O Presidente francês, organizador de reuniões para definir o contributo da Europa para o fim da guerra na Ucrânia, garantiu hoje que "França não se prepara para enviar tropas" para participarem como beligerantes na linha da frente do conflito.
Emmanuel Macron reuniu na segunda-feira em Paris uma dezena de líderes de países-chave europeus, da União Europeia (UE) e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Na quarta-feira, vai promover uma nova reunião com "vários Estados europeus e não-europeus", com o objetivo de reunir os 27 até ao final da semana, anunciou, numa entrevista a vários jornais diários regionais, entre os quais Le Parisien, La Provence e Sud Ouest.
Até à data, o palácio do Eliseu (sede da presidência francesa) ainda não disse em que consistirá esta nova reunião, nem quem participará.
Fontes diplomáticas citadas pela estação televisiva France 24 indicaram, contudo, que estarão presentes "outros países europeus" que não participaram na primeira cimeira de emergência convocada por Macron -- Noruega, os três Estados bálticos (Lituânia, Letónia e Estónia), República Checa, Grécia, Finlândia, Roménia, Suécia e Bélgica -- "e não-europeus", como o Canadá, aliado da NATO.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou hoje a possibilidade de enviar forças de paz para a Ucrânia, uma vez alcançado um acordo para resolver o conflito iniciado há quase três anos com a invasão russa do país vizinho.
"Acho que sim. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar a pôr fim ao conflito, em linha com a posição frequentemente declarada pelo secretário-geral", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, durante a sua conferência de imprensa diária quando questionado sobre este potencial cenário.
No entanto, o porta-voz especificou que "primeiramente" era necessário que as partes chegassem a um acordo para acabar com o conflito, decidissem o formato e que a operação se realizasse sempre "sob uma resolução do Conselho de Segurança" da ONU.
França convocou uma segunda reunião para discutir a guerra da Ucrânia e a segurança europeia, avança a Reuters, que cita três fontes diplomáticas.
A nova reunião vai decorrer amanhã no âmbito da NATO e não incluirá Portugal, tendo sido convidados Noruega, Canadá, Lituânia, Estónia, Letónia, Chéquia, Grécia, Finlândia, Roménia, Suécia e Bélgica, que não tinham estado no encontro desta segunda-feira.
Refira-se que no início desta semana estiveram presentes, em Paris, chefes de Estado e/ou de governo de França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Espanha, Polónia, Países Baixos e Dinamarca, tendo o representantes dinamarquês também representado os países nórdicos e bálticos.
Seguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, assumiu após a reunião com representantes dos Estados Unidos que as negociações foram úteis, uma vez que os dois lados demonstraram estar "empenhados em encontrar soluções" para terminar com a guerra na Ucrânia.
Além disso, Lavrov revelou que houve um entendimento para "criar condições para restaurar a cooperação" entre os dois países.
Já sobre a NATO, o ministro russo garantiu que foi dito à delegação norte-americana que a expansão da aliança "é uma ameaça direta à Rússia". “Dissemos aos EUA que o envio de tropas da NATO para a Ucrânia, mesmo sob outras bandeiras, é inaceitável para a Rússia”, sublinhou Lavrov.
O presidente turco Recep Erdogan disse hoje, após a reunião com Zelensky em Ancara, que está disponível para receber na Turquia as negociações sobre o fim da guerra na Ucrânia.
"A Turquia será o anfitrião ideal para possíveis conversações entre Rússia, Ucrânia e Estados Unidos num futuro próximo", disse, classificando ainda as primeiras conversações entre Rússia e Ucrânia, realizadas na Turquia em 2022, como "um importante ponto de referência e a plataforma onde as partes chegaram mais perto de um acordo".
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, anunciou hoje que adiou a viagem à Arábia Saudita que estava prevista para amanhã. "As negociações não deveriam acontecer pelas nossas costas”, disse após uma reunião com o presidente da Turquia, Recep Erdogan, em Ancara.
O líder ucraniano responde assim à reunião dos EUA e da Rússia em Riade, durante a qual foi discutida o fim da guerra. Além de querer ser incluído nas negociações, Zelensky reclama ainda que a União Europeia também devia participar nessas negociações.
Por sua vez, Erdogan reiterou o “total apoio da Turquia à integridade territorial e à soberania da Ucrânia”.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou o objetivo das próximas conversações com a Rússia é garantir uma paz para a Ucrânia que seja “justa, duradoura, sustentável e aceitável para todas as partes envolvidas”.
Após a reunião com os representantes da Rússia em Riade, Rubio afirmou que "o único líder que pode" trazer a paz à Ucrânia é o presidente dos EUA, Donald Trump.
O chefe da diplomacia norte-americana, citado pelo Sky News, disse, no entanto, que “ainda há muito trabalho a fazer”, referindo que a reunião de Riade serviu para “estabelecer linhas de comunicação” entre Washington e Moscovo.
Após a reunião com o representantes russos, o Departamento de Estado norte-americano fez saber que EUA e Rússia concordaram" em nomear equipas" para "acabar com a guerra" na Ucrânia, em curso há quase três anos.
Marco Rubio, chefe da diplomacia norte-americana, concordou com as autoridades russas em estabelecer um “mecanismo de consulta para resolver os problemas que afetam as relações entre os EUA e a Rússia”.
O secretário de Estado dos EUA e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, chegaram a acordo sobre a nomeação de equipas de alto nível para “trabalhar num caminho para acabar com o conflito na Ucrânia o mais rápido possível, de uma forma duradoura, sustentável e aceitável para todas as partes”, afirmou a porta-voz do departamento de Estado norte-americano, Tammy Bruce, citada pelo The Guardian.
A reunião entre representantes dos EUA e da Rússia sobre a guerra na Ucrânia já terminou em Riade, capital da Arábia Saudita. Antes tinha sido anunciado pela imprensa internacional uma pausa para almoço nas conversações, mas acabou por se verificar que a reunião terminou.
Yuri Ushakov, assessor do Kremlin, afirmou que as conversações “correram bem”, segundo noticia a Sky News.
Durante a reunião, que durou cerca de quatro horas e meia, terão sido discutidas as condições para um encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin.
As delegações russa e norte-americana tiveram “uma discussão muito séria sobre todas as questões”, acrescentou Ushakov.
O ministro da Defesa do Reino Unido considerou, esta terça-feira, que as decisões das próximas semanas não vão só definir o resultado do conflito na Ucrânia, "mas a segurança do nosso mundo para as próximas gerações".
"Estamos numa nova era de ameaça, e isso exige uma nova era para a defesa, afirmou John Healey, citado pelo The Guardian.
Os representantes dos EUA e da Rússia estão a fazer uma pausa para almoço nas conversações que decorrem esta terça-feira em Riade, na Arábia Saudita.
🇷🇺🇺🇸 Russian & US delegations, Foreign Minister Sergey #Lavrov & State Secretary @SecRubio. pic.twitter.com/f5JH6OTpqN
— MFA Russia 🇷🇺 (@mfa_russia) February 18, 2025
Após a reunião, nesta terça-feira, com o enviado dos EUA à Ucrânia, Keith Kellogg, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que a "paz não pode ser um simples cessar-fogo".
Numa mensagem publicada nas redes sociais, o ex-primeiro-ministro português referiu que “tem de haver um acordo que assegure uma paz duradoura e justa” na Ucrânia, além de “segurança na Europa”.
"Neste momento decisivo, encontrei-me com Keith Kellogg para discutir as perspectivas de paz na Ucrânia", referiu Costa, reforçando que Kiev "pode contar com a Europa".
"Estamos prontos para continuar a trabalhar construtivamente com os EUA para garantir paz e segurança", sublinhou o presidente do Conselho Europeu.
In this decisive moment, I met with @generalkellogg to discuss the prospects for peace in Ukraine.
— António Costa (@eucopresident) February 18, 2025
Peace cannot be a simple ceasefire - we need an agreement that will ensure a comprehensive, just and lasting peace in Ukraine and security in Europe.
Ukraine can count on Europe.… pic.twitter.com/mTwcsnhbJw
O porta-voz do Kremlin disse ainda que a adesão da Ucrânia à União Europeia "é um direito soberano de qualquer país”.
“Estamos a falar de integração e de processos de integração económica. Estamos a falar de integração e de processos de integração económica. E aqui, claro, ninguém pode ditar nada a nenhum país e nós não vamos fazer isso”, disse Peskov, citado pela Reuters.
Posição diferente tem a Rússia sobre uma potencial adesão da Ucrânia à NATO.
“Há uma posição completamente diferente, obviamente, em questões de segurança relacionadas com a defesa ou alianças militares”, justificou Peskov.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está pronto para negociar diretamente com o seu homólogo ucraniano, Volymyr Zelensky, "se for necessário", afirmou esta terça-feira o porta-voz do Kremlin.
"Mas a base jurídica dos acordos precisa de ser discutida, tendo em conta que a legitimidade de Zelensky pode ser questionada", disse Dmitry Peskov.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou esta terça-feira que as conversações de Riade com representantes russos e norte-americanos podem trazer “mais clareza” sobre um encontro entre os presidentes dos EUA e da Rússia.
“Putin tem dito repetidamente que está pronto para falar de paz”, disse Peskov, citado pela Sky News. Porta-voz do Kremlin afirmou ainda que Rússia quer atingir os seus objetivos, mas que prefere fazê-lo "pacificamente".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse esta terça-feira ao enviado dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellog, que a UE quer “trabalhar ao lado dos EUA para pôr fim ao derramamento de sangue e ajudar a garantir a paz justa e duradoura que a Ucrânia”, segundo uma nota divulgada pelo seu gabinete, citada pelo The Guardian.
Nota divulgada pelo seu gabinete de Von der Leyen refere que foram apresentados a Kellog “os planos da Europa para aumentar a produção e as despesas com a defesa, reforçando as capacidades militares europeias e ucranianas”.
“Reafirmando o empenhamento da UE numa paz justa e duradoura, a Presidente reiterou que qualquer resolução deve respeitar a independência, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, apoiada por fortes garantias de segurança”, segundo o documento divulgado.
Von der Leyen "deixou claro" que "este é um momento crítico”.
Important discussion with @generalkellogg on Ukraine.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) February 18, 2025
Financially and militarily, Europe has brought more to the table than anyone else. And we will step up.
We want to partner with the US to deliver a just and lasting peace for Ukraine.
Now is a critical moment.
Os negociadores russos presentes nas conversações diplomáticas com representantes dos Estados Unidos em Riade mostraram-se convencidos de que vão ocorrer progressos económicos em breve, disse uma fonte da Rússia à AFP.
A Rússia, que tem sido alvo de sanções devido à invasão militar da Ucrânia, disse hoje que espera rápidos progressos na parte económica das conversações com os Estados Unidos, que começaram hoje na capital da Arábia Saudita.
"Temos uma série de propostas que os nossos colegas estão a analisar. Penso que vai ser possível fazer progressos num futuro não muito distante mas sim nos próximos dois ou três meses", disse o diretor do Fundo Russo de Investimento Direto, Kirill Dmitriev.
Dmitriev é um dos negociadores russos presentes nas conversações russo-americanas em Riade.
Lusa
As conversações entre altos funcionários norte-americanos e russos, com o objetivo de reavivar as relações, começaram esta terça-feira na Arábia Saudita, segundo um grupo de jornalistas presentes no local da reunião.
As delegações, lideradas pelos chefes da diplomacia dos dois países, reuniram-se no Palácio Diriyah, na capital saudita, para as primeiras conversações a este nível desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Do lado norte-americano participam o secretário de Estado, Marco Rubio, que chegou a Riade na segunda-feira para conversações com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salmane, bem como o conselheiro para a Segurança Nacional do Presidente dos Estados Unidos, Mike Waltz, e o enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff.
A Rússia está representada pelo chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, e por Yuri Ushakov, conselheiro diplomático de Vladimir Putin.
🇷🇺🇺🇸 #RussiaUS talks in Riyadh commence pic.twitter.com/CybA6A3IPC
— MFA Russia 🇷🇺 (@mfa_russia) February 18, 2025
📺 Russian & US delegations in Riyadh pic.twitter.com/exdGnWqydz
— MFA Russia 🇷🇺 (@mfa_russia) February 18, 2025
Entretanto, o presidente ucraniano, que se encontra na Turquia é esperado na Arábia Saudita na quarta-feira, um dia depois da reunião entre norte-americanos e russos.
Zelensky reiterou na segunda-feira que Kiev não vai reconhecer qualquer acordo alcançado sem a Ucrânia e lamentou não ter sido informado antecipadamente das conversações de Riade.
Lusa