A prisão de Ketziot é localizada no sul de Israel, perto da fronteira com o Egipto, em pleno deserto de Negev.
A prisão de Ketziot é localizada no sul de Israel, perto da fronteira com o Egipto, em pleno deserto de Negev.FOTO: Wikimedia Commons

Mortágua queixa-se de estar "há 48 horas sem comida nem água" em Ketziot: saiba como é a prisão onde está detida a líder do BE

Nas redes sociais, Joana Mortágua deu conta do relato feito pela coordenadora bloquista. Ao DN, fonte oficial do MNE não confirma as queixas, mas embaixadora apresentou protesto. Prisão tem histórico de maus-tratos e falta de condições.
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Localizada no deserto de Negev, no sul de Israel, a prisão de Ketziot é onde se encontram os quatro cidadãos portugueses detidos pelas autoridades israelitas após tentarem furar o bloqueio a Gaza a bordo da flotilha humanitária.

A cerca de 72 quilómetros de Bersheba e já perto da fronteira com o Egipto, a prisão de Ketziot chegou a ser o maior campo de detenção gerido pelo exército israelita. Durante a Primeira Intifada (uma revolta da população palestiniana contra israelitas), chegaram a estar ali três quartos dos palestinianos detidos pelo exército israelita e mais de metade de todos os palestinianos detidos no país.

Ao todo, o complexo da prisão tem 40 hectares, sendo o maior em todo o território israelita. Em 1990, segundo a Human Rights Watch, um em cada 50 homens palestinianos (incluindo Gaza) com mais de 16 anos estava ali detido. Acabaria por ser encerrada em 1995, tendo sido reaberta em 2002, ano da Segunda Intifada.

Agora, foi lá que o regime israelita colocou a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício, e os dois ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves. Segundo confirmou ao DN fonte do MNE, a embaixadora em Israel visitou-os nas instalações e confirmou que todos "estão bem de saúde", apesar das condições "difíceis" no centro de detenção.

Segundo uma publicação de Joana Mortágua no X, a porta-voz bloquista comunicou através do cônsul e alega estar "numa cela com 12 [pessoas]" e "sem comida nem água há 48 horas".

O DN tentou confirmar estas queixas junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), que explicou que "o relato que foi feito dá nota de que estiveram bastante tempo sem água quando estavam no porto". "No centro de detenção já havia água mas não parecia capaz de se beber (embora dissessem que era potável). Relataram isto e a embaixadora protestou logo na altura junto do responsável da área de detenção. O ministério fez o mesmo junto do Embaixador de Israel em Lisboa".

Entretanto, num vídeo publicado no Instagram, o ministro israelita Ben Gvir caminha pelos corredores de Ketziot, dizendo que é ali, na prisão de "alta segurança", que se tratam "terroristas". "São tratados como terroristas, nas mesmas celas e com as mesmas circunstâncias. Isto significa que terão apenas o mínimo dos mínimos. Foi isto que prometi e é isto que farei", disse o titular da pasta da Segurança Nacional israelita.

No passado, a prisão de Ketziot já esteve no centro das atenções devido a maus-tratos a prisioneiros. Segundo um relatório da B'Tselem, uma organização não-governamental (ONG) israelita, de agosto de 2024, haveria 55 palestinianos detidos desde o dia 7 de outubro de 2023 (data do ataque inicial do Hamas contra Israel). 12 estariam nesta prisão, tendo denunciado falta de comida e água, agressões severas e abusos sexuais.

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