As autoridades apontam para a presença de 130 mil pessoas em Valência.
As autoridades apontam para a presença de 130 mil pessoas em Valência.EPA/BIEL ALINO

Milhares de valencianos exigem saída de Mazón por causa das cheias

Balanço mais recente do fenómeno meteorológico DANA aponta para a morte de 220 pessoas, 212 das quais na Comunidade Valenciana. Presidente da Generalitat repudia críticas feitas por ministra.
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Milhares de pessoas saíram este sábado à rua em Valência, mas também noutras cidades de Espanha, para mostrar a sua indignação e pedir a demissão imediata do presidente da Generalitat Valenciana, Carlos Mazón, e do seu executivo por “não terem sabido gerir” a tragédia que se abateu na região depois das cheias de final de outubro.

No início da manifestação ocorreram incidentes em frente à Câmara Municipal, onde um grupo de jovens atirou lama, o que exigiu a intervenção da tropa de choque. Posteriormente, no final da manifestação, lama, cadeiras e outros objetos foram novamente atirados contra os agentes policiais, que intervieram novamente. Alguns manifestantes tentaram também atear fogo ao edifício da Câmara.

O último balanço da DANA, como é chamado o fenómeno meteorológico, aponta para 220 mortos (212 na Comunidade Valenciana, sete em Castela-La Mancha e um na Andaluzia), tendo sido resgatadas 36721 pessoas, 64 entre sexta e sábado. 

“Mazón, demissão”, “Nós manchados de lama, vocês manchados de sangue”, “Mazón, o teu povo repudia-te, nem esquecimento, nem perdão” ou “Onde estava Mazón enquanto o povo se afogava?” eram alguns dos slogans que podiam ser lidos nas faixas empunhadas durante a marcha em Valência.

“Mostraram ser incompetentes. Não merecem liderar a vida dos valencianos. Não souberam gerir uma catástrofe natural, não souberam alertar-nos a tempo, não souberam organizar a ajuda de limpeza e recolha de material e, claro, que não serão capazes de organizar a reconstrução que necessita o nosso País Valenciano. Portanto, devem ir para casa, já”, declarou uma das porta-vozes da manifestação, citada pela Europa Press.

A ideia inicial era que esta manifestação fosse silenciosa, em homenagem às vítimas da tragédia, mas os gritos “Mazón, demissão” acabaram por ecoar nas ruas de Valência - a marcha atravessou o centro da cidade, terminando em frente ao palácio da presidência da Comunidade Valenciana, em cuja fachada alguns manifestantes espalharam lama e fumos negros. Segundo contas do governo regional, eram 130 mil pessoas. 

Depois do lançamento de sinalizadores contra o palácio da Generalitat, vários agentes da Polícia Nacional formaram um cordão de segurança à porta do edifício, tendo havido alguns confrontos, segundo o El País

O ponto final da manifestação ficou marcado ainda pela leitura de um manifesto com críticas a Mazón, mas também ao primeiro-ministro Pedro Sánchez e ao governo espanhol, que “deveria ter pressionado de forma contundente e imediata o Executivo valenciano devido à sua inacção e intervir com todas as suas tropas disponíveis e ajudar os cidadãos a reconstruir as suas vidas”.

Este sábado, o presidente da Generalitat Valenciana acusou a ministra da Transição Ecológica, Teresa Ribera, de não “estar interessada na situação” causada pela DANA “até às 20.00 de terça-feira, 29 de outubro”. “Eu perguntaria à ministra: teve de vir o alerta de cheias?” disse Mazón, em resposta a Ribera, que, na sexta-feira, garantiu que só conseguiu falar com ele cerca das 19.30, depois de ligar “quatro vezes” face à preocupação do Centro de Coordenação de Emergências de Valência com a “dificuldade” na tomada de decisões e a “gravidade da situação”. 

Mazón é também criticado por nesse dia ter tido um almoço de trabalho, a partir das 15.00, com uma jornalista, e que esse compromisso o teria afastado da tomada de decisões, mas ontem garantiu que durante e depois da refeição esteve “informado da evolução da DANA”. 

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