Mais de 7000 crianças com menos de cinco anos em Gaza recuperam de subnutrição em duas semanas
EPA/HAITHAM IMAD

Mais de 7000 crianças com menos de cinco anos em Gaza recuperam de subnutrição em duas semanas

O total geral do último mês ainda está a ser compilado pela Unicef, mas prevê-se que ultrapasse os 15 mil novos doentes, mais de sete vezes o total de fevereiro.
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Mais de 7000 crianças com menos de cinco anos foram colocadas em programas de recuperação para a subnutrição aguda em clínicas geridas pela Unicef ​​em Gaza em apenas duas semanas em agosto, segundo dados divulgados pelo The Guardian.

O total geral do último mês ainda está a ser compilado pela Unicef, mas prevê-se que ultrapasse os 15 mil novos doentes, mais de sete vezes o total de fevereiro.

Em agosto foi declarado estado de fome na Cidade de Gaza, no norte do território, mas outras cidades mais a sul estão a "recuperar rapidamente", disseram os responsáveis ​​da agência da ONU.

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“Em terra, é absolutamente claro que as pessoas estão a morrer de fome, que há uma crise de fome a alastrar na Cidade de Gaza, e Deir al-Balah e Khan Younis não estão muito atrás”, disse Tess Ingram, porta-voz da Unicef ​​que passou os últimos dias na Cidade de Gaza.

Ingram disse ter conversado com uma mãe desnutrida que não conseguia amamentar o seu filho, também desnutrido, de oito meses. “Ela e o marido partilhavam uma chávena de arroz por dia. A situação é horrível”, acrescentou.

A cidade de Gaza tem sido alvo de uma nova ofensiva de Israel, que a descreve como um “bastião” do Hamas.

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O exército israelita ordenou aos palestinianos que abandonassem a cidade em direção a sul antes dos ataques, mas não divulgou um calendário para a ofensiva.

Em maio, Israel aliviou um bloqueio total de dois meses à entrada de mantimentos em Gaza, mas os abastecimentos continuam a ser inadequados devido às restrições israelitas, obstáculos burocráticos e preços avultados, apesar de as agências da ONU estarem a trabalhar para ultrapassar enormes dificuldades logísticas.

“A história é a mesma – uma tigela por dia da cozinha comunitária, quase sempre lentilhas ou arroz, partilhada entre a família, os pais saltam refeições para que as crianças possam comer. Sem nutrientes. Sem outras opções – a ajuda é escassa e o mercado está muito caro”, descreveu Ingram.

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Em agosto, a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), uma organização globalmente reconhecida que classifica a gravidade da insegurança alimentar e da subnutrição, constatou que foram atingidos três limiares-chave para a fome na Cidade de Gaza.

As crianças estão entre os grupos mais vulneráveis. As inscrições em clínicas da Unicef ​​​​em Gaza para crianças com menos de cinco anos com subnutrição aguda aumentaram de 2000 em fevereiro para 5500 em maio e atingiram um total de mais de 15 mil em julho.

Já o número de crianças com menos de cinco anos examinadas pela Unicef ​​passou de 82 mil para 144 mil no mesmo período período. Por outro lado, os internamentos por desnutrição aguda grave, a categoria mais grave, passaram de 20 em março para 40 em julho, embora este número tenha diminuído em relação ao pico de mais de 50 no mês anterior.

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O governo de Israel lançou a ofensiva contra Gaza a 07 de outubro de 2023, após ataques do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, nos quais 1.200 pessoas morreram e 251 foram feitas reféns.

Destes, 48 permanecem no enclave palestiniano, dos quais mais de metade estarão mortos, admitem as autoridades israelitas.

Nos 700 dias de ofensiva, mais de 64 mil palestinianos foram mortos por Israel em ataques contra casas, hospitais, escolas, universidades e abrigos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, considerados fiáveis pela ONU.

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As Nações Unidas declararam no mês passado uma situação de fome em algumas zonas do enclave.

Países como a África do Sul denunciaram esta ofensiva perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como genocídio, denúncia feita também por organizações de defesa dos direitos humanos internacionais e israelitas.

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