O presidente da Renamo, Ossufo Momade, principal partido da oposição de Moçambique, exigiu esta segunda-feira a “anulação imediata” das eleições de 9 de outubro e a criação de um “governo provisório”, até que se realize uma nova ida às urnas. Momade foi também um dos quatro candidatos presidenciais, tendo, segundo os resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições, ficado em terceiro, um resultado inédito para a Renamo. .“Estamos aqui para solicitar a anulação imediata deste processo eleitoral. Aos olhos de todos e da comunidade internacional somos unânimes em afirmar que o mesmo não refletiu a vontade legítima do povo, por vários motivos que são, por todos nós, conhecidos”, disse Ossufo Momade, em conferência de impressa, em Maputo. Os resultados conhecidos apontam para a vitória de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, no poder, com 70,67% dos votos..Para Momade, a exigência da anulação das eleições, “não deslegitima a voz do povo, mas assegura que essa voz seja ouvida de forma clara e inquestionável”. “A nossa exigência de anulação não é uma ação leviana ou motivada por interesses pessoais ou partidários. Pelo contrário, é um apelo à ética, à justiça e à verdade”, prosseguiu o líder da Renamo, acrescentando que há evidências que apontam para práticas que comprometem o processo eleitoral..Ossufo Momade garantiu ainda que o seu partido tem aderido às manifestações, com panelas nas janelas, de contestação aos resultados das eleições gerais, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. “A Renamo está a manifestar-se porque a Renamo é o povo (...). Tocamos panelas, essa é que é a manifestação. A Renamo não vai ao encontro daquelas manifestações violentas, aquilo que pode criar problemas para si e para os outros”, declarou Momade. “Porque nós sabemos que manifestação é um direito que todos nós temos, mas não vamos permitir que a manifestação prive os direitos do irmão que está ali ao lado. Que aquele ali, o António, não possa ir trabalhar, que aquela ‘mamã’ que vende o seu tomate não vá ao mercado. Isto, nós não concordamos, mas concordamos com uma manifestação pacífica, que vá ao encontro da Constituição da República”, acrescentou o líder da Renamo..Venâncio Mondlane, que também não reconhece os resultados do escrutínio anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, pediu três dias de “panelaço” entre as 21.00 e as 22.00 locais, que terminaram esta segunda-feira e se fizeram sentir em todo o país, a partir das varandas e janelas, mas que degeneraram em novos focos de violência nas ruas..Uma atualização da plataforma eleitoral Decide, feita esta segunda-feira, indica que pelo menos 25 pessoas morreram e outras 26 foram baleadas em cinco dias de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique - estas mortes e feridos a tiro ocorreram entre os dias 13 e 17, em pelo menos cinco províncias..O primeiro secretário provincial da Frelimo em Manica, Tomás Chitlhang, avançou que pelo menos três sedes do partido foram incendiadas na sua província, no centro do país, desde o início das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane. Nestas ondas de vandalismo, deu-se a destruição de equipamento informático, imobiliário e a queima de documentos do partido..com Lusa