Grande preocupação com nova variante. Europa fecha-se à África Austral
O executivo comunitário vai propor a ativação do "travão de emergência para parar as viagens aéreas da região da África Austral devido à variante de preocupação B.1.1.529". Itália, Alemanha e Reino Unido já começaram a tomar medidas.
A Comissão Europeia vai propor a suspensão de voos da África Austral com destino à União Europeia devido ao aparecimento de uma nova variante do SARS-CoV-2, responsável pela covid-19, anunciou esta sexta-feira a presidente da instituição.
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"A Comissão Europeia proporá, em estreita coordenação com os Estados-membros, ativar o travão de emergência para parar as viagens aéreas da região da África Austral devido à variante de preocupação B.1.1.529", indicou Ursula von der Leyen, numa curta publicação na rede social Twitter.
A presidente da Comissão Europeia não especifica quais os países abrangidos por esta medida.
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The @EU_Commission will propose, in close coordination with Member States, to activate the emergency brake to stop air travel from the southern African region due to the variant of concern B.1.1.529.
Este travão de emergência, implementado na UE devido à pandemia de covid-19, visa fazer face a situações preocupantes, como novas variantes, permitindo aos Estados-membros o endurecimento de medidas para travar a progressão do coronavírus SARS-CoV-2.
Depois do anúncio de Ursula von der Leyen, a porta-voz adjunta da Comissão Europeia, Dana Spinant, instou os Estados-membros da UE a serem "muito vigilantes" em relação à nova variante do SARS-CoV-2, saudando os que estão a "agir rapidamente" e prometendo medidas comunitárias a anunciar esta tarde.
"Queremos permanecer muito vigilantes e recomendamos aos Estados-membros e a todos que sejam muito vigilantes em relação a este novo vírus que está a circular", declarou Dana Spinant, dando conta de uma reunião esta tarde do grupo de Resposta do Conselho a situações de crise (IPCR), juntando Estados-membros, instituições europeias e especialistas.
O executivo comunitário está a "acompanhar de muito perto a evolução no que diz respeito a esta variante", trabalhando nomeadamente "com a Agência Europeia para a Segurança da Aviação, que está a preparar uma recomendação aos aeroportos e companhias aéreas sobre esta matéria", referiu.
Além disso, "o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças [ECDC, na sigla inglesa] classificou esta manhã esta variante como variante de interesse", o que significa que requer monitorização, adiantou a porta-voz.
O ECDC indicou que está a "acompanhar de perto a evolução da situação da variante B.1.1.529" e emitirá, entretanto, uma avaliação de risco, esperando-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS) também o faça.
Itália, Reino Unido, França e Alemanha tomam medidas. Nova variante "pode ser mais transmissível que a Delta"
O ministro da Saúde alemão cessante, Jens Spahn, fez saber esta sexta-feira que a Alemanha vai negar a entrada no seu território a viajantes estrangeiros da África do Sul por causa da nova variante.
"Esta regra, que vai valer a partir da noite de sexta-feira, vai afetar a África do Sul e "provavelmente países vizinhos", acrescentou.
De acordo com o ministro, apenas os cidadãos alemães poderão voltar a entrar, respeitando uma quarentena de 14 dias, mesmo que estejam vacinados.
"A última coisa que precisamos agora é da introdução de uma nova variante que poderá causar ainda mais problemas", explicou o ministro.
A Itália também já decidiu interditar a entrada de pessoas no país que estiveram nos últimos 14 dias na África do Sul, Botsuana, Zimbabué, Moçambique, Namíbia ou Essuatíni (antiga Suazilândia) devido à nova variante.
O ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, fez saber que os cientistas estão a analisar a variante B.1.1.529 e enquanto essa monitorização é feita o país está a agir com "a máxima cautela".
Também a França decidiu hoje suspender os voos provenientes de Moçambique, África do Sul, Lesotho, Botsuana, Zimbabué, Namíbia e Essuatini, com efeito imediato e durante pelo menos 48 horas, após ter sido encontrada uma nova variante do coronavírus.
"Estas medidas destinam-se a proteger contra a chegada deste vírus", disse o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, que salientou que se trata de uma nova variante que se está a propagar rapidamente, mas que há poucos casos até agora.
França junta-se à Áustria, Itália, Israel e Singapura na lista de países que proibiram hoje a entrada de viajantes provenientes de Moçambique, a par de outros países da África Austral, como medida de precaução devido à nova variante do coronavírus detetada na África do Sul.
O Japão anunciou igualmente a imposição de medidas restritivas à entrada de viajantes provenientes de países daquela região africana, em particular, da África do Sul, onde foi detetada a nova variante.
Já na quinta-feira, o Reino Unido optou por adicionar seis países africanos à 'lista vermelha' da covid-19, proibindo temporariamente os voos, devido ao risco associado à nova variante detetada na África do Sul e considerada a "pior até agora".
A variante B.1.1.529 tem "um número extremamente elevado" de mutações que podem evitar a resposta imunitária criada pela infeção ou vacinação, alertam os especialistas do Reino Unido, citados pela Sky News.
O secretário da Saúde, Sajid Javid, divulgou, através da rede social Twitter, que a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) está "a investigar a nova variante" e que "são necessários mais dados", mas que neste momento estão a ser tomadas "precauções".
"A partir do meio-dia de amanhã [sexta-feira], seis países africanos serão adicionados à 'lista vermelha', os voos serão temporariamente proibidos e os viajantes do Reino Unido deverão ficar em quarentena", pode ler-se.
COVID-19 UPDATE:@UKHSA is investigating a new variant. More data is needed but we're taking precautions now.
From noon tomorrow six African countries will be added to the red list, flights will be temporarily banned, and UK travellers must quarantine.
Sajid Javid alertou que a nova variante detetada na África do Sul "pode ser mais transmissível que a Delta" e acrescentou que "as vacinas atualmente no mercado podem ser menos eficazes".
Segundo especialistas, esta variante é "a pior identificada até agora".
O virologista do Imperial College London, Tom Peacock, definiu as mutações como "verdadeiramente terríveis", mas salientou que os casos ainda são poucos.
Segundo noticia a BBC, ainda não foi confirmado nenhum caso desta nova variante no Reino Unido. E há cerca de 59 casos confirmados até agora, identificados na África do Sul, Hong Kong e Botsuana.
O ministério da Saúde de Israel anunciou, entretanto, a deteção de um caso da nova variante. "Trata-se de uma pessoa que veio de Malawi", afirmou o governo. Avançou ainda que há duas pessoas que vieram do estrangeiro e que estão em quarentena. As três pessoas já estavam vacinadas contra a infeção por SARS-CoV-2, informou o ministério em comunicado.
O primeiro-ministro Naftali Bennett convocou uma reunião de emergência com autoridades da de saúde nacionais para averiguar a situação e os potenciais riscos.
O governo israelita incluiu na sua lista vermelha sanitária África do Sul, Lesoto, Botsuana, Zimbabué, Moçambique, Namíbia e Eswatini (antiga Suazilândia).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reúne-se esta sexta-feira para avaliar a nova variante. "Ainda não sabemos muito sobre esta variante. Aquilo que sabemos é esta variante tem um grande número de mutações. A preocupação é que, quando temos tantas mutações, isso pode ter um impacto no modo como o vírus se comporta", disse Maria van Kerkhove, responsável da OMS pela gestão da covid-19.
Esta nova variante do coronavírus que causa a covid-19, foi detetada na África do Sul, o país africano oficialmente mais afetado pela pandemia e que está a sofrer um novo aumento de infeções, anunciaram na quinta-feira cientistas sul-africanos.
A variante B.1.1.529 tem um número "extremamente elevado" de mutações
"Infelizmente, detetámos uma nova variante que é motivo de preocupação na África do Sul", disse o virologista Tulio de Oliveira, numa conferência de imprensa online.
A variante B.1.1.529 tem um número "extremamente elevado" de mutações, de acordo com cientistas sul-africanos que já tinham detetado a variante Beta, muito contagiosa.
Nesta fase, os cientistas não têm a certeza da eficácia das vacinas anti-covid-19 contra esta nova linhagem do vírus.
Também na quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada para a "ocorrência de uma nova variante de covid-19" na África do Sul e Botsuana, com "elevado número de mutações", anunciou a diretora da OMS para África, Matshidiso Moeti.
Na ocasião Matshidiso Moeti falou também num "um aumento de novos casos na África Austral, com um aumento de 48% de novos casos de infeção na última semana, em comparação com a semana anterior".
Esta tendência sucede a um período de 18 semanas de declínio sustentado de novos casos, com uma ligeira curva ascende apenas na África do Sul.
O anúncio hoje feito pela presidente da Comissão Europeia surge um dia após a instituição ter proposto uma atualização das recomendações sobre viagens de cidadãos de países terceiros para a UE, para dar prioridade aos viajantes vacinados contra a covid-19.
Também na quinta-feira, o executivo comunitário propôs um reforço da coordenação sobre viagens dentro da UE devido ao aumento de casos de covid-19 um pouco por toda a Europa, sugerindo que vacinados não sejam submetidos a restrições adicionais e que não vacinados sejam mais controlados.
Notícia atualizada às 12:55