacou Biden.

Além do aumento do número de patrulhas, de agentes policiais no terreno e da coordenação entre agências de segurança, foi ainda montado um grande perímetro de segurança em torno da sede do Congresso dos Estados Unidos, com altas barreiras de metal erguidas ao longo de vários quilómetros.

Há quatro anos, o mesmo perímetro que agora está sob intensa proteção policial era palco da fúria de uma multidão violenta composta por apoiantes do ex e presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que tentava travar a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden.

Agora, com a vitória de Trump garantida e com os democratas a assegurarem que não apresentarão objeções a esse triunfo, não são esperados protestos violentos. Contudo, as autoridades preferem "não correr riscos".

"Os olhos do mundo estarão no Capitólio dos EUA em 6 de janeiro. Autoridades eleitas em todo o país enfrentaram um ambiente de ameaça elevada nos últimos anos. Então não podemos correr riscos quando se trata de proteger os membros do Congresso", disse o chefe da Polícia do Capitólio, J. Thomas Manger, numa conferência de imprensa na sexta-feira.

"Durante os últimos quatro anos, os nossos homens e mulheres têm trabalhado dia e noite para construir um Departamento mais forte, contratando centenas de agentes adicionais e equipas de apoio, assim como melhorando o nosso planeamento operacional, inteligência, equipamento e treinamento", acrescentou.

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À Lusa, Daniel, um motorista de Uber residente na capital norte-americana, garantiu que os momentos de tensão e violência que Washington vivenciou há quatro anos ainda permanecem bem presentes.

"Muita gente saiu da cidade nos últimos dias, temendo uma repetição das cenas de 2021. Temos polícias por toda a parte, a segurança está apertada. Apesar de eu achar que não teremos protestos como os de há quatro anos, não nos esquecemos do que aconteceu", disse. 

Para reforçar a segurança na capital, as estradas ao redor do Capitólio estão fechadas desde sexta-feira.

Pela primeira vez, o Departamento de Segurança Interna norte-americano designou a certificação dos votos do Colégio Eleitoral como um "Evento Nacional de Segurança Especial" --- um estatuto que obriga a medidas de segurança ao nível de eventos como a final do campeonato de futebol americano - o Super Bowl - ou o Estado da União.

Nesse sentido, a segurança na capital norte-americana estará reforçada até ao dia da tomada de posse do novo Presidente, em 20 de janeiro.

Durante a tomada de posse, milhares de polícias de todo o país deslocar-se-ão a Washington para auxiliar os agentes locais, com as autoridades a prepararem-se para eventuais "multidões históricas".

O aniversário de quatro anos do ataque ao Capitólio faz também ecoar a promessa de campanha de Trump de conceder clemência aos seus apoiantes acusados no envolvimento nos tumultos: mais de 1.500 pessoas, das quais cerca de mil já foram condenadas - 650 delas a pena de prisão.

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