O presidente francês e o primeiro-ministro britânico concordaram esta quarta-feira, 9 de julho, que são precisas novas soluções para a questão da imigração ilegal, informou o gabinete de Keir Starmer, lembrando que os dois líderes terão esta quinta-feira uma cimeira bilateral, durante a qual este e outros temas, como a Ucrânia, serão discutidos. Emmanuel Macron, que se encontra desde terça-feira numa visita de Estado ao Reino Unido (a primeira de um líder europeu desde o Brexit), almoçou esta quarta-feira em Downing Street com Keir Starmer, com ambos a concordarem que esta é “uma importante demonstração dos profundos laços entre os nossos dois países”.“Passando a discutir o trabalho conjunto, partilharam o desejo de aprofundar ainda mais a nossa parceria - desde a liderança conjunta em apoio da Ucrânia até ao reforço da nossa colaboração em matéria de defesa e ao aumento do comércio e dos investimentos bilaterais”, refere uma nota do gabinete do primeiro-ministro britânico. No que diz respeito à imigração ilegal entre os dois países, através do Canal da Mancha, Macron e Starmer “concordaram que enfrentar a ameaça da migração irregular e das travessias de pequenos barcos é uma prioridade partilhada que requer soluções partilhadas.”Neste sentido, o primeiro-ministro britânico referiu ao chefe de Estado francês que o seu governo endureceu no ano passado as regras, de forma a garantir que estas são respeitadas e aplicadas. Entre estas estão um aumento maciço nas detenções de trabalhadores ilegais para acabar com a falsa promessa de empregos que são utilizados para vender espaços em barcos.“Os dois líderes concordaram sobre a necessidade de ir mais longe e avançar com soluções novas e inovadoras, incluindo um novo mecanismo de dissuasão para romper o modelo de negócio destes gangues”, nota o gabinete de Keir Starmer. De acordo com a Reuters, o líder britânico tem como objetivo chegar a um acordo com o presidente francês sobre o regresso de requerentes de asilo, o que ajudaria Starmer a cumprir a sua promessa de interromper o fluxo de imigrantes ilegais que tentam chegar ao Reino Unido vindos de França por barco. Por outras palavras, o trabalhistas pretende que Londres deporte um requerente de asilo para França em troca de outro imigrante com um processo dentro da legalidade. Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 20 mil pessoas cruzaram ilegalmente o Canal da Mancha, um aumento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado. Emmanuel Macron, num discurso que fez na terça-feira diante das duas Câmaras do Parlamento britânico, prometeu uma maior cooperação entre França e o Reino Unido para enfrentar a imigração ilegal, que considerou “um fardo” para os dois países. Mas avisou que uma “solução eficaz e duradoura” só será possível com ação a nível europeu. De recordar que a França já rejeitou anteriormente um acordo bilateral sobre o regresso de requerentes de asilo alegando que Londres deveria negociar um entendimento com a União Europeia e não apenas com um dos 27.Na ementa do almoço de esteve também uma participação de 12,5% da empresa francesa de energia EDF numa nova central nuclear planeada para o leste de Inglaterra, algo que o gabinete de Keir Starmer saudou como algo que “resultará em contas mais baixas, mais emprego e melhor segurança energética para o Reino Unido”.Já durante a tarde, numa visita dos dois líderes ao Museu Britânico, Macron deu a conhecer o acordo para emprestar a Tapeçaria de Bayeux - uma peça de 70 metros que retrata a conquista normanda da Inglaterra em 1066 - ao Reino Unido, o que acontecerá pela primeira vez em 900 anos. A peça ficará exposta no Museu Britânico, em Londres, entre setembro de 2026 e julho de 2027.