Opositor russo diz estar preso num "campo de concentração"

Navalny voltou à Rússia em meados de janeiro após vários meses de convalescença na Alemanha. Foi preso à chegada, a 17 de janeiro, ainda no aeroporto, e posteriormente condenado.
Publicado a
Atualizado a

O opositor russo Alexei Navalny denunciou esta segunda-feira estar detido no que considera ser um "campo de concentração", através de uma mensagem que escreveu na sua conta da rede social Instagram.

"É preciso reconhecer que o sistema prisional russo conseguiu surpreender-me. Pensava que já não se pudesse construir um campo de concentração a 100 quilómetros de Moscovo", escreveu Navalny, que está a cumprir uma pena de prisão de dois anos e meio no complexo penitenciário número 2, na periferia da cidade de Pokrov.

A mensagem de Navalny, opositor ao regime do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e ativista contra a corrupção na oligarquia russa, vem acompanhada por uma fotografia, não datada, em que mostra a sua cabeça rapada.

"Há três coisas que continuam a surpreender-me: o céu estrelado em cima de nós, o imperativo categórico [lei moral em que todas as máximas são universais e incondicionais] no interior de cada um de nós e a incrível sensação de passar a mão pela cabeça acabada de rapar", disse o opositor, de 44 anos.

Na mensagem no Instagram, Navalny salientou que tudo o que faz é filmado por câmaras."Todos [os detidos] estão sob vigilância e a menor violação dá origem a uma denúncia", acrescentou.

Os advogados de Navalny tentaram durante dias localizar a prisão onde está detido desde sua transferência no final de fevereiro, após a sua condenação. Cercado por um muro com arame farpado no topo, a prisão em que se encontra foi descrita como particularmente dura por ex-presidiários.

O opositor Konstantin Kotov, que ali esteve detido por mais de um ano, descreveu um ambiente no qual os detidos praticamente não têm tempo livre e estão completamente isolados do exterior.

Navalny voltou à Rússia em meados de janeiro após vários meses de convalescença na Alemanha, onde recuperou de um envenenamento pelo qual acusa o Kremlin e os serviços secretos russos (FSB). Foi preso à chegada, a 17 de janeiro, ainda no aeroporto, e posteriormente condenado.

Por todo o país, várias têm sido as manifestações para exigir a libertação de Navalny, num contexto mais amplo de descontentamento com a queda dos padrões de vida.

Os protestos contra a política de Putin já levaram à detenção de mais de 10 mil pessoas, a grande maioria delas condenada a curtas penas de prisão. A repressão foi denunciada por países europeus e pelos Estados Unidos, mas também por muitas organizações não governamentais e por parte da imprensa russa.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt