Mondlane voltou à PGR para ser ouvido, depois de em 11 de março ter estado no mesmo local a prestar declarações durante mais de 10 horas.
Mondlane voltou à PGR para ser ouvido, depois de em 11 de março ter estado no mesmo local a prestar declarações durante mais de 10 horas.Foto: LUÍSA NHANTUMBO / Lusa

Mondlane diz que PGR moçambicana só o quer responsabilizar pela crise pós-eleitoral

Disse ainda que a PGR, “como guardiã da legalidade” e se “quisesse cumprir com esse papel”, teria que analisar tudo o que aconteceu durante os vários meses de agitação social.
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O político moçambicano Venâncio Mondlane disse que já é visado em mais de 30 processos judiciais no âmbito das manifestações pós-eleitorais, acusando a Procuradoria-Geral da República (PGR) de o querer responsabilizar por toda a crise pós-eleitoral.

“Eu perdi a conta, não é? Porque penso que são um pouco mais de 30. Então, não tenho muita certeza. São tantos, já não tenho certeza”, disse o ex-candidato presidencial, questionado pela Lusa à chegada, cerca das 09:00 locais (08:00 em Lisboa), à PGR, em Maputo, sob forte aparato policial, para voltar a ser ouvido.

“Encaro como uma necessidade muito ardente da PGR tentar olhar para o problema que ocorreu no período eleitoral e pós-eleitoral de uma maneira unilateral. Quer dizer, uma tentativa de tentar desesperadamente reunir provas a propósito e a despropósito para tentar gravitar toda a questão da crise pós-eleitoral no Venâncio, quando nós sabemos que esta é uma questão multifacetada, que isso envolve os órgãos de justiça, órgãos eleitorais, envolve a própria polícia, que cometeu atrocidades de todo o género”, afirmou.

Disse ainda que a PGR, “como guardiã da legalidade” e se “quisesse cumprir com esse papel”, teria que analisar tudo o que aconteceu durante os vários meses de agitação social e contestação ao processo em torno das eleições gerais de 09 de outubro, em que morreram cerca de 400 pessoas, além de elevada destruição em todo o país.

“Mas nós, até este momento, não temos notícias com evidências das Forças de Defesa da Segurança e dos seus oficiais que tenham sido também processados, ouvidos e interrogados neste processo”, criticou o ex-candidato presidencial, que não reconhece os resultados eleitorais.

Hoje, Mondlane voltou à PGR para ser ouvido, depois de em 11 de março ter estado no mesmo local a prestar declarações durante mais de 10 horas, saindo com Termo de Identidade e Residência, processo em que é visado por incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais.

“A notificação [de hoje] fala de esclarecimentos adicionais, então não faço a mínima ideia do que é que se trata, portanto venho aqui para saber quais são esses esclarecimentos que a PGR precisa”, disse, acrescentando: “Como eu tinha dito da outra vez, nem sequer depois das 10 horas eu soube qual é o crime que eu era acusado (…). Até agora nunca me foi dito qual é o crime de que sou acusado do que me leva aqui à PGR”.

Várias avenidas e ruas do centro de Maputo, na envolvente da PGR estão hoje cortadas ao trânsito, com um forte reforço policial, várias horas antes da chegada esperada de Venâncio Mondlane para ser ouvido.

Conforme a Lusa constatou, desde as primeiras horas da manhã que a circulação em várias artérias envolventes e que dão acesso à avenida Vladimir Lenine, sede da PGR, está cortada, com a presença de dezenas de elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), da polícia, fortemente armados.

“Este aparato, quer dizer, é incrível, não é? o tipo de honra que me têm dado, é uma coisa impressionante, não é? Sempre tenho este privilégio de ter uma proteção policial fora do comum, não é? Mesmo a escolta presidencial, falo da presidencial da UIR, nunca teve um privilégio de tamanha dimensão”, comentou.

Mondlane revelou publicamente nos últimos dias que foi notificado pelo Ministério Público na cidade de Maputo para estar hoje na PGR, com a “advertência de detenção” caso não se apresente.

Nas últimas horas surgiram vídeos nas redes sociais com apelos à mobilização de apoio ao político, na sua deslocação à PGR, mas não se registavam incidentes ou problemas de segurança.

Após meses de agitação social e manifestações de contestação aos resultados eleitorais - vitória de Daniel Chapo e da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o chefe de Estado e Venâncio Mondlane encontraram-se pela primeira vez em 23 de março, em Maputo, e acordaram pela pacificação do país, repetindo o encontro em 20 de maio.

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