A CDU/CSU saiu vencedora nas eleições federais antecipadas deste domingo, com as projeções a indicarem que deverão ter entre 28,5% (ZDF) e 29% (ARD1) dos votos, e com o seu líder Friedrich Merz a preparar-se para ser o próximo chanceler da Alemanha, tal como indicavam as sondagens durante a campanha. A taxa de participação deve rondar os 83,5%, a mais elevada desde a reunificação em 1990. As primeiras projeções, divulgadas pelos canais ARD1 e ZDF, mostram ainda que os sociais-democratas do chanceler Olaf Scholz deverão mesmo passar a ser o terceiro maior partido da Alemanha, o seu pior resultado numa eleição parlamentar nacional desde o final da Segunda Guerra Mundial, enquanto a Alternativa para a Alemanha deverá confirmar o desempenho mais forte de um partido de extrema-direita no pós-guerra, passando a ser a segunda maior força política germânica.“A União ganhou as eleições, o novo chanceler chamar-se-á Friedrich Merz”, disse o secretário-geral da União Democrata-Cristã, Carsten Linnemann, num primeiro comentário às projeções, que mostram que, apesar da vitória, a CDU terá ficado abaixo da meta dos 30%. Friedrich Merz falou em seguida, dizendo que pretende formar uma coligação governamental o mais depressa possível, admitindo, porém, que “não será fácil”. “Preparámo-nos muito, muito bem para estas eleições para o Bundestag, e também para assumir a responsabilidade do governo”, declarou o líder conservador, agradecendo aos “eleitores pela confiança que depositaram” no partido e em si, “pessoalmente”. Estou ciente da responsabilidade. Estou também consciente da dimensão da tarefa que temos pela frente.“Fizemos uma campanha eleitoral muito dura. No entanto, esta campanha foi realmente necessária, também no debate sobre as questões importantes e importantes do nosso país, sobre política económica, migração, política externa e de segurança e segurança interna. Mas agora vamos conversar uns com os outros. E o mais importante é restabelecer um governo viável na Alemanha o mais rápido possível”, prosseguiu Merz, que tinha já admitido que pretende fazer uma coligação com o SPD e/ou os Verdes. Estes últimos surgem em quarto lugar nas projeções, entre 12% (ZDF) e os 13,5% (ARD1). Com as projeções a darem um resultado entre os 16% (ARD1) e os 16,5% (ZDF) ao SPD, o chanceler Olaf Scholz afirmou que “este é um resultado eleitoral amargo” para os social-democratas, chamando-lhe mesmo “uma derrota eleitoral”.Scholz lamentou ainda que “um partido de extrema-direita como a AfD esteja a obter tais resultados. Isso deve ser algo que nunca aceitaremos”, apelando ainda aos restantes partidos para manterem o cordão sanitário à extrema-direita.Já Alice Weidel, co-líder da AfD e candidata a chanceler, celebrou o facto de o partido se ter tornado na “segunda maior força”, estando agora “firmemente ancorado” na corrente dominante alemã. A líder de extrema-direita mostrou-se também disponível para discutir uma participação da AfD no próximo governo, dizendo que “estendemos a mão para oferecer cooperação com a CDU. Caso contrário, a mudança não será possível na Alemanha”. Um apelo que não terá sucesso, pois Merz repetiu inúmeras vezes durante a campanha estar fora de questão qualquer colaboração com a extrema-direita, mesmo depois de ter visto uma moção não-vinculativa da CDU ser aprovada no Parlamento graças ao apoio da AfD - o que valeu ao conservador críticas de todos os quadrantes políticos, incluindo do seu partido, e o protesto de milhares de alemães nas ruas por colocar em risco o cordão sanitário à extrema-direita. Entre os três partidos mais pequenos, parece certo que o Die Linke elegerá deputados, com as projeções a indicarem uma votação entre os 8,5% (ARD1) e os 9% (ZDF), valores acima dos 5% mínimos para entrar no Bundestag e que os liberais do FDP e os conservadores de esquerda da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) ainda não tinham garantindo com estes primeiros números.De acordo com dados avançados pela ARD, se FDP e BSW não entrarem no Parlamento, a CDU poderá governar com a chamada “grande coligação” com o SPD, com 327 votos previstos. São precisos apenas 316 para ter maioria. No entanto, se estes dois partidos elegerem deputados, os conservadores de Merz precisarão dos Verdes para garantir a maioria - neste cenário, CDU e SPD teriam apenas 293 eleitos, valor que subiria para 379 numa coligação tripartida..Resultados finais. Conservadores vencem legislativas alemãs com 28,6%.Friedrich Merz: "Os democratas-cristãos vão formar um governo depois de ganharem as eleições alemãs"