Os Emirados Árabes Unidos avisaram esta quarta-feira, 3 de setembro, que anexar a Cisjordânia cruzará uma “linha vermelha” que “acabaria com a visão de integração regional”. Um alerta feito na véspera de uma reunião do primeiro-ministro com os seus principais ministros e conselheiros para discutir as implicações do reconhecimento internacional da Palestina, mas também examinar uma série de possíveis respostas, incluindo a aplicação da soberania sobre partes da Cisjordânia.“A anexação seria uma linha vermelha para o meu governo, e isso significa que não pode haver paz duradoura. Isso impediria a ideia de integração regional e seria o toque de finados para a solução de dois Estados”, disse a enviada especial dos EAU, Lana Nusseibeh, ao Times of Israel.Este alerta, que é visto como “chocante” pelo jornal israelita, surge no mês em que os Acordos de Abraão, com vista à normalização das relações diplomáticas entre Israel e países árabes, cumprem cinco anos, tendo os Emirados Árabes Unidos o primeiro país árabe a assiná-lo. Esta não é a primeira vez que os EAU criticam Israel pela guerra de Gaza e na Cisjordânia, mas esta foi a mais contundente e levanta dúvidas sobre a longevidade das relações entre os dois países, patrocinadas por Donald Trump durante o seu primeiro mandato. “Confiamos que o presidente Trump não permitirá que o princípio dos Acordos de Abraão como legado seja manchado, ameaçado ou descarrilado por extremistas e radicais”, acrescentou a diplomata, sublinhando que “para cada capital árabe com que se fala, a ideia de integração regional ainda é uma possibilidade, mas a anexação para satisfazer alguns dos elementos extremistas radicais em Israel vai tirar isso de cima da mesa”.Esta quarta-feira, o ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, apelou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para anexar a Cisjordânia e pelo estabelecimento de uma “clara maioria judaica” no território. Um assunto que será discutido numa reunião marcada para hoje.Smotrich, de extrema-direita, disse que os “inimigos devem ser confrontados” e impedidos de viver de forma confortável, referindo-se à população palestiniana. E acrescentou que o “princípio geral” da soberania de Israel sobre a Cisjordânia é a manutenção do máximo de território e o “mínimo de população”.A pressão interna sobre Netanyahu também se registou esta quarta-feira sob a forma de milhares de manifestantes que se concentraram em frente à residência do primeiro-ministro em Jerusalém, exigindo um acordo de cessar-fogo e a manutenção dos reféns. Um protesto pacífico realizado horas depois um grupo ter ateado fogo a veículos e contentores do mesmo local. .Israel cometeu “todos os erros possíveis” na ofensiva em Gaza