O plano começou a ser discutido em Genebra, na Suíla, com a presença de borte-americanos, ucranianos e europeus.
O plano começou a ser discutido em Genebra, na Suíla, com a presença de borte-americanos, ucranianos e europeus.MARTIAL TREZZINI/EPA

Plano de paz começa a ser discutido em Genebra entre dúvidas sobre quem o elaborou

Um grupo de senadores norte-americano diz ter sido informado por Marco Rubio de que plano de 28 pontos é uma "lista de desejos" dos russos. Secretário de Estado já desmentiu
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"Juntamente com os líderes da Europa, Canadá e Japão, declaramos a nossa disponibilidade para trabalhar no plano de 28 pontos, apesar de algumas reservas. No entanto, antes de iniciarmos os nossos trabalhos, seria bom saber com certeza quem é o autor do plano e onde foi criado", escreveu na manhã deste domingo, 23 de novembro, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk na rede social X. Uma mensagem que espelha as dúvidas que surgiram nas últimas horas acerca da autoria do plano de 28 pontos que o presidente norte-americano apresentou como caminho para a paz na Ucrânia, tendo dado até quinta-feira ao seu homólogo ucraniano para o aceitar.

O plano da Casa Branca corresponde às principais exigências russas e um grupo de senadores norte-americano diz ter sido informado por Marco Rubio, conselheiro de segurança nacional e secretário de Estado, de que este é uma "lista de desejos" dos russos e não a proposta real que apresenta as posições de Washington.

"O secretário Rubio ligou-nos esta tarde. Penso que nos explicou muito claramente que somos os destinatários de uma proposta que foi transmitida a um dos nossos representantes. Não é a nossa recomendação. Não é o nosso plano de paz", disse o republicano Mike Rounds, do Dakota do Sul, numa conferência de segurança no Canadá. “Esta administração não foi responsável por esta divulgação na sua forma atual”, disse . “Querem utilizá-lo como ponto de partida.” Para ele, parece que o plano foi "escrito em russo desde o início”. O senador independente do Maine, Angus King, disse que Rubio afirmou que o plano “não era um plano do governo”, mas sim uma “lista de desejos dos russos”.

O plano prevê que Kiev retire as suas tropas das áreas que ainda controla no Donbass, região no leste do país que inclui as províncias de Lugansk e Donetsk, uma substancial redução do seu efetivo militar e a renúncia à adesão da NATO, em troca de garantias de segurança para prevenir uma nova agressão russa.

"A proposta de paz foi elaborada pelos EUA. É oferecida como uma estrutura sólida para as negociações em curso”, reagiu Marco Rubio no X. “Baseia-se em contribuições da Rússia. Mas também se baseia em contribuições anteriores e atuais da Ucrânia”, garantiu.

Já antes, o porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott, tinha qualificado como "completamente falsas" as declarações dos senadores.

Entretanto, na manhã deste domingo, começaram a chegar a Genebra, na Suíça, os representantes diplomáticos que vão debater este plano, nomeadamente norte-americanos, entre eles o próprio Rubio, ucranianos e europeus.

"A delegação ucraniana está hoje a trabalhar em Genebra, focada em encontrar possíveis soluções para pôr fim à guerra, restaurar a paz e garantir uma segurança duradoura", escreveu Zelensky no X. "Atualmente, existe o entendimento de que as propostas americanas podem incluir diversos elementos baseados em perspetivas ucranianas e cruciais para os interesses nacionais da Ucrânia. O trabalho continua para garantir que todos os elementos são realmente eficazes na conquista do principal objetivo almejado pelo nosso povo: pôr fim, de vez, ao derramamento de sangue e à guerra", acrescentou.

Donald Trump, por seu lado, voltou a acusar a Ucrânia de infratidão. "A 'liderança' da Ucrânia não demonstrou qualquer gratidão pelos nossos esforços", escreveu na Truth Social, voltando a dizer que "putin nunca teria atacado" se "a eleição presidencial de 2020 não tivesse sido fraudada e roubada", ou seja, se ele tivesse sido eleito presidente.

Pouco depois, o Secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Rustem Umerov, disse que a Ucrânia "espera fazer mais progressos" nas negociações diplomáticas em Genebra, reptindo o que Zelensky já dissera, que "as propostas atuais, embora ainda não finalizadas, incluem muitas prioridades ucranianas". E agradeceu aos EUA. "Agradecemos aos nossos parceiros americanos por trabalharem em estreita colaboração connosco para compreender as nossas preocupações e chegarmos a este ponto crucial, e esperamos avançar ainda mais hoje", escreveu no X.

No sábado, 22, os líderes europeus e de outros países ocidentais defenderam que o plano de paz dos EUA é uma base para as negociações que visam pôr fim à guerra da Rússia na Ucrânia, mas que necessita de "trabalho adicional".

"Saudamos os esforços contínuos dos EUA para trazer a paz à Ucrânia. A versão inicial do plano de 28 pontos inclui elementos importantes que serão essenciais para uma paz justa e duradoura. Acreditamos, portanto, que a versão inicial é uma base que exigirá trabalho adicional. Estamos prontos para nos envolvermos de forma a garantir que uma paz futura seja sustentável", dizia uma declaração conjunta do presidente do Conselho Europeu, António Costa, da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e por líderes de vários países ocidentais, como o chanceler alemão, os presidentes de França e Finlândia e os primeiros-ministros de Reino Unido, Itália, Espanha, Países Baixos, Irlanda, Noruega, Canadá e Japão.

"Somos claros no princípio de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força. Estamos também preocupados com as limitações propostas às forças armadas da Ucrânia, que deixariam o país vulnerável a futuros ataques", diziam, salientando que "a implementação de elementos relacionados com a União Europeia e a NATO exigirá o consentimento dos membros da UE e da NATO, respetivamente".

O plano começou a ser discutido em Genebra, na Suíla, com a presença de borte-americanos, ucranianos e europeus.
Líderes ocidentais afirmam que o plano dos EUA é uma base para a paz que exigirá trabalho adicional

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, convidou os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) para um encontro na segunda-feira à margem da Cimeira UE-UA, que decorre em Luanda.

Na sexta-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tinha garantido que recusava trair a nação e anunciou que iria propor alternativas ao plano dos Estados Unidos para o conflito com a Rússia, que implica cedências territoriais a Moscovo.

"Nos próximos dias, serão realizadas consultas com os nossos parceiros sobre as medidas necessárias para pôr fim à guerra. Os nossos representantes sabem como defender os interesses nacionais da Ucrânia e exactamente o que deve ser feito para impedir que a Rússia lance uma terceira invasão, outro ataque contra a Ucrânia – tal como já cometeu repetidamente crimes contra o nosso povo e contra outras nações no passado", afirmou no sábado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, por seu lado, afirmou no sábado que o plano não é a sua “última oferta” para Kiev. “Gostaríamos de alcançar a paz. Isso deveria ter acontecido há muito tempo. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia não deveria ter acontecido. Se eu fosse presidente, isso nunca teria acontecido. Estamos a tentar pôr fim a isso. De uma forma ou de outra, temos de pôr fim a isso”, disse ainda.

O plano começou a ser discutido em Genebra, na Suíla, com a presença de borte-americanos, ucranianos e europeus.
Trump garante que o seu plano de paz não é a “última oferta” para a Ucrânia

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