O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu esta terça-feira, 8 de julho, uma maior cooperação entre França e o Reino Unido para enfrentar a imigração ilegal, que considerou “um fardo” para os dois países. Um acordo sobre o tema deverá ser assinado durante a visita de Estado de três dias ao Reino Unido. Mas Macron avisou, no discurso diante das duas Câmaras do Parlamento britânico, que uma “solução eficaz e duradoura” só será possível com ação a nível europeu. Macron disse que “a esperança de uma vida melhor noutro lugar é legítima”, mas que nem franceses nem britânicos podem permitir que gangues de criminosos “desrespeitem” as regras e beneficiem com a imigração ilegal. Uma “responsabilidade partilhada” a que é preciso responder com “humanidade, solidariedade e firmeza”, disse Macron, falando da necessidade de maior cooperação entre os dois países. Mas o presidente defendeu também que é preciso “continuar a trabalhar com os países de partida e trânsito dos migrantes". Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 20 mil pessoas cruzaram ilegalmente o Canal da Mancha, um aumento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que reúne esta quarta-feira com Macron, prometeu reduzir o número de imigrantes ilegais. “As decisões que vamos tomar na nossa cimeira bilateral [na quinta-feira] vão responder aos nossos esforços para uma cooperação e resultados tangíveis nestes temas”, indicou Macron. O presidente, que lembrou a história comum dos dois países, falou também do pós-Brexit. “Não vamos permitir que o Canal se torne maior”, disse Macron, pondo um foco na necessidade de uma relação próxima entre a União Europeia e o Reino Unido e elogiando Starmer por restaurar a confiança na relação. O presidente indicou que apesar do divórcio “lamentável” que já faz parte do passado, os britânicos “não podem ficar à margem” e precisam de ser envolvidos em questões como segurança e defesa. E que seria um erro “divergir” em vez de avançar “lado a lado”. “A única forma de ultrapassar os desafios que temos, os desafios dos nossos tempos, será avançando juntos de mão dada, ombro a ombro. Este é o nosso destino comum”, concluiu Macron, que deixou recados em matéria internacional. Defendeu a necessidade de “cortar as dependências excessivas da China e dos EUA no futuro” e lembrou que os europeus “nunca vão abandonar” a Ucrânia, pedindo ainda o cessar-fogo em Gaza.A visita de Estado, a primeira do reinado de Carlos III, começou com uma receção no Castelo de Windsor, onde à noite Macron e a mulher, Brigitte, são os convidados de honra do jantar de Estado.