Contrariando as sondagens, o Partido da Ação e Solidariedade (PAS) da presidente Maia Sandu obteve nas eleições parlamentares deste domingo (28 de setembro) 50,03% dos votos, mantendo assim a sua maioria absoluta, à frente do pró-russo Bloco Patriótico, do ex-presidente Igor Dodon, com 24,26%, assegurando assim que a Moldova vai manter a sua rota com vista à adesão à União Europeia, apesar da forte interferência de Moscovo verificada durante a campanha. De acordo com os resultados publicados pela Comissão Eleitoral Central após a contagem de 99,52% dos boletins, em terceiro lugar, com 7,99%, ficou o Movimento Alternativo Nacional (MAS) do presidente da Câmara de Chisinau, Ion Ceban, que apelou ao voto contra o PAS. A taxa de participação rondou os 52%, ou seja, cerca de 4 pontos acima da afluência verificada nas eleições parlamentares antecipadas de 2021.“Os resultados das eleições são uma vitória para o país, não para um partido”, afirmou Sandu esta segunda-feira, 29 de setembro. “Estou feliz por o nosso caminho para a UE estar garantido... Queria muito que os moldavos decidissem pela Moldova. Quero que a Moldova seja um país livre e democrático”.A Moldova, embora seja o país mais pobre da Europa e uma nação com apenas 2,4 milhões de habitantes, é de grande importância para a estabilidade do bloco dos 27 e dos seus planos de alargamento - faz fronteira entre o seu flanco leste e a Ucrânia e tem o seu processo de adesão ligado ao de Kiev, ao mesmo tempo que é um alvo apetecível para a Rússia, que mantém 1500 militares na região separatista pró-russa da Transnístria.Foi, por isso, com alívio que os líderes europeus receberam os resultados das eleições deste domingo. “O povo da Moldova escolheu a democracia, a reforma e um futuro europeu, face à pressão e à interferência da Rússia”, disse o presidente do Conselho Europeu, António Costa, no X.Os líderes da França, Alemanha e Polónia - que em agosto, numa inédita demonstração de apoio a Chisinau contra Moscovo, estiveram juntos na capital da antiga república soviética para celebrar os seus 34 anos de independência - felicitaram esta segunda-feira, numa declaração conjunta, a Moldova pela “condução pacífica das eleições, apesar da interferência sem precedentes da Rússia, incluindo esquemas de compra de votos e desinformação”.Também o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, - que, no seu discurso da ONU, tinha chamado a atenção para o perigo da Europa perder a Moldova para a Rússia - afirmou que “a ideia da Europa venceu, a ideia de um desenvolvimento nacional normal e estável”.O Kremlin, que nega qualquer tipo de interferência nestas eleições, acusou esta segunda-feira Chisinau de impedir centenas de milhares de moldavos que vivem na Rússia de votar, ao disponibilizarem apenas duas assembleias de voto no país. Questionado sobre se Moscovo reconhecia os resultados, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, notou que “em primeiro lugar, os próprios moldavos provavelmente deveriam resolver isto. Tanto quanto sabemos, algumas forças políticas estão a declarar o seu desacordo. Estão a falar em possíveis violações eleitorais”. O líder do Bloco Patriótico, Igor Dodon, apelou aos protestos contra os resultados, dizendo que “o PAS está a agarrar-se ao poder através dos votos da diáspora”, referindo-se ao grande número de moldavos que vivem e trabalham em países da UE. O antigo presidente alegou ainda que mais de 200.000 pessoas que vivem na Transnístria não conseguiram votar. Críticas rejeitadas por Sandu, que garantiu que a Moldova não pode influenciar o que se passa numa região que não reconhece o governo de Chisinau..As eleições-chave que vão decidir se o futuro da Moldova é a UE ou Moscovo.Eleições na Moldova "sem distúrbios" e "com muita afluência