Marcelo visita pela nona vez o Brasil em nome de "aliança fraterna"
FOTO:EPA/MARISCAL

Marcelo visita pela nona vez o Brasil em nome de "aliança fraterna"

A visita oficial de Marcelo ao Brasil, a convite de Lula da Silva, vai começar na cidade do Recife, de onde seguirá para Brasília, com programa concentrado entre segunda e terça-feira.
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Marcelo Rebelo de Sousa, defensor entusiasta de uma "aliança fraterna" entre Portugal e o Brasil, vai visitar o país pela nona vez como chefe de Estado, a segunda com Lula da Silva de volta à presidência. O PR estará no Brasil entre este domingo e quarta-feira, e na terça irá encontrar-se com o homólogo Lula da Silva

Quando Lula da Silva foi eleito Presidente do Brasil, em 30 de outubro de 2022, derrotando o chefe de Estado brasileiro em exercício, Jair Bolsonaro, o Presidente português felicitou-o de imediato e manifestou-se certo de que o seu terceiro mandato corresponderia "a um período promissor" nas relações bilaterais.

Em abril de 2023, recebeu Lula da Silva em visita de Estado a Portugal, e elogiou-o, recordando "um longo e rasgado elogio" feito pelo seu antecessor e também antigo presidente do PSD Aníbal Cavaco Silva, em 2011: "É uma das grandes figuras do nosso tempo e um grande amigo de Portugal".

Agora, será Marcelo Rebelo de Sousa a ser recebido por Lula da Silva, em visita oficial ao Brasil, onde já esteve oito vezes desde que assumiu a Presidência da República Portuguesa, em 2016, tendo tido como anteriores homólogos Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Um dos momentos marcantes das suas passagens pelo Brasil foi uma ida à praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde nadou e passeou descontraído, em julho de 2022, depois de o então Presidente Bolsonaro ter cancelado um almoço entre os dois em Brasília, por causa de um encontro que tinha agendado com Lula em São Paulo.

Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa desdramatizou a decisão do seu homólogo, dizendo: "No Brasil nunca há problemas, é uma coisa que eu aprendi. O meu avô veio para cá no final do século XIX. Eu aprendi que no Brasil o que parece problema não é problema, só parece".

Essa decisão de Bolsonaro não o demoveu de participar, dois meses depois, nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, em Brasília, onde, no Congresso Nacional, fez uma intervenção de agradecimento aos "queridos irmãos brasileiros" pela nação que construíram.

Pediu, então, que o Brasil continuasse uma "pátria de liberdade, de democracia, de justiça, de sonho" e "potência universal".

"Nós, portugueses, amamos profundamente no Brasil e em vós, brasileiros, essa alma enleante, indomável, tenazmente obstinada, que vos faz diferentes, que vos faz irrepetíveis na humanidade", afirmou, exclamando: "Que para sempre viva o Brasil, que para sempre viva a fraternal amizade entre o Brasil e Portugal".

Nessa ocasião, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu-se por cerca de vinte minutos com Bolsonaro, no Palácio Itamaraty, e esteve ao seu lado no desfile do 07 de setembro, em Brasília. Negando que isso lhe causasse desconforto, declarou que estava no Brasil "num gesto histórico".

"Eu estou aqui para representar Portugal num momento histórico, fosse qual fosse o Presidente. As pessoas têm de perceber o seguinte: a campanha eleitoral dura X tempo, o mandato do Presidente dura muito mais e a História de 200 anos dura muito mais", justificou.

Marcelo Rebelo de Sousa assinala com frequência a sua ligação familiar ao Brasil, para onde emigrou o seu avô, para onde os seus pais se mudaram após o 25 de Abril de 1974, e onde vive o seu filho, com dupla nacionalidade, e uma neta.

Quando Bolsonaro cancelou o almoço em Brasília, invocou a história peculiar de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, que reinou e deixou descendentes no trono dos dois países, para sustentar: "Tudo entre nós é um problema de família".

Marcelo foi ao Brasil em 2016, para a abertura dos Jogos Olímpicos e para a 11.ª Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em 2017, voltou para as comemorações do Dia de Portugal, no Rio e em São Paulo.

Em 01 de janeiro de 2019, esteve na posse de Bolsonaro, que o recebeu no dia seguinte no Palácio do Planalto. Em 2021, participou na reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Em julho de 2022, assinalou no Rio de Janeiro o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul e esteve na inauguração da Bienal do Livro de São Paulo.

Começa visita no Recife e é recebido por Lula em Brasília

A visita oficial de Marcelo ao Brasil, a convite de Lula da Silva, vai começar na cidade do Recife, de onde seguirá para Brasília, com programa concentrado entre segunda e terça-feira.

Na capital brasileira, na terça-feira de manhã, Marcelo Rebelo de Sousa será recebido pelo Presidente do Brasil, Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que ao fim do dia lhe oferecerá um banquete de Estado, no Palácio Itamaraty.

O chefe de Estado irá chegar ao Recife ainda no domingo, mas só terá programa oficial a partir do dia seguinte. Pela parte do Governo, estará acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Não se tratando de uma visita de Estado, a sua comitiva não inclui deputados.

Segundo o programa desta visita, hoje divulgado, no Recife, na manhã de segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa visitará o Real Hospital Português de Beneficência, e mais tarde irá receber um doutoramento 'honoris causa' pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UEFP).

O último ponto do seu programa na capital do estado nordestino de Pernambuco será um encontro com a comunidade portuguesa no Gabinete Português de Leitura.

Já em Brasília, na terça-feira, após a cerimónia de boas-vindas no Palácio do Planalto, Marcelo Rebelo de Sousa terá também encontros no Senado Federal, na Câmara dos Deputados e no Supremo Tribunal Federal.

Antes do banquete de Estado, haverá a cerimónia entrega do Prémio Camões de 2024 à poeta brasileira Adélia Prado, com intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa e Lula da Silva. O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, estará nestes dois pontos últimos do programa do Presidente da República.

Na quarta-feira, dia em que Marcelo Rebelo de Sousa estará de regresso a Portugal, será Luís Montenegro a reunir-se com Lula da Silva, durante a 14.ª Cimeira Luso-Brasileira, à qual levará 11 dos 17 ministros do Governo PSD/CDS-PP, seguindo depois de Brasília para São Paulo, para um fórum económico.

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