Os 32 países da Aliança Atlântica acordaram hoje um aumento do investimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na área da defesa até 2035, com uma revisão dos objetivos em 2029.
“Unidos para fazer face às profundas ameaças de segurança e desafios, em particular a ameaça a longo prazo apresentada pela Rússia à segurança euro-atlântica e a persistente ameaça do terrorismo, os aliados comprometem-se a investir 5% do PIB anualmente em requerimentos de defesa, assim como em despesas relacionadas com defesa e segurança até 2035”, referiram na Declaração da Cimeira de Haia (Países Baixos).
De acordo com o documento divulgado ao início da tarde, os chefes de Estado e de Governo das 32 nações que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) firmaram um compromisso para reforçar as “forças [militares], capacidades, recursos, infraestruturas, prontidão militar, e a resiliência necessária para dissuadir e defender” o território abrangido pela organização político-militar.
"5% do PIB é um contributo significativo. Será 3,5% para equipamento e 1,5% para investimento", afirmou Mark Rutte em conferência de imprensa, garantindo que os Estamos Unidos continuam "empenhados na NATO" e que continuará a ser dado apoio à Ucrânia. "Precisamos de qualidade e quantidade. Há muitos benefícios económicos", vincou o secretário-geral.
Luís Montenegro reiterou esta quarta-feira, 25 de junho, à chegada à cimeira da NATO, que Portugal vai atingir os 2% do PIB em defesa este ano e tem a perspetiva de "fazer um investimento nos próximos 10 anos para atingir os 3,5%".
"“Portugal está preparado para ser parte de uma cimeira que marca uma nova fase, que garante a unidade da Aliança Atlântica, que garante a solidariedade entre Europa, os Estados Unidos, o Canadá. Existe uma nova ambição no âmbito de segurança e defesa, para termos aliança atlântica com maior capacidade de dissuasão e continuarmos a ser uma nação soberana, e para isso teremos de investir mais em defesa e atingir os 2%. Olhamos para esta etapa como um investimento na economia e faremos esse investimento com equilíbrio", garantiu o primeiro-ministro português em Haia, nos Países Baixos.
O líder do Governo português frisou que na "aliança atlântica ficará muito claro apoio a Ucrânia para uma paz duradora na Europa" e destacou que a aposta em defesa permite "continuar a assegurar aos cidadãos que os seus direitos, liberdades e garantias estão salvaguardados, que podemos ter as nossas democracias a funcionar e que podemos ter uma capacidade coletiva de enfrentarmos as ameaças que pairam sobre nós a vários níveis, não só do ponto de vista territorial, mas também do ponto de vista tecnológico". “Todos teremos de fazer um esforço”, adiantou.
A cimeira da NATO realiza-se em Haia, nos Países Baixos, com a presença dos 32 países que compõem a organização político-militar, e a Ucrânia e os países do Indo-Pacífico como convidados.
Os Estados-membros da Aliança Atlântica avançam nesta reunião para um novo objetivo de investir pelo menos 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na área da defesa, repartindo 3,5% para investimento direto e 1,5% para projetos de dupla utilização.
O secretário-geral da NATO defendeu, por seu lado, que “não há alternativa” a investir 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na área da defesa e considerou que os políticos “têm de fazer escolhas na escassez”.
“É verdade, os países têm de arranjar o dinheiro [para investir]. Não é fácil, são necessárias decisões políticas, reconheço isso. Em simultâneo, há a convicção absoluta de que, dada a ameaça apresentada pela Rússia, dada a situação internacional securitária, não há alternativa”, disse Mark Rutte, à entrada para a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Haia, nos Países Baixos.
O secretário-geral da NATO reconheceu que ainda há nove países que só alcançarão os 2% de investimento do PIB em defesa no final de 2025, mas rejeitou que a recusa de Espanha em ir além desta percentagem quebre a unidade da organização político-militar.
“Não estou preocupado com isso. Claro que é uma decisão difícil, mas vamos ser honestos: os políticos têm de fazer escolhas na escassez”, comentou.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, vai encontrar-se esta quarta-feira, 25 de junho, com o seu homólogo dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, durante a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Fonte da Presidência ucraniana revelou à AFP a reunião, informação que a Lusa confirmou com fontes próximas do Governo ucraniano. Enretanto, o próprio Donald TRump também já confirmou o encontro. "Vamos discutir o óvio", disse, hoje em Haia, segundo a AP. "Vamos discutir as dificuldades dele", acrescentou, referindo-se a Zelensky como "um bom tipo".
As mesmas fontes avançaram à Lusa que a reunião deverá começar pelas 13:00 locais (12:00 em Lisboa).
O Presidente ucraniano deverá pedir mais sanções de Washington contra Moscovo e a aquisição de armamento dos EUA.
Lusa
Centenas de pessoas protestam no exterior da sede da NATO, em Haia, nos Países Baixos, em protesto contra os aumentos de gastos em defesa.
A manifestação, que decorre no dia da cimeira da aliança atlântica, já cortou uma autoestrada.
Alguns dos manifestantes foram detidos pelas autoridades neerlandesas.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, previu esta quarta-feira, 25 de junho, “decisões históricas e transformadoras” na cimeira de Haia para alocar 5% do PIB à defesa, visando compensar o “esforço desproporcional” dos Estados Unidos.
“Nesta reunião, tomaremos decisões históricas e transformadoras para tornar os nossos povos mais seguros, para uma NATO mais forte, mais justa e mais eficaz. Para reforçar a NATO, temos um plano concreto para que todos os aliados invistam 5% do PIB [Produto Interno Bruto] em defesa”, disse Mark Rutte.
Intervindo perante os 32 líderes da NATO no arranque do segundo dia da cimeira de Haia, o líder da Aliança Atlântica vincou que isso também “tornará a NATO mais justa, garantindo que todos contribuem de forma equitativa para a nossa segurança”.
“Durante demasiado tempo, um único aliado – os Estados Unidos – suportou uma parte desproporcional desse esforço, [mas] isso muda hoje”, disse Rutte, num discurso transmitido pela Aliança Atlântica.
Dirigindo-se ao Presidente norte-americano, Donald Trump, acrescentou: “Foi graças à sua liderança que esta mudança foi possível”.
Na sua intervenção, Mark Rutte apontou que esta cimeira acontece “num momento perigoso”, quando a “guerra da Rússia contra a Ucrânia continua” e há também “guerra no Médio Oriente”, bem como terrorismo.
“Perante isto, permanecemos unidos na NATO – a aliança defensiva mais poderosa da história. A história mostrou que a cooperação entre a América do Norte e a Europa é uma combinação vencedora. Os nossos adversários sabem disso”, elencou.
Outra das decisões passa assim, segundo o responsável pela organização, por continuar o apoio à Ucrânia, “ao mesmo tempo que se procura uma paz justa e duradoura”.
“Todos desejamos que o derramamento de sangue termine. Apelamos à Rússia para que ponha fim à sua agressão contra a Ucrânia”, apelou.
O secretário-geral da Aliança Atlântica assegurou ainda o “compromisso inabalável com o Artigo 5.º da NATO, que a seu ver envia “uma mensagem poderosa” ao indicar que um ataque contra um é um ataque contra todos.
Na terça-feira, Donald Trump admitiu, contudo, “várias formas de definir" esse artigo.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, sustentou hoje que a nova meta de investimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), de alocar 5% do PIB à Defesa, garante “alguma flexibilidade” temporal, por retirar objetivos anuais obrigatórios.
“Esta é uma cimeira onde os aliados assumem, num período de 10 anos, atingir um investimento na área da segurança e defesa de 3,5% de forma direta, a que acresce mais 1,5% de forma indireta. Eu sei que este objetivo é um objetivo ainda mais ambicioso do que anterior [de 2%] e que, por isso mesmo, foi necessário um processo negocial intenso no qual Portugal, com a descrição que estes procedimentos devem envolver, contribuiu de forma ativa para termos um projeto credível de atingir estes objetivos”, declarou Luís Montenegro.
Falando aos jornalistas portugueses à margem da cimeira da NATO, marcada pelo compromisso de os 32 aliados alocarem 5% do seu PIB à área da defesa, o chefe de Governo sublinhou o esforço português “para que se consagrasse alguma flexibilidade porque […] é particularmente ambiciosa”.
“Em primeiro lugar, obtivemos um alargamento do prazo para o cumprimento destas metas, que inicialmente estava previsto em várias das propostas alcançar-se em 2030, e no final desta cimeira ficará consagrado que esse objetivo é, por outro lado, até 2035”, apontou.
Além disso, “foi também importante introduzir um contexto de não imposição de tetos fixos ou percentagens de incremento anual, o que não quer dizer que cada aliado não deva ter um processo credível de incremento dos investimentos na área da defesa, mas sem uma imposição de cumprimento de metas anualizadas”, referiu.
De acordo com Luís Montenegro, foi ainda introduzida “uma cláusula de revisão estratégica em 2029, em função da evolução do contexto geopolítico, do contexto estratégico e da possibilidade de se atingir alguns dos alvos capacitários”, adiantou.
O secretário-geral da NATO atribuiu hoje ao presidente norte-americano “todo o mérito” pelo compromisso que os países da organização político-militar fizeram de investir mais, rejeitando que tenha demonstrado fraqueza perante Donald Trump.
Questionado sobre se os elogios que fez a Donald Trump demonstram fraqueza da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Mark Rutte rejeitou que tenha cedido a caprichos do líder norte-americano, considerando, sim, que “as coisas estão a avançar” com o republicano.
“Está a fazer coisas que nos obrigam a investir mais. Teria sido este o resultado da cimeira se ele [Donald Trump] não tivesse sido eleito? Chegaríamos na década de 2030 aos 5% [do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa]? Não merece mérito pelo que fez?”, questionou Mark Rutte.
O secretário-geral da NATO considerou ainda que o que Donald Trump “fez com o Irão” impediu Teerão de desenvolver armamento nuclear: “Merece todo o mérito.”
Sobre o objetivo acordado hoje pelos 32 países da Aliança Atlântica de investir pelo menos 5% do PIB na área da defesa até 2035, Mark Rutte considerou que foi um “salto quântico” para fazer uma NATO “mais forte, justa e letal”.
Donald Trump começou a sua conferência pós Cimeira da NATO dizendo que foi "uma viagem bastante longa, mas que valeu a pena".
"Coisas tremendas foram realizadas", prosseguiu o presidente dos Estados Unidos, elogiando os Países Baixos, país anfitrião, mas também o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, um neerlandês nascido em Haia, a cidade que acolheu o encontro.
Sobre o acordo alcançado nesta cimeira quanto aos 5% do Produto Interno Bruto de cada um dos 32 membros da Aliança em gastos com a Defesa, algo que reclamava, Donald Trump sublinhou que “o foco principal das nossas conversações na cimeira foi a necessidade de outros membros da NATO assumirem o ónus da defesa da Europa, o que incluía o encargo financeiro, como sabem, era de 2%, [e] aumentámo-lo para 5%", contando que "alguns deles vieram ter comigo, um em particular, e disseram: ‘senhor, temos tentado elevar para 3% há 20 anos, e não conseguimos, e o senhor conseguiu para 5%’, por isso vão... a maioria deles. Penso que quase todos vão contribuir agora.”
"Num marco histórico desta semana, os Aliados da NATO comprometeram-se a aumentar drasticamente as suas despesas com a defesa para 5% do PIB, algo que ninguém imaginava realmente ser possível. E eles disseram: 'conseguiu, senhor, conseguiu.' Bem, não sei se consegui, mas acho que consegui", continuou o presidente norte-americano.
O Reino Unido vai gastar pelo menos 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa e segurança até 2027, de acordo com as regras hoje aprovadas pela NATO, afirmou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Numa conferência de imprensa no final da cimeira da Aliança Atlântica em Haia, Starmer referiu que "de acordo com as novas definições da NATO, estimamos que vamos alcançar pelo menos 4,1% do PIB até 2027 a manter os britânicos seguros".
Starmer afirmou que o compromisso de gastar 5% do PIB em medidas de defesa e segurança até 2035, alcançado hoje pelos 32 Estados-membros da NATO reunidos em cimeira, irá tornar a Aliança Atlântica "mais forte, mais justa e mais letal do que nunca".
"Isto inclui despesas militares, bem como investimentos vitais na nossa segurança e resiliência, como a proteção da nossa segurança cibernética e das nossas redes de energia", vincou o líder britânico.
O Reino Unido gasta atualmente cerca de 2,3% do PIB com a defesa.
Durante a sua conferência de imprensa após o final da Cimeira da NATO, Donald Trump admitiu que sai de Haia com uma visão "um pouco diferente" da Aliança após ter vivido cenas "emocionantes" com os líderes dos outros 31 países.
"Vi os líderes destes países levantarem-se, o amor e a paixão que demonstraram pelos seus países foram inacreditáveis. Nunca vi nada assim. Querem proteger os seus países. Precisam dos Estados Unidos, e sem os Estados Unidos, não será a mesma coisa. E pode perguntar ao Mark [Rutte], ou a qualquer pessoa que lá estivesse. Foi realmente emocionante ver isto."
E, tal como já tinha feito durante a manhã, Donald Trump voltou a assumir o compromisso dos Estados Unidos com o Artigo 5 da NATO, que estipula que qualquer ataque a um dos membros será considerado um ataque a todos os membros.
"Foi ótimo. Saí daqui diferente. Saí daqui a dizer que estas pessoas realmente amam os seus países, que não é um engano. E nós estamos aqui para os ajudar a proteger os seus países."
O presidente dos Estados Unidos ameaçou hoje aplicar a Espanha tarifas mais severas pela recusa de Madrid em investir mais na área da defesa no âmbito da NATO.
“Acho terrível o que fez Espanha, vamos negociar com eles e vão pagar o dobro. Vamos obrigá-los a pagar, Espanha quer uma viagem grátis e eu vou obrigá-la a pagar de outra forma”, disse Donald Trump.
O Presidente dos EUA acrescentou que vai “negociar diretamente” com o Governo de Pedro Sánchez e que Madrid “vai pagar mais assim”.
A posição surge numa altura em que os EUA negoceiam com a União Europeia a aplicação de tarifas recíprocas de 20%, que Bruxelas espera conseguir baixar, e só no âmbito das quais se poderia abranger Madrid.
Lusa
A União Europeia (UE) esgotou as possibilidades de aplicar sanções à Rússia, afirmou hoje o chanceler alemão, pedindo aos Estados Unidos para exercer pressão sobre Moscovo para que se sente à mesa das negociações com Kiev.
"Na UE esgotámos objetivamente o que podemos fazer", declarou Friedrich Merz no final da cimeira da NATO.
Merz explicou que determinadas sanções podem ser impostas a solo pelos Estados Unidos, algo que o governante alemão também voltou a comunicar, na quarta-feira, ao Presidente norte-americano, afirmando "estar nas mãos" de Donald Trump.
"Há um processo de formação de opinião que a meu ver ainda não foi concluído", respondeu o chanceler, ao ser questionado sobre a possibilidade de Washington impor finalmente estas sanções.
Merz reiterou que "não haverá uma solução militar" para a guerra na Ucrânia, mas o que a UE pode fazer neste sentido "não é suficiente".
Por outro lado, realçou a ameaça procedente de Moscovo não só para a Ucrânia, mas também para os países europeus e da NATO, advertindo: "Não sabemos se um dia a nossa preparação não vai ser posta à prova".
Merz atribuiu à Rússia "ataques diários" contra redes de dados, bem como a difusão de notícias falsas, desinformação e ações de sabotagem no mar Báltico.
O chanceler alemão também mencionou voos de drones documentados na Alemanha para espiar instalações militares, de acordo com as autoridades alemãs.
"Já nos estão a atacar desta maneira", disse Merz, ao considerar que neste século a diferença entre guerra e paz se tornou mais difusa.
Sobre a reunião dos chefes de Estado e Governo da NATO, Merz afirmou tratar-se de uma "cimeira histórica".
Lusa