Fumo ergue-se de Gaza após bombardeamento israelita
Fumo ergue-se de Gaza após bombardeamento israelitaEPA/ABIR SULTAN

ONU exige suspensão imediata do plano de Israel para controlo de Gaza

Após cerca de dez horas de reunião, o Governo israelita divulgou às primeiras horas desta sexta-feira um comunicado onde expõe o plano de Netanyahu para "derrotar o Hamas", que inclui ocupar Gaza.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu esta sexta-feira, 8 de agosto, que o plano israelita de controlo militar da Faixa de Gaza seja “imediatamente suspenso”.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, defende num comunicado que o plano, aprovado esta madrugada por Israel, “vai contra a decisão do Tribunal Internacional de Justiça de que Israel deve pôr fim à sua ocupação o mais rapidamente possível, contra a concretização da solução de dois Estados acordada e contra o direito dos palestinianos à autodeterminação”.

Volker Türk acredita que “esta nova escalada [no conflito israelo-palestiniano] provocará deslocações forçadas ainda mais massivas, mais mortes, mais sofrimento insuportável, destruições insensatas e crimes atrozes”.

O Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos pede ao governo israelita que permita a entrada “sem obstáculos” de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, “em vez de intensificar a guerra”, para salvar a vida de civis.

O Gabinete de Segurança do Governo de Israel aprovou um plano militar proposto pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para ocupar a cidade de Gaza, no norte do enclave.

Fumo ergue-se de Gaza após bombardeamento israelita
Netanyahu diz que vai controlar Gaza e Hamas acusa-o de "sacrificar" reféns

Após cerca de dez horas de reunião, o Governo israelita divulgou às primeiras horas desta sexta-feira um comunicado onde expõe o plano de Netanyahu para "derrotar o Hamas", que inclui ocupar a cidade de Gaza, sem esclarecer o que acontecerá com o resto do enclave, apesar de o primeiro-ministro ter declarado a intenção de estender a operação a toda a Faixa antes de iniciar a sessão de debate com o gabinete.

"As Forças de Defesa de Israel (FDI) preparar-se-ão para assumir o controlo da cidade de Gaza, garantindo ao mesmo tempo a prestação de ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate", especifica o comunicado.

O governo também garante que o gabinete adotou "por maioria de votos" cinco princípios para terminar a guerra: desarmar o Hamas, o regresso de todos os reféns com ou sem vida, a desmilitarização da Faixa de Gaza, o controlo israelita da segurança na Faixa de Gaza e o estabelecimento de uma "administração civil alternativa" para o enclave, que não seja nem do Hamas nem da Autoridade Palestiniana, que atualmente governa partes da Cisjordânia ocupada.

Oposição israelita diz que plano de Netanyahu "é um desastre"

O líder da oposição israelita, Yair Lapid, afirmou que a decisão do governo israelita de ocupar a Cidade de Gaza, onde vive um milhão de habitantes, "é um desastre que conduzirá a muitos mais desastres".

Lapid afirmou na sua conta na rede social X que a decisão do Executivo israelita está "em completa contradição com a opinião do Exército e dos funcionários de segurança" e que não leva em consideração "o desgaste e a exaustão das forças combatentes".

O líder da oposição considerou que os dois ministros ultranacionalistas e colonos israelitas — o das Finanças, Bezalel Smotrich, e o da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir — levaram o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a tomar uma decisão que "levará meses" e "conduzirá à morte dos reféns e de muitos soldados".

Além disso, disse ainda, esse plano "custará aos contribuintes israelitas dezenas de milhões e levará a um colapso político".

"Isso é exatamente o que o Hamas queria: que Israel ficasse preso num território, sem objetivo, sem definir o panorama para o dia seguinte, numa ocupação inútil, que ninguém entende onde leva", afirmou.

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