Maria Luís Albuquerque confirmada como comissária para Serviços Financeiros
A conferência de presidentes do Parlamento Europeu (PE) aprovou por maioria a indigitação de Maria Luís Albuquerque com comissária europeia para os Serviços Financeiros e a União das Poupanças e Investimentos, anunciou o Partido Popular Europeu (PPE).
Após três horas de audição promovida pela comissão parlamentar dos Assuntos Económicos e Monetários, em conjunto com as comissões do Mercado Interno e a da Proteção dos Consumidores e das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, a conferência de presidentes confirmou escolha de Lisboa para a Comissão Europeia.
Aos 57 anos, a antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens) do próximo executivo comunitário de Ursula Von der Leyen, agora sujeito a aval parlamentar, que tem como principal missão a competitividade económica comunitária.
É necessária 'luz verde' de uma maioria de dois terços dos eurodeputados, sendo que a decisão final será anunciada a 21 de novembro pela Conferência de Presidentes da assembleia europeia (organismo que junta os líderes das bancadas parlamentares e a presidente da instituição, Roberta Metsola).
No dia 21 de novembro, o processo referente ao novo colégio de comissários europeus fica fechado, com a votação derradeira em plenário do Parlamento Europeu a ser realizada na cidade francesa de Estrasburgo na sessão do final deste mês (marcada para 25 a 28 de novembro).
O grupo político do PPE integra o PSD e o CDS.
Direita e PS aprovaram confirmação, PCP e BE opuseram-se
Eurodeputados do PS, PSD, IL, Chega e CDS-PP votaram esta quarta-feira favoravelmente à confirmação de Maria Luís Albuquerque como comissária europeia, enquanto BE e PCP se opuseram, acusando-a de servir os interesses financeiros.
Em declarações aos jornalistas no Parlamento Europeu depois do PPE ter anunciado a confirmação de Albuquerque como comissária, o eurodeputado socialista Francisco Assis elogiou a audição da nova comissária, salientando o seu "compromisso com o reforço do sistema de supervisão e regulação dos mercados financeiros" e explicando que foi estabelecido um acordo para uma nova audição, agora que foi indigitada, para dar mais detalhes sobre o projeto do seu mandato.
Lídia Pereira, do PSD, elogiou a "competência e preparação" de Maria Luís Albuquerque e frisou que, "com a experiência que aporta", Maria Luís Albuquerque "mostra também o valor do mérito das funções que vai desempenhar" como comissária.
"Acho que a experiência é de facto a vantagem competitiva de Maria Luísa Albuquerque perante até outros perfis, de outros comissários. Acho que temos de facto uma grande comissária", frisou.
Também o Chega votou favoravelmente à confirmação da comissária europeia para o Serviços Digitais e União de Poupanças e Investimento, com o deputado António Tânger Corrêa a elogiar a capacidade técnica de Albuquerque, mas mostrando reservas apenas relacionados com o Green New Deal, bem como o que descreveu como "revolução social".
"Vários processos foram aprovados na legislatura anterior e a base de membros do Parlamento não corresponde hoje àquela que aprovou esses processos", argumentou o deputado.
Da IL, o deputado João Cotrim Figueiredo elogiou o que disse ter sido a serenidade da comissária ao longo da audição desta manhã e afirmou não estar surpreendido com o facto da nomeação ser confirmada, acrescentando que esta audição ficou "acima da média dos comissários" que já foram ouvidos pelo eurodeputados.
Deixou ainda críticas ao método de escolha dos comissários, lamentando que os candidatos não saibam, à partida, que pasta lhes será atribuída, o que levará, disse, a que "só por coincidência se vejam pessoas com conhecimento específico e concreto da pasta que acaba por lhes ser atribuída".
A deputada Ana Pedro, do CDS-PP, mostrou-se "muito satisfeita com a audição",l embrando o trabalho de Maria Luís Albuquerque "num período delicado da economia portuguesa, em que lidou e herdou uma situação complexa do anterior Governo socialista e teve que lidar com as consequências da aplicação de um programa de assistência financeira".
Do BE, Catarina Martins insistiu nas críticas à escolha portuguesa para comissária, lembrando o seu percurso no setor privado e acusando-a de ser o "sonho da finança internacional" de ter uma "lobista na comissão".
João Oliveira, do PCP, reiterou as críticas feitas durante a audição, afirmando que as políticas apresentadas por Albuquerque "não servem os interesses dos povos europeus" e sim os "interesses financeiros europeus", nomeadamente em matérias como a criação de uma União Bancária ou o desenvolvimento de produtos de poupança.