Marcelo concorda com um Lula “em grande forma física”: “O mundo mudou há um mês”
Em visita oficial ao Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa encontrou o homólogo brasileiro Lula da Silva “em grande forma física, depois de um período de recuperação recente”.
Além do “vigor e animação” que reconheceu no presidente do Brasil, também manifestou um “acordo praticamente total” com a visão de Lula no que concerne à “causa internacional”. “O mundo como o conhecíamos mudou. Começou a mudar em 2016, e agora mudou há um mês, claramente, e com posições mais claras”, afirmou o Presidente da República, em alusão à eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
Segundo Marcelo, há “um país no mundo que entende que pode ter poder para falar sobre a soberania de outros Estados, inclusivamente um Estado vizinho” e dispostos a falar do que se passa “em outros continentes, e interferir nesses continentes”, “diretamente” ou através de “outros responsáveis da sua administração”, incluindo em “processos eleitorais em curso”.
Sem se referir diretamente aos Estados Unidos, o chefe de Estado português manifestou receios no que concerne à unidade do Ocidente. “Esta mudança altera muito os termos da realidade que se vivia anteriormente. Havia uma aliança transatlântica entre a Europa e os Estados Unidos da América, e agora é muito diferente, ou está a ser muito diferente, ou tudo indica que será muito diferente, com esta mudança”, frisou, também preocupado com o impacto no comércio internacional: “Tudo indica que vai haver mais protecionismo e unilateralismo. Isto é, há quem defina as regras do jogo e os outros têm de admitir. Sejam ou não sejam potências, sejam ou não sejam países parceiros, amigos e aliados.”
Marcelo considera que esta mudança de paradigma “altera muito as regras do jogo” e realça que há “fundamentos tradicionais que vigoraram durante muito tempo e merecem ser reafirmados”. “É preciso que o mundo tenha condições económicas e sociais para defender esses valores”, vincou, concordando com Lula nesse princípio.
Sobre o Brasil, o Presidente da República saudou uma aliança com “passado riquíssimo” e apontou em sinergias no futuro, em áreas como tecnologia, transição energética e economia, frisando que a comunidade em Portugal “vai a caminho dos 400 mil”, um valor que considerou “brutal” tendo em conta que a população é de 11 milhões de pessoas.