“Não governaremos com a França Insubmissa”. A garantia foi dada ontem por Emmanuel Macron durante a última reunião do Conselho de Ministros antes da segunda volta das legislativas antecipadas, marcadas para domingo, referindo-se ao partido de extrema-esquerda que faz parte da coligação Nova Frente Popular. “Assim como dizemos que nem um único voto vai para o Reunião Nacional, está fora de questão que a França Insubmissa se junte ao governo”, acrescentou o presidente francês..Uma linha de discurso que foi repetida também ontem pelo primeiro-ministro, que afirmou que “não há e nunca haverá uma aliança com a França Insubmissa”. Gabriel Attal rejeitou também as sugestões de que o campo de Macron poderia tentar formar um governo multipartidário no caso de uma Assembleia Nacional fraturada. “Espero que o campo do Juntos seja o maior possível”, referiu o líder do governo, acrescentando que “depois disso, procuraremos garantir maiorias projeto a projeto.”.Em declarações à rádio France Inter, Gabriel Attal admitiu que “há apenas um bloco capaz de ter maioria absoluta e é a extrema-direita” e que, perante este cenário, “no domingo à noite, o que está em jogo na segunda volta é fazer tudo para que a extrema-direita não tenha maioria absoluta”. “Não é bom para muitos franceses terem que bloquear [o RN] votando em quem não queriam”, mas “é nossa responsabilidade fazer isso”..Um exemplo de como poderá funcionar esta frente única contra a Reunião Nacional passa-se no círculo de Tourcoing, no norte de França, onde a candidata da Nova Frente Popular desistiu da segunda volta a favor do ministro do Interior, Gérald Darmanin, um político contestado pela esquerda, que irá enfrentar a extrema-direita no domingo. .Outro exemplo é o do ex-primeiro-ministro Édouard Philippe, uma voz influente no campo pró-Macron, que anunciou ontem na TF1 que vai votar num candidato comunista para travar a Reunião Nacional no seu círculo eleitoral. “Prefiro um eleito que conheço, com quem trabalho no interesse de Le Havre, mesmo com diferenças e que me parece atender às exigências democráticas que partilho, do que o RN”, explicou..Philippe afirmou ainda que após as eleições apoiaria uma nova maioria parlamentar que poderia abranger “da direita conservadora aos social-democratas”, mas não incluiria a França Insubmissa..Os seus comentários também foram repetidos por Xavier Bertrand, um peso pesado da direita que serviu como ministro no governo do presidente Nicolas Sarkozy, que apelou a um “governo provisório” focado na “reconstrução do nosso país”. “A única coisa que é possível é entender que existem outras alternativas além de uma maioria com um governo do RN ou uma coligação de bastidores”, disse. “A classe política está dando uma imagem cada vez mais grotesca de si mesma”, respondeu a líder de extrema-direita, Marine Le Pen, face a estes comentários. .Segundo o Le Monde, 221 candidatos desistiram de ir a votos, enquanto ainda são esperadas 94 corridas a três e uma entre quatro candidatos. É necessária uma maioria absoluta de 289 entre deputados na Assembleia Nacional para que um partido forme governo sozinho. Le Pen já garantiu que o RN, se conseguir mais de 270 eleitos, tentará conquistar para o seu campo outros eleitos..ana.meireles@dn.pt