O ativista de dupla nacionalidade egípcia e britânica Alaa Abd El-Fattah, que regressou na sexta-feira ao Reino Unido após vários anos detido no Egito, pediu esta segunda-feira (29 de dezembro) desculpas por mensagens antigas nas redes sociais que levaram a oposição a exigir a perda da nacionalidade e a sua expulsão. A polémica rebentou depois de, na sexta-feira (26 de dezembro), o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, lhe ter dado as boas-vindas, aparentemente sem conhecer o conteúdo das mensagens. “Estou muito feliz por Alaa Abd El-Fattah estar de volta ao Reino Unido e se ter reunido com os seus entes queridos, que estão certamente a sentir um profundo alívio”, escreveu Starmer no X. “O caso de Alaa tem sido uma das principais prioridades do meu governo desde que assumimos o poder”, acrescentou, agradecendo ao presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi, por ter concedido há três meses um perdão ao ativista de 44 anos..El-Fattah, uma das vozes de contestação na Primavera Árabe de 2011, foi condenado a última vez em 2021 por “espalhar notícias falsas” no Facebook sobre casos de tortura. Nesse mesmo ano, a mãe, que nasceu em Londres, conseguiu que lhe fosse dada cidadania. Boris Johnson era então primeiro-ministro e os conservadores fizeram campanha pela sua libertação.Esta surgiu em setembro, com o ativista a viajar finalmente para o Reino Unido na sexta-feira (26 de dezembro) para reencontrar o filho. O problema é que, após as boas-vindas de Starmer, reapareceram as polémicas mensagens de há mais de uma década. Numa considerou “heroica” a morte de “colonialistas”, especialmente “sionistas”, noutra disse que os polícias não tinham direitos e deviam ser todos mortos. A líder da oposição, Kemi Badenoch, e o líder do Reform UK, Nigel Farage, exigem que lhe seja tirada a nacionalidade britânica e que seja deportado. O ativista quebrou esta segunda-feira (29 de dezembro) o silêncio. “Ao analisar as mensagens agora - aquelas que não foram completamente distorcidas - compreendo o quão chocantes e dolorosas são, e por isso peço desculpa inequivocamente”, disse. E lembrou que as publicações eram “expressões da raiva e frustrações de um jovem numa altura de crises regionais” e do “aumento da brutalidade policial contra a juventude egípcia”.