O presidente dos Estados Unidos reafirmou esta segunda-feira o seu apoio ao secretário da Defesa, na sequência de notícias de que este teria partilhado detalhes do ataque de março contra os Houthis do Iémen num segundo grupo na plataforma Signal, neste caso do qual faz parte a mulher, o irmão, o seu advogado pessoal e cerca de uma dezena de outras pessoas. John Ullyot, até à semana passada porta-voz do Pentágono, descreve o ambiente na instituição como um “caos total” e vaticina que Pete Hegseth não deverá manter-se no cargo por muito mais tempo. “O Pete está a fazer um ótimo trabalho. Basta perguntar aos Houthis como ele está”, afirmou esta segunda-feira Donald Trump. “São apenas notícias falsas. Apenas contam histórias. Parece que há funcionários descontentes. Foi colocado lá para se livrar de um monte de gente má e é isso que está a fazer. Nem sempre tens amigos quando fazes isso”, prosseguiu o presidente norte-americano. “Falei com o presidente e vamos continuar a lutar. Em sintonia o tempo todo”, referiu esta segunda-feira Hegseth.Antes a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, já havia garantido que “o presidente tem total confiança no secretário Hegseth” e que este está a fazer um “trabalho fenomenal”. “É isto que acontece quando todo o Pentágono está a trabalhar contra si e contra a mudança monumental que está a tentar implementar”, prosseguiu Leavitt.Mas o cenário descrito por John Ullyot, que se demitiu na semana passada do cargo de porta-voz principal do Departamento de Defesa, é bastante diferente. Num artigo de opinião publicado no domingo no Politico, Ullyot refere que “foi um mês de caos total no Pentágono. Desde fugas de planos operacionais confidenciais a despedimentos em massa, a disfunção é agora uma grande distração para o presidente - que merece algo melhor da sua liderança sénior”. “O presidente Donald Trump tem um sólido historial de responsabilização dos seus principais funcionários. Perante isto, é difícil imaginar que o secretário da Defesa Pete Hegseth permaneça no seu cargo por muito mais tempo”, prossegue este colaborador de longa data de Trump - foi conselheiro na campanha de 2016 e serviu como líder das comunicações do Conselho de Segurança Nacional e do Departamento dos Veteranos no primeiro mandato. Na sexta-feira, o Pentágono despediu três altos funcionários e nos próximos dias, Joe Kasper, chefe de gabinete de Hegseth, também deverá abandonar o cargo para assumir uma nova posição no Departamento de Defesa. “Hegseth preside agora a uma purga estranha e desconcertante” que o deixou sem conselheiros seniores, escreveu Ullyot no Politico, referindo que “mais despedimentos podem estar para vir.”Vários senadores democratas pediram esta segunda-feira a demissão de Hegseth, entre os quais Chuck Schumer. “Continuamos a saber como Pete Hegseth colocou vidas em risco. Mas Trump é demasiado fraco para o despedir”, referiu o líder da minoria no Senado. Do lado republicano começavam também ontem a surgir vozes a pedir o mesmo. “Não estou na Casa Branca e não vou dizer à Casa Branca como gerir isto, mas acho isto inaceitável e não toleraria isto se estivesse no comando”, referiu ao Politico o congressista Don Bacon, membro da Comissão das Forças Armadas da Câmara dos Representantes e antigo general da Força Aérea.