Passavam poucos minutos do final do debate presidencial desta terça-feira entre Kamala Harris e Donald Trump quando Taylor Swift decidiu partilhar com os seus 284 milhões de seguidores no Instagram que apoiava a candidatura da democrata à Casa Branca. Uma publicação, com comentários bloqueados, que, desde então já recebeu a aprovação de mais de 10,2 milhões de pessoas. Mas a grande questão é: que peso tem o apoio da estrela norte-americana de 34 anos nas eleições de novembro?.Uma sondagem feita em janeiro para a Newsweek mostrava que 18% dos eleitores se mostravam “mais propensos” ou “significativamente mais propensos” a votar num candidato apoiado por Swift. Por outro lado, 17% disseram que teriam menos probabilidade de votar num candidato apoiado pela cantora, enquanto 55% não teriam nem mais nem menos probabilidade de fazê-lo. Segundo o mesmo estudo de opinião, levado a cabo pela Redfield & Wilton Strategies, um apoio de Taylor Swift teria maior impacto sobre os eleitores mais jovens - cerca de três em cada 10 americanos com menos de 35 anos disseram que teriam maior probabilidade de votar num candidato apoiado por Swift, enquanto que apenas 4% dos eleitores com 65 anos ou mais afirmaram que seriam influenciados por um endosso da voz de Shake it off. .“Numa eleição em que se espera que o voto dos jovens seja fundamental para a conquista da Casa Branca, a influência de Swift é ainda mais importante. As eleições de 2024 verão oito milhões de novos votantes potenciais no eleitorado, de acordo com o Centro de Informação e Pesquisa sobre Aprendizagem e Engajamento Cívico. Isso significa que 41 milhões de membros da Geração Z poderão votar em novembro”, escrevia a Newsweek em janeiro, na sequência da sua sondagem..Para o especialista em media Brad Adgate, em declarações à mesma revista norte-americana, o impacto mais imediato que Taylor Swift pode ter numa eleição será encorajar as pessoas a votarem. E foi isso, precisamente, que a cantora fez agora por duas vezes no espaço de 24 horas. Na sua mensagem de apoio a Kamala Harris, Swift deixou um alerta “principalmente aos eleitores de primeira viagem” para terem em mente que “para votar é preciso estar registado”. “Também acho que é muito mais fácil votar antecipadamente. Colocarei um link sobre onde se registar e encontrarem datas de votação antecipada”, informou ainda a cantora. Segundo um porta-voz da Administração de Serviços Governamentais dos EUA, esta publicação de Swift no Instagram levou diretamente a 337.826 pessoas a visitarem o site vote.gov, a página partilhada por Taylor Swift e que ajuda os cidadãos norte-americanos a perceber como podem registar-se para votar. Na quarta-feira à noite, na cerimónia dos Video Music Awards da MTV, onde arrecadou sete prémios, Taylor Swift voltou a pedir a quem tem mais de 18 anos para se registar como eleitor..Esta não é a primeira vez que a cantora usa a sua influência para impulsionar o número de eleitores registados. No ano passado, numa publicação também partilhada no Instagram, Swift encorajou os seus então 272 milhões de seguidores a registarem-se no Vote.gov, levando mais de 35 mil pessoas a fazê-lo em apenas um dia. Um número que, segundo o The New York Times, representa “um salto significativo comparado com o ano anterior e especialmente significativo por se tratar de um ano sem eleições”. .O poder dos Swifties.Na opinião do especialista em análise de dados políticos da CNN Harry Enten, os fãs de Swift, os chamados Swifties, também podem ser uma ajuda para Kamala Harris, pois “a vice-presidente está atualmente a lutar, relativamente falando, com os eleitores mais jovens”..“Uma média recente de sondagens nacionais mostra que ela vence entre os eleitores com menos de 30 anos por 15 pontos”, refere o mesmo jornalista, sublinhando que “tanto Harris quanto Biden tiveram resultados piores entre os eleitores jovens este ano, em comparação com Biden em setembro de 2020. Naquela época, Biden mantinha uma vantagem de 25 pontos entre os eleitores jovens. Essa vantagem aumentaria para 29 pontos nas últimas sondagens pré-eleitorais de 2020”..Em campo está já um grupo chamado Swifties For Kamala, que tem como objetivo mobilizar fãs de Taylor Swift e já conseguiu angariar mais de 150 mil dólares para a campanha da candidata democrata. Criado em julho, após a desistência de Joe Biden da corrida à presidência, o movimento conta com mais de 250 mil seguidores nas redes sociais, e entre os seus apoiantes estão os senadores democratas Ed Markey, de 78 anos, e Elizabeth Warren, de 75. .“Estamos a falar sobre organizar festas para fazer pulseiras e conversar com as pessoas sobre se estão registadas para votar, se sabem como votar”, explicou ao The Guardian April Glick Pulito, de 36 anos, uma especialista em comunicação política que trabalhou na campanha de Biden em 2020 e diretora política do Swifties For Kamala. “Estes grupos de identidade individual que estão a surgir - todos sentem-se muito entusiasmados em se ligar com suas próprias comunidades, e a comunidade Swiftie é tão grande e poderosa.”.ana.meireles@dn.pt