A primeira cimeira da paz realizou-se em junho na Suíça, tendo a Rússia ficado de fora do encontro.
A primeira cimeira da paz realizou-se em junho na Suíça, tendo a Rússia ficado de fora do encontro.URS FLUEELER / POOL / AFP

Rússia cautelosa com convite para discutir paz

Putin quer perceber primeiro quais são as intenções de Zelensky ao dizer que Moscovo deveria estar na próxima cimeira.
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O Kremlin respondeu de forma cautelosa ao aparente convite do presidente ucraniano para uma futura cimeira de paz, dizendo que a Rússia primeiro precisa de compreender o objetivo de Kiev antes de participar nas conversações. Volodymyr Zelensky afirmou na segunda-feira que a Rússia “deveria” estar representada na segunda cimeira sobre o conflito na Ucrânia, uma mudança de tom em relação ao mês passado, quando Kiev excluiu Moscovo de uma conferência de paz na Suíça. “A primeira cimeira de paz não foi de todo uma cimeira de paz. Então talvez seja necessário primeiro compreender o que ele quer dizer”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Líderes de mais de 90 países reuniram-se na Suíça, em junho, para a primeira cimeira, que a Rússia classificou como uma perda de tempo. Moscovo insiste que deve manter todo o território que ocupa agora - cerca de 20% do país - enquanto Kiev exige que todos os soldados russos se retirem das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia, incluindo a Crimeia, que Moscovo anexou em 2014.

Os Estados Unidos afirmaram na segunda-feira apoiar a decisão da Ucrânia de convidar a Rússia para uma segunda cimeira, mas expressaram dúvidas sobre se Moscovo está pronto para conversações. “Apoiamos sempre a diplomacia quando a Ucrânia está pronta, mas nunca ficou claro que o Kremlin esteja pronto para a diplomacia real”, declarou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller.

Paralelamente, o Ministério da Defesa russo anunciou esta terça-feira que a empresa de energia Fores vai pagar 15 milhões de rublos (cerca de 155 mil euros) aos militares que abaterem o primeiro caça F-16 norte-americano na Ucrânia. Esta empresa já tinha tido uma iniciativa idêntica no caso dos tanques norte-americanos Abrams e alemães Leopard entregues a Kiev.

Os ministros das Finanças da União Europeia alertaram a Hungria que a ajuda a Kiev deverá continuar a ser uma prioridade do bloco durante a sua presidência rotativa da UE, que se prolonga até ao final do ano. Esta é uma das várias reações vindas de Bruxelas às visitas levadas a cabo pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, a Moscovo e a Pequim desde o início do mês para discutir a guerra na Ucrânia - na segunda-feira, Bruxelas já tinha avisado que os seus altos funcionários não irão a Budapeste para reuniões durante a sua presidência.
“O facto de Orbán ter ido até Putin e Moscovo é um insulto não apenas para a Ucrânia, mas para todos os outros 26 Estados-membros”, afirmou a ministra das Finanças sueca, Elisabeth Svantesson. 

ana.meireles@dn.pt

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