“Podes contar com a Guiné-Bissau”, disse Sissoko Embaló a Donald Trump!
Props ao Presidente (PR) da Guiné-Bissau, que abriu a boca e colocou o seu país no mesmo nível que a América e um “major desmereço” para o PR da mesma América, que abriu a boca e fez tábua rasa de uma das poucas virtudes que, dos founding fathers, até quinta-feira, ainda corria nas veias dos americanos. O quê? A utopia chamada Libéria, materializada em 1847 por escravos alforriados dos Estados Unidos, os quais replicaram o sistema de governo americano na África Ocidental, a bandeira e baptizaram a capital Monróvia, em homenagem a James Monroe, o quinto PR americano. Ao quadragésimo sétimo, é como se nada tivesse acontecido. Trump abre a boca, lança uma pergunta e oblitera totalmente o romance de uma história bonita, que correu mal, mas a História, a narrativa “do mundo que é uma bola que pula e avança”, é bonita, e o tipo apagou-a, ao demonstrar que a ignora!
Cinco contra um!
Na mesma semana em que recebeu o PM israelita, o PR Trump também tinha em agenda receber cinco PR’s africanos: Mauritânia, Senegal, Guiné-Bissau (a “parede atlântica” em análise), Libéria e Gabão. Esta tática teve vários objectivos a assinalar:
Primeiro, há uma clara mudança de postura da Administração Trump de 2016 para 2025, do, “países que não interessam nem ao Menino Jesus”, à “terra da oportunidade”! Por isso mesmo cortou as subvenções humanitárias para África, na lógica do desregular, para depois “trumpizar”;
Segundo, por isso mesmo, não são as grandes economias, “as nigérias, as áfricas do sul”, os escolhidos, mas sim um grupo de países atlânticos, cujos PR’s, têm todos problemas de legitimidade interna, ou “irritantes e corrompíveis fiscais e prediais”;
Terceiro, há uma coerência neste grupo. Mauritânia, Senegal e Guiné-Bissau, a “parede atlântica” que protege os avanços russos a partir do Mali, confinados a uma hinterlândia francófona, Mali/Burquina/Níger e a querer “namorar” os portos de Dakar e Bissau, em pleno Atlântico NATO. Putin só não ultrapassará esta linha vermelha, se não lhe derem oportunidade. Por isso, é também oportuno dizer que a “parede atlântica” agora recebida na Casa Branca, já passou, individualmente por Moscovo, onde assinaram papéis e tiraram retratos;
Quarto, quem também tem passado por Moscovo é Assimi Goita, o PR Interino do Mali, que a 23 de junho assinou um “acordo de cooperação intergovernamental para o uso pacífico de energia atómica”;
Quinto, um Mali atómico! Trump não sabe onde fica, mas a malta de Langley trata-lhe da agenda e por isso, esta minicimeira não ter sido despropositada de todo!