Paul McCartney apela ao Governo britânico para proteger artistas da Inteligência Artificial

Paul McCartney apela ao Governo britânico para proteger artistas da Inteligência Artificial

Executivo trabalhista está em período de consulta pública para alterações à legislação sobre direitos de autor, incluindo a forma como os criadores poderão obter licenças e ser remunerados pela utilização das suas obras.
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O ex-Beatle Paul McCartney apelou ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.

Numa entrevista à BBC este domingo (26), o cantor e compositor britânico, de 82 anos, alertou que os músicos podem ser "despojados" das suas criações e voltou a criticar o projeto do Governo trabalhista que prevê alterações à legislação sobre direitos de autor.

Entre as propostas está "uma exceção aos direitos de autor" para treinar modelos de IA com fins comerciais, cujo projeto ofereceria aos criadores a possibilidade de "reservar os seus direitos".

Paul McCartney sustenta que, com essa reforma, os artistas perderão o controlo sobre as suas obras. "Os jovens podem escrever uma bela canção, mas podem acabar por não ser os proprietários dela", disse. Pior ainda, "qualquer pessoa poderá apropriar-se dessa canção", denunciou.

"A verdade é que o dinheiro irá para algum lado. Alguém será pago. Não deverá ser o tipo que escreveu 'Yesterday'?", questionou McCartney, que é, junto com John Lennon, o autor desta canção, uma das mais conhecidas dos Beatles.

"Se apresentarem um projeto de lei, assegurem-se de que protegem os pensadores e os artistas, caso contrário, não terão o seu apoio. Somos o povo, vocês são o Governo. É suposto que nos protejam. Esse é o vosso trabalho", reforçou McCartney.

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O Governo britânico anunciou que aproveitará o período de consulta pública, que decorre até 25 de fevereiro, para explorar os principais pontos do debate, incluindo a forma como os criadores poderão obter licenças e ser remunerados pela utilização das suas obras.

Questionada sobre estas propostas numa entrevista à BBC, a ministra das Finanças britânica, Rachel Reeves, garantiu que "quer apoiar os artistas" e fará "tudo para que os direitos de autor sejam respeitados".

"Eu acho que a IA é fantástica e pode fazer muitas coisas incríveis", admitiu Paul McCartney.  "No entanto, a IA não deve despojar os criadores. Isso não faz sentido", concluiu.

Em novembro de 2023, McCartney e Ringo Starr, o antigo baterista dos Beatles, usaram a IA para extrair a voz de John Lennon, assassinado em 1980 em Nova Iorque, de uma canção inacabada com várias décadas, intitulada "Now and Then".

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