O rei e a "estrela de Hollywood". Revelados os novos retratos de Felipe VI e Letizia com a assinatura de Annie Leibovitz

Ele com o uniforme de capitão-general do exército espanhol e ela com um longo vestido de Cristóbal Balenciaga. Assim se apresentam os reis de Espanha, vistos pela lente da famosa fotógrafa norte-americana Annie Leibovitz. Os novos retratos oficiais de Felipe VI e Letizia foram esta terça-feira revelados numa exposição patente no Banco de Espanha.  

Foram precisos nove meses para ver o resultado da sessão fotográfica com os reis de Espanha, um trabalho que custou 137.000 euros e que foi encomendado pelo Banco de Espanha a Leibovitz.

Felipe VI surge "como rei" e Letizia como "estrela de Holywood", assim caracteriza o El País os novos retratos oficiais dos reis de Espanha, que são o resultado de uma sessão fotográfica que durou quase cinco horas.

As imagens podem ser vistas na exposição A Tirania de Cronos, patente no Banco de Espanha, na qual os visitantes também podem contemplar os relógios históricos preservados pela instituição. A exposição pode ser vista até 29 de março de 2025.

Sessão fotográfica demorou quase cinco horas

Foi a 7 de fevereiro que os reis de Espanha posaram para a fotógrafa norte-americana numa sessão "longa" e "intensa" que decorreu no Palácio Real, em Madrid. 

Se Leibovitz preferiu fotografar o rei com o uniforme militar, já em relação à rainha a norte-americana optou por uma imagem em que Letizia surge com um longo vestido negro, de tule de seda plissado e uma capa fúcsia, também de seda, criações do estilista espanhol Cristóbal Balenciaga das décadas de 1940 e 1960. Um visual a fazer lembrar uma "estrela da época de ouro de Hollywood", descreve o jornal espanhol. 

Mas os visuais agora eternizados não foram a primeira opção de Annie Leibovitz, que pediu ao rei que vestisse um fraque. Letizia chegou a ser fotografada com a tiara de Lis, que acabou por não surgir no visual final, no qual a rainha posa com um colar e brincos das jóias da coroa, um conjunto oferecido pelo rei Afonso XIII à rainha Vitória Eugénia, bisavós de Felipe VI.  

 “A artista teve liberdade absoluta, desde a escolha do cenário até à roupa", explicou Yolanda Romero Gómez, historiadora de arte e responsável pelo património do Banco de Espanha, durante a apresentação dos retratos oficiais do casal real, segundo a imprensa espanhola. 

"A fotógrafa queria que os reis estivessem vestidos com esmero”, acrescentou Romero, indicando ainda que foi uma sessão intimista, na qual participaram cinco pessoas, entre as quais a fotógrafa.

O cenário escolhido por Leibovitz para eternizar o casal foi a Sala Gasparini do Palácio Real. “Para a artista era o lugar mais interessante do palácio. Para nós esta sala é significativa, por ter sido construída por Carlos III, em cujo reinado foi fundado o Banco de San Carlos, antecessor do Banco de Espanha”, explicou ainda a historiadora de arte.

Os retratos foram encomendados em 2023, mas os reis de Espanha já conheciam a famosa fotógrafa desde 2013, quando recebeu o Prémio Príncipes das Astúrias, tendo manifestado, na altura, a vontade de os fotografar. Acabou por acontecer no início deste ano devido à encomenda do Banco de Portugal, cujo objetivo é ter, pela primeira vez, no seu acervo um suporte fotográfico. A escolha recaiu numa fotógrafa estrangeira “para internacionalizar e dar uma presença mais feminina às coleções”. A encomenda feita à artista norte-americana incluiu ainda um retrato do governador do Banco de Espanha, Pablo Hernández de Cos. 

De acordo com o El País, Annie Leibovitz esteve meses a estudar o acervo do Banco de Espanha - coleção de arte foi iniciada em 1783 -, que contempla mais de 100 retratos, incluindo dos reis Juan Carlos I e Sofia, da autoria de Carmen Laffón, pelos quais a fotógrafa norte-americana manifestou um especial interesse. 

“O resultado são retratos fotográficos, mas paradoxalmente muito pictóricos: foram feitos sobre tela e não sobre papel fotográfico, o que contribui para a sensação de estar diante de um quadro”, explicou Yolanda Romero. “Segue assim a tradição do retrato institucional espanhol, mas renovando-a", acrescentou.

A responsável encontrou nas fotografias dos reis de Espanha "alusões ao retratista da corte Velázquez, que era capaz de criar no espetador a ilusão de estar a assistir à cena, de quase poder entrar no quadro", fazendo também referência à famosa pintura Las Meninas.

Depois de estarem patentes na exposição A Tirania de Cronos, os retratos do casal real vão decorar a sala do conselho de administração do Banco de Espanha.