Os líderes dos 27 reúnem-se esta quarta-feira, 1 de outubro, para um Conselho Europeu informal em Copenhaga protegidos por extraordinárias medidas de segurança garantidas não só pelas autoridades locais, mas também por militares e equipamentos fornecidos por países desde os Estados Unidos, à Finlândia e Alemanha, passando por Reino Unido, França e Ucrânia, depois de drones terem sobrevoado o país nórdico na última semana e meia, provocando a paralisação de vários aeroportos. Um cenário que se repetirá na quinta-feira, 2 de outubro, no encontro da Comunidade Política Europeia - a título de exemplo, segundo o Guardian, foram reservados cerca de 10.000 quartos de hotel para agentes de segurança vindos de fora da capital dinamarquesa.Na agenda inicial da reunião desta quarta-feira estava já a questão da segurança e defesa da Europa, mas as violações do espaço aéreo por parte da Rússia com drones ou aviões militares na Polónia, Roménia e Estónia, mas também na Dinamarca (embora as autoridades de Copenhaga não digam claramente que Moscovo é o autor das incursões) ganharam um novo protagonismo na reunião desta quarta-feira. O que deverá acontecer igualmente na quinta-feira quando a discussão for alargada, também na capital dinamarquesa, aos 47 líderes da Comunidade Política Europeia, mas também da NATO (todos os países afetados pelas incursões fazem parte da Aliança) e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa. “Estas provocações são um desafio para a UE como um todo”, referiu uma fonte próxima de António Costa ao Politico. “Este momento exige um processo acelerado e concreto no reforço da defesa comum da Europa. Em Copenhaga, a discussão dos líderes centrar-se-á no desenvolvimento de capacidades concretas e de projetos conjuntos que vão ao encontro dos nossos objetivos comuns no domínio da defesa”, incluindo o muito falado “muro de drones”. Uma ideia defendida pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen - o executivo comunitário pediu aos 27 que identifiquem as carências militares que têm, para poder reforçar as capacidades através de “coligações de Estados-membros”, começando pelo “muro de drones” no flanco leste - mas que não é unânime. Na segunda-feira, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, mostrou o seu ceticismo em relação a esta ideia, dizendo que “não estamos a falar de um conceito que será concretizado nos próximos três ou quatro anos”.Falando esta terça-feira, antes de uma reunião do colégio de comissários dedicada à segurança e defesa na qual participou o secretário-geral da NATO, Ursula von der Leyen afirmou que “a Europa deve dar uma resposta forte e unida às incursões de drones da Rússia nas nossas fronteiras”, voltando a sublinhar a necessidade de prosseguir a construção de um “muro de drones”.Já Mark Rutte repetiu que, embora a NATO ainda esteja a avaliar a autoria das incursões de drones na Dinamarca, “quando se trata da Polónia e da Estónia, é evidente que são os russos”. “Ainda assim, estamos a avaliar se é intencional ou não. Mas mesmo que não seja intencional, é imprudente e inaceitável”.Outro dos temas destes encontros será a continuidade do apoio à Ucrânia, nomeadamente os ativos congelados da Rússia, com Ursula von der Leyen a querer que os 27 concordem com a ideia de utilizar 140 mil milhões de euros destes bens para financiar empréstimos a Kiev. Um plano que parece já ter conquistado o apoio de países como a Alemanha, mas que continua com a objeção da Bélgica - a maior parte destes ativos estão na Euroclear, com sede em Bruxelas, o que aumenta o risco desta operação para os belgas. O enviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia afirmou esta terça-feira, 30 de setembro, que a Rússia “não está a ganhar esta guerra”. “Acho que, provavelmente, no fundo, ele [Putin] percebe que não pode ganhar. Esta é uma luta invencível para ele, a longo prazo. Não vai acontecer”, acrescentou Keith Kellogg no Fórum de Segurança de Varsóvia.Sobre a possibilidade de conseguir um encontro entre Zelensky, Putin e Trump, o enviado dos EUA explicou que “a forma de chegar a isso, mais ou menos como a Ucrânia está a fazer agora, é tornar isso quase proibitivo em termos de custos”, lembrando que Kiev está a progredir nesta meta “atingindo as refinarias, que reduziram 20% da sua produção de petróleo”.Na opinião de Kellogg, a Rússia “é um petroestado e, se lhes tirarmos os petrodólares, terão um problema enorme”. “Acho que não precisamos de traçar mais linhas vermelhas. Ele [Putin] tem o problema, não o Ocidente, e tem de tomar essa decisão, não o Ocidente. O Ocidente vai estar muito, muito bem alinhado, e tenho uma grande confiança nele”, acrescentou. .Ucrânia propõe aos aliados a criação de um escudo comum contra as ameaças aéreas russas.Ações do Kremlin podem levar a “um confronto armado entre a NATO e a Rússia”