Mondlane apela a novos protestos e Nyusi convida os quatro candidatos para reunião
O candidato presidencial independente Venâncio Mondlane apelou esta terça-feira aos moçambicanos a que cumprissem três dias de luto nacional pelas “50 vítimas mortais” nas manifestações pós-eleitorais, a partir de hoje, incluindo uma para- gem e buzinão, com os carros, por 15 minutos. Um apelo feito no mesmo dia em que o presidente Filipe Nyusi anunciou ter convidado os quatro candidatos presidenciais para uma reunião.
“Vamos parar todas as viaturas e buzinar em homenagem aos nossos heróis (...). Os que não têm viaturas, das 12.00 às 12.15 [menos duas horas em Lisboa], levantem cartazes, da reposição da verdade eleitoral, nos semáforos, no meio das ruas, como se fossem sinaleiros”, apelou Mondlane, numa transmissão em direto na sua conta oficial no Facebook, anunciando uma nova fase de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 9 de outubro.
A ação entre hoje e sexta-feira, em todo o país, é o luto pelas vítimas, manifestantes que participaram em ações de protesto anteriores, prosseguiu Mondlane, “baleadas pelas autoridades que as deviam proteger”. Neste período, o candidato independente apelou igualmente à população para manter o protesto ruidoso noturno dos últimos dias, de bater panelas e outros objetos, mas “sem marchas”, cingindo-se apenas à porta de casa ou ao quarteirão, face aos “infiltrados” e “vândalos” nos protestos.
Horas depois, e como já havia sido anunciado, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, falou ao país, referindo que convidou ontem os quatro candidatos presidenciais, “para, em conjunto, avaliarmos esta situação e encontrarmos uma solução que beneficie os moçambicanos”.
O governante disse ainda que as manifestações violentas das últimas semanas instalam o “caos” e que “espalhar o medo pelas ruas” fragiliza o país.
“Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique. Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (...). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas”, declarou Nyusi, numa mensagem de cerca de 45 minutos sobre a “situação do país no período pós-eleitoral”.
O chefe de Estado insistiu no apelo à “calma”, até “à validação dos resultados” pelo Conselho Constitucional, mas alertou que aqueles são a “soma das várias vontades” e não uma vontade “sozinha”.
com Lusa