O presidente da Sérvia anunciou este domingo, dia 29 de junho, mais detenções de manifestantes antigovernamentais após confrontos com a polícia num grande protesto antigovernamental, realizado no sábado em Belgrado, capital do país, onde milhares de pessoas exigiram eleições parlamentares antecipadas.Em conferência de imprensa, o populista Aleksandar Vucic acusou os responsáveis pelo protesto em Belgrado, organizado pelos estudantes universitários da Sérvia, de incitarem à violência e de ataques à polícia, pedindo a abertura de um processo judicial.O presidente da Sérvia criticou "os terroristas e aqueles que tentaram derrubar o Estado", destacando o reitor da Universidade de Belgrado, Vladan Djokic, que estava entre os manifestantes.Segundo a agência France Presse, a manifestação contra Aleksandar Vucic terá juntado no sábado pelo menos 100.000 pessoas, mantendo a pressão sobre o Governo após mais de sete meses de protestos liderados por estudantes que abalaram o país.A enorme multidão gritou "Queremos eleições!" enquanto enchia a Praça Slavija, no centro da capital, e vários quarteirões em redor, com muitos sem conseguirem chegar ao local, descreveu a agência norte-americana Associated Press, indicando que a tensão era elevada antes e durante o protesto..As eleições presidenciais e legislativas na Sérvia estão previstas para 2027.Os manifestantes declararam o atual governo populista "ilegítimo" e atribuíram-lhe a responsabilidade por qualquer ato de violência.Os confrontos entre a polícia de choque e manifestantes antigovernamentais no protesto em Belgrado, realizado no sábado, eclodiram após o término da parte oficial da manifestação.A polícia usou gás pimenta, bastões e escudos, enquanto os manifestantes atiravam pedras, garrafas e outros objetos.Houve 48 polícias que ficaram feridos e 22 manifestantes que procuraram assistência médica, revelou hoje a polícia.O ministro do Interior, Ivica Dadic, indicou que foram detidas no sábado 77 pessoas, das quais 38 ainda continuam este domingo sob custódia da polícia, referindo que a maioria dos detidos enfrenta acusações criminais.O presidente da Sérvia avisou este domingo que “haverá mais detenções", referindo que “a identificação de todos os indivíduos está em curso".Os protestos antigovernamentais, liderados por estudantes universitários, iniciaram-se em novembro na sequência do desabamento da cobertura de uma estação ferroviária renovada na cidade de Novi Sad, no norte do país, que matou 16 pessoas. A causa da tragédia foi atribuída à corrupção no Governo e à negligência nos projetos de infraestruturas do Estado.Em resposta aos manifestantes, Aleksandar Vucic rejeitou, repetidamente, eleições antecipadas em vez das previstas para 2027."A Sérvia ganhou. Não se pode destruir a Sérvia com violência", disse Vucic, referindo que os manifestantes “queriam conscientemente incitar o derramamento de sangue” e avisando que “a hora da responsabilização está a chegar”.Os críticos afirmam que Vucic se tornou cada vez mais autoritário desde que assumiu o poder, há mais de uma década, sufocando as liberdades democráticas e permitindo o florescimento da corrupção e do crime organizado, mas o presidente da Sérvia rejeita essas acusações.A Sérvia procura formalmente a adesão à União Europeia, mas o Governo de Vucic tem reforçado as suas relações tanto com a Rússia como com a China.."A corrupção mata". Milhares de sérvios em Belgrado para manifestação de alta tensão.Protestos na Sérvia e ações separatistas na Bósnia ameaçam estabilidade dos Balcãs Ocidentais