Os líderes da oposição venezuelana, María Corina Machado e Edmundo González, acreditam que, “mais cedo ou mais tarde”, o regime “autocrático” do presidente Nicolás Maduro vai cair, acusando-o de tentar “adiar o que é inevitável”. A menos de um mês da tomada de posse do vencedor das eleições de 28 de julho, pedem à comunidade internacional “firmeza” e o “reconhecimento total” de González como presidente-eleito..A ex-deputada e o antigo diplomata venceram o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu (PE), entregue esta terça-feira em Estrasburgo. “Este prémio não apenas reconhece, mas também lembra que a luta pela liberdade nunca é em vão. O futuro da Venezuela pertence ao seu povo e o Parlamento Europeu está orgulhosamente ao seu lado”, disse a líder do PE, Roberta Metsola..Maduro, no poder desde 2013, foi dado como o vencedor das presidenciais de julho pelas autoridades que controla e sem fornecer as provas que lhe pede a comunidade internacional. Mas a oposição, mostrando as atas das mesas de voto, alega que o vencedor foi González - que liderou a candidatura depois de Corina Machado ter sido proibida de o fazer. Para o PE ele é o presidente-eleito, mas esse reconhecimento não é geral - Portugal é um dos que não reconhece a vitória de González, nem a de Maduro, exigindo a divulgação das atas..“Queremos que toda a comunidade democrática do mundo nos apoie para que, quando formos à Venezuela recuperar a soberania popular, o possamos fazer em paz e possamos iniciar o processo de reconciliação nacional”, disse González aos jornalistas em Estrasburgo. O ex-diplomata, que se exilou em Espanha depois das eleições para não ser preso, insiste que só uma “pressão externa articulada” pode forçar Maduro a abandonar o poder..González confirmou mais uma vez a intenção de voltar para a tomada de posse a 10 de janeiro. Algo que Caracas rejeita. “O único que vai tomar posse chama-se Nicolás Maduro. Não há uma única hipótese. Nem uma. Nem meia hipótese, que o senhor Edmundo González ponha os pés na Venezuela sem ser preso. Nem uma única hipótese”, disse o ministro do Interior e da Justiça venezuelano, Diosdado Cabello. .Corina Machado, que continua no país, mas está escondida, falou por videoconferência na cerimónia - onde se fez representar pela filha, Ana Corina Sosa. “Este prémio é uma homenagem a cada venezuelano que decidiu ser livre, especialmente aqueles que estão escondidos, exilados ou presos.” Nos protestos pós-eleitorais houve cerca de 2000 venezuelanos presos, sendo que 533 já foram libertados (179 na véspera da entrega do Sakharov). Três presos morreram na prisão, segundo uma ONG..Corina Machado alegou que, com este galardão, o PE mostra aos venezuelanos que não estão sozinhos “e que nunca, nunca a luta pela liberdade será em vão”. E mostrou-se confiante: “O triunfo da Venezuela será o triunfo da Humanidade, de cada indivíduo e de cada sociedade que decidir construir conjuntamente um futuro em liberdade.”.susana.f.salvador@dn.pt