Mais de 100 mil pessoas saíram à rua, em Belgrado, no sábado exigindo uma mudança no poder político da Sérvia.
Mais de 100 mil pessoas saíram à rua, em Belgrado, no sábado exigindo uma mudança no poder político da Sérvia.ANDREJ CUKIC / EPA

Presidente da Sérvia anuncia mais detenções após protesto antigovernamental

Após 100 mil pessoas terem saído à rua para exigir uma mudança, Aleksandar Vucic acusou os manifestantes de incitarem à violência e ao "derramamento de sangue".
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O presidente da Sérvia anunciou este domingo, dia 29 de junho, mais detenções de manifestantes antigovernamentais após confrontos com a polícia num grande protesto antigovernamental, realizado no sábado em Belgrado, capital do país, onde milhares de pessoas exigiram eleições parlamentares antecipadas.

Em conferência de imprensa, o populista Aleksandar Vucic acusou os responsáveis pelo protesto em Belgrado, organizado pelos estudantes universitários da Sérvia, de incitarem à violência e de ataques à polícia, pedindo a abertura de um processo judicial.

O presidente da Sérvia criticou "os terroristas e aqueles que tentaram derrubar o Estado", destacando o reitor da Universidade de Belgrado, Vladan Djokic, que estava entre os manifestantes.

Segundo a agência France Presse, a manifestação contra Aleksandar Vucic terá juntado no sábado pelo menos 100.000 pessoas, mantendo a pressão sobre o Governo após mais de sete meses de protestos liderados por estudantes que abalaram o país.

A enorme multidão gritou "Queremos eleições!" enquanto enchia a Praça Slavija, no centro da capital, e vários quarteirões em redor, com muitos sem conseguirem chegar ao local, descreveu a agência norte-americana Associated Press, indicando que a tensão era elevada antes e durante o protesto.

As eleições presidenciais e legislativas na Sérvia estão previstas para 2027.

Os manifestantes declararam o atual governo populista "ilegítimo" e atribuíram-lhe a responsabilidade por qualquer ato de violência.

Os confrontos entre a polícia de choque e manifestantes antigovernamentais no protesto em Belgrado, realizado no sábado, eclodiram após o término da parte oficial da manifestação.

A polícia usou gás pimenta, bastões e escudos, enquanto os manifestantes atiravam pedras, garrafas e outros objetos.

Houve 48 polícias que ficaram feridos e 22 manifestantes que procuraram assistência médica, revelou hoje a polícia.

O ministro do Interior, Ivica Dadic, indicou que foram detidas no sábado 77 pessoas, das quais 38 ainda continuam este domingo sob custódia da polícia, referindo que a maioria dos detidos enfrenta acusações criminais.

O presidente da Sérvia avisou este domingo que “haverá mais detenções", referindo que “a identificação de todos os indivíduos está em curso".

Os protestos antigovernamentais, liderados por estudantes universitários, iniciaram-se em novembro na sequência do desabamento da cobertura de uma estação ferroviária renovada na cidade de Novi Sad, no norte do país, que matou 16 pessoas. A causa da tragédia foi atribuída à corrupção no Governo e à negligência nos projetos de infraestruturas do Estado.

Em resposta aos manifestantes, Aleksandar Vucic rejeitou, repetidamente, eleições antecipadas em vez das previstas para 2027.

"A Sérvia ganhou. Não se pode destruir a Sérvia com violência", disse Vucic, referindo que os manifestantes “queriam conscientemente incitar o derramamento de sangue” e avisando que “a hora da responsabilização está a chegar”.

Os críticos afirmam que Vucic se tornou cada vez mais autoritário desde que assumiu o poder, há mais de uma década, sufocando as liberdades democráticas e permitindo o florescimento da corrupção e do crime organizado, mas o presidente da Sérvia rejeita essas acusações.

A Sérvia procura formalmente a adesão à União Europeia, mas o Governo de Vucic tem reforçado as suas relações tanto com a Rússia como com a China.

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