O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, escusou-se hoje, em Cabo Verde, a explicar os motivos da expulsão dos órgãos de comunicação social portugueses, justificando que o problema é entre a Guiné-Bissau e Portugal. "É um problema da Guiné-Bissau com Portugal, não é com Cabo Verde. Não vou responder a isso", disse o Presidente guineense quando questionado pelos jornalistas, no palácio do Governo, na cidade da Praia.O Governo da Guiné-Bissau decidiu na sexta-feira expulsar as delegações da agência Lusa, da RTP e da RDP do país, suspender as suas emissões com efeitos imediatos e ordenar aos seus representantes que deixem o país até terça-feira. Não foram avançadas razões para esta decisão. "Não vou falar nada sobre Portugal em Cabo Verde", reforçou Sissoco Embaló.Perante a insistência dos jornalistas sobre a liberdade de expressão e imprensa ser um valor universal, Sissoco Embaló rejeitou que estes valores estejam em causa na Guiné-Bissau. "Podem ir à Guiné-Bissau e ver se está interditada a liberdade de expressão. Façam-me essa pergunta na Guiné-Bissau", disse.O Presidente da Guiné-Bissau chegou hoje a Cabo Verde para uma visita destinada a manifestar solidariedade aos cabo-verdianos após a tempestade que atingiu a ilha de São Vicente, a 11 de agosto, provocando nove mortos e mais de duas centenas de desalojados, além da destruição de casas, estradas e infraestruturas de abastecimento de água e energia.A Guiné-Bissau detém atualmente a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que assumiu na cimeira da organização em 18 de julho, na capital guineense.Direções da Lusa, RTP e RDP falam em ataque à liberdade de expressãoAs direções de Informação da agência Lusa, RDP e RTP repudiaram esta sexta-feira, 15 de agosto, a expulsão dos seus jornalistas de Bissau e acusaram o governo guineense de “ataque deliberado à liberdade de expressão”.Numa Nota de Repúdio, os diretores dos três órgãos de comunicação públicos portugueses acusam o governo guineense de “silenciar os jornalistas” numa “ação discriminatória e seletiva” que configura “um ataque deliberado à liberdade de expressão.“Consideramos que a expulsão dos nossos jornalistas é um atentado aos princípios fundamentais que norteiam a atividade jornalística. São igualmente, por isso, atitudes que violam a democracia e o estado de direito”, afirmam os três diretores de Informação – Luísa Meireles (Lusa), Mário Galego (RDP) e Vítor Gonçalves (RTP).Na nota, estes responsáveis manifestam a sua solidariedade com os profissionais dos três órgãos em Bissau, bem como “a todos os jornalistas que tentam cumprir um elementar pilar da sociedade que é o direito à informação”.Os diretores de Informação exigem por isso que os jornalistas da Lusa, da Rádio e da Televisão da RTP possam continuar a exercer o direito de informar na Guiné-Bissau.De recordar que, no final de julho, o jornalista e delegado da RTP, Waldir Araújo, foi agredido e assaltado no centro de Bissau por desconhecidos, segundo noticiaram vários órgãos de comunicação social locais.Segundo contou o jornalista na altura, o assalto e a agressão teriam motivações políticas, conforme declarações proferidas pelos agressores, que terão acusado a RTP “de denegrir a imagem da Guiné-Bissau no exterior”..Governo da Guiné-Bissau anuncia suspensão das atividades da Agência Lusa, RTP e RDP.“Podes contar com a Guiné-Bissau”, disse Sissoko Embaló a Donald Trump!