A presidente da Junta da Extremadura e candidata do PP, María Guardiola, no momento do voto.
A presidente da Junta da Extremadura e candidata do PP, María Guardiola, no momento do voto. DR/X/MGuardiolaM

Extremadura: PP fica aquém da maioria absoluta e depende de um Vox que sai reforçado. Descalabro no PSOE

Presidente da Junta, María Guardiola, só ganha um deputado e falha objetivo de livrar-se da extrema-direita, que tem mais seis representantes. Socialistas perdem dez.
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A presidente da Junta da Extremadura e candidata do Partido Popular (PP), María Guardiola, é a vencedora das eleições autonómicas, mas fica a quatro deputados da maioria absoluta e vai depender do Vox que sai reforçado da noite eleitoral.

A extrema-direita é a grande vencedora, ganhando quase 40 mil votos e seis deputados em relação a 2023, numas eleições antecipadas em que o líder nacional do partido, Santiago Abascal, apostou tudo.

Já o PSOE é o grande derrotado, perdendo mais de 110 mil votos e dez deputados - e o candidato Miguel Ángel Gallardo já admitiu que é "um resultado muito mau", mas não anunciou a demissão. É o pior resultado de sempre do partido, que governou a região durante décadas.

Resultados

As urnas fecharam às 20h00 locais (19h00 em Lisboa) e os primeiros resultados começaram a cair meia hora depois no site oficial. Pelas 22h00 já estavam mais de 99% dos votos contados.

No final, o PP elegeu 29 deputados (mais um do que tinha, apesar de ter perdido cerca de dez mil votos), enquanto o PSOE elegeu apenas 18 (menos dez do que tinha conseguido em 2023, quando tinha sido o mais votado, apesar de ter empatado em representantes com o PP).

O Vox elegeu 11 deputados (mais seis do que aqueles que tinha agora) e a Unidas pela Extremadura elegeu 7 (mais três), graças a mais 18 mil votos.

A participação foi de quase 63%, menos quase oito pontos percentuais do que em 2023 (70,35%).

María Guardiola, que convocou eleições antecipadas para tentar a maioria absoluta (33 deputados) e livrar-se do Vox, fica aquém desse objetivo.

O Vox, que chegou a fazer parte do executivo regional, rompeu o acordo em 2024 por questões nacionais (relacionadas com a distribuição de menores migrantes pelas diferentes comunidades). E não é claro se tem o desejo de regressar - ou o que vai querer em troca do seu apoio.

Abascal disse, na campanha, que nunca apoiaria María Guardiola, fazendo depender o seu voto com a saída da presidente da Junta.

Apesar de tudo María Guardiola consegue, sozinha, eleger mais deputados que o conjunto da esquerda, onde Unidas pela Extremadura, a coligação liderada por Irene de Miguel, não conseguiu aproveitar o descalabro dos socialistas, de Miguel Ángel Gallardo.

A presidente da Junta da Extremadura e candidata do PP, María Guardiola, no momento do voto.
Extremadura vai a votos, com o PP à espera de saber qual será a força do Vox

Socialistas admitem resultado "muito mau"

"O resultado do PSOE é muito mau", admitiu Miguel Ángel Gallardo, dizendo que o diz sem "paliativos" na primeira reação oficial.

E questiona para que serviram estas eleições, explicando que o PP não conseguiu o seu objetivo de ter uma maioria, depois de ter recusado negociar o orçamento regional com os socialistas.

"Foi uma experiência eleitoral que falhou", indicou, dizendo que na Extremadura há hoje "maior bloqueio e instabilidade", falando de uma maior dependência da extrema-direita que "engordou" e, consequentemente, "mais extremismo" e "radicalidade".

Gallardo, que ainda para mais está na mira da justiça por suspeita de tráfico de influências na contratação do irmão do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e será julgado no próximo ano, não anuncia a demissão, como alguns defendiam que acontecesse.

Mas convocou a Executiva do partido para reunir esta segunda-feira e analisar os resultados. "O que menos me preocupa é o meu futuro político. O que mais me preocupa é que o PSOE tome a melhor decisão", afirmou.

O candidato socialista, Miguel Ángel Gallardo, no momento do voto.
O candidato socialista, Miguel Ángel Gallardo, no momento do voto.DR/X/magallardomir

Unidas pela Extremadura: "A grande perdedora é María Guardiola"

Irene de Miguel, candidata a presidente da Junta pela Unidas pela Extremadura, congratulou-se com o resultado da coligação do Podemos, da Esquerda Unida e dos Verdes - conseguiram sete representantes, mais três do que tinham.

"Mas não podemos esquecer que o panorama na Assembleia fica com mais incerteza", afirmou na sua reação aos resultados, perguntando a María Guardiola. "E agora?"

E considera que foi a presidente da Junta que foi a grande derrotada, porque não conseguiu alcançar o seu objetivo, duvidando que consiga ser capaz de formar um governo.

Sondagem conhecida quando urnas fecharam dava PP mais próximo da maioria absoluta

Uma sondagem Sigma Dos, para o El Mundo, conhecida pouco depois de as urnas fecharem às 19h00 de Lisboa, María Guardiola ficava a apenas um deputado da maioria absoluta na região.

A sondagem (não foi feita à boca das urnas e não é revelada a ficha técnica) colocava o PP com entre 30 e 32 deputados (a maioria absoluta são os 33), com o PSOE a não ir além dos 16 ou 18 deputados. Em 2023, os socialistas tinham tido mais votos que o PP, mas tinham empatado em número de deputados - 28 para cada.

O Vox, com a candidatura de Óscar Fernández, subiria dos atuais cinco deputados para nove ou 11 representantes, enquanto a coligação de esquerda Unidas pela Extremadura teria sete ou oito (melhorando dos quatro atuais).

Durante toda a campanha, as sondagens sempre deram a vitória ao PP, mas a dúvida era saber qual seria a força do Vox. María Guardiola convocou eleições antecipadas (a primeira vez que isso acontece nesta comunidade) à procura de uma maioria absoluta, para não ficar dependente da extrema-direita.

Previa-se ainda que o PSOE, que durante anos foi a principal força na Extremadura, tivesse o pior resultado de sempre - o que se confirmou. Em 2023, os socialistas foram os mais votados, mas empataram em número de deputados com o PP, que acabou por chegar a acordo com o Vox para poder governar.

Ciclo eleitoral em Espanha

Esta é a primeira eleição de um novo ciclo que agora começa em Espanha, com vários escrutínios previstos para 2026. Em Aragão já em fevereiro e em Castela e Leão em março. Em junho, será a vez da Andaluzia. As eleições gerais só estão previstas para 2027.

Não é por isso de estranhar que haja leituras nacionais destas eleições. A presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, celebrou a vitória do PP na Extremadura com uma mensagem no X.

“María Guardiola varreu a esquerda na Extremadura, uma região que sempre foi socialista. Parabéns. Pedro Sánchez perde sempre que há eleições”, escreveu.

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