Os presidentes do Irão e Bielorrússia, dois países aliados de Moscovo, assinaram esta quarta-feira, 20 de agosto, um pacote de 13 acordos com o objetivo de reforçar os laços bilaterais em áreas-chave, incluindo a defesa. “Vocês foram nossos amigos e continuam a sê-lo. Estamos empenhados em cumprir todas as obrigações que assumimos em relação ao Irão. Vocês vieram para o lado dos vossos amigos e devem sentir-se em casa aqui”, declarou Aleksandr Lukashenko, citado pelos media bielorrussos, ao receber em Minsk o seu homólogo Masoud Pezeshkian.As duas partes não divulgaram detalhes sobre a forma como Bielorrússia e Irão tencionam cooperar no setor da defesa, mas foi revelado que os acordos assinados ontem englobam os setores da indústria e do turismo, bem ciência, tecnologia e educação. “Estamos prontos para cooperar convosco [em todas as áreas], desde o fornecimento de alimentos ao vosso país até à cooperação técnico-militar. Gostaria de reiterar que não há aqui segredos. Não estamos a construir amizade contra ninguém. Tudo o que fazemos é em benefício dos povos dos nossos dois países”, sublinhou Lukashenko. “É claro que as nossas visões comuns devem ser concretizadas na economia e na cultura, no desenvolvimento do turismo entre os nossos países e também, como observou, no desenvolvimento da cooperação técnico-militar”, acrescentou Pezeshkian.No Irão, existe procura de produtos bielorrussos de marcenaria, da indústria química e fertilizantes à base de potássio. Na Bielorrússia têm mercado as frutas e os frutos secos iranianos, mas também os produtos de alta tecnologia, especialmente na área da saúde.Tanto a Bielorrússia como o Irão são objeto de pesadas sanções internacionais, o que limita os potenciais parceiros comerciais dos dois países, como recordou o líder iraniano, que se ofereceu para ajudar Minsk a neutralizá-las. “Partilhamos o desejo fundamental de permanecer independentes. A partir desta posição de soberania, desenvolveremos a nossa amizade e cooperação. Sabemos que o caminho para neutralizar estas sanções ilegais reside na implementação dos nossos acordos e no crescimento contínuo da nossa relação”, notou o líder de Teerão. Lukashenko, por seu turno, classificou as sanções impostas aos dois países como “terrorismo económico”.A questão do nuclear foi também abordada pelos dois líderes. O assunto levou recentemente a uma nova escalada militar entre Israel e o Irão, e ao posterior envolvimento dos Estados Unidos no conflito, que poderá vir a ter novos desenvolvimentos - o primeiro vice-presidente iraniano, Mohammad Reza Aref, advertiu na segunda-feira que uma nova guerra com Israel poderá eclodir “a qualquer momento”, referindo que “hoje, nem sequer estamos numa situação de cessar-fogo, mas sim de cessação das hostilidades”.Lukashenko, ao comentar a questão nuclear iraniana, foi claro no seu apoio ao “direito legítimo do Irão ao desenvolvimento de energia nuclear pacífica. “Estou convencido de que alcançar uma paz duradoura exige a abstenção de quaisquer ações que possam provocar uma nova escalada”, prosseguiu o líder bielorrusso.Em comum Minsk e Teerão têm também a proximidade a Moscovo, tendo ambos vindo a apoiar o presidente Vladimir Putin na sua guerra contra a Ucrânia. Um assunto que parece ter ficado fora das conversações de ontem entre os dois líderes.Minsk autorizou a Rússia a utilizar o seu território como base para a invasão em larga escala da Ucrânia, tendo, mais tarde dado “luz verde” ao envio de mísseis nucleares táticos russos. Teerão, por sua vez, forneceu drones a Moscovo para serem utilizados contra alvos ucranianos. Pezeshkian assinou ainda , em janeiro, um acordo de cooperação estratégica com Putin, mas que não inclui defesa mútua. .Lukashenko prepara-se para mais 5 anos à frente da Bielorrússia. "Ritual para ditadores", denuncia oposição.Agência internacional diz que Irão está "perto de ter uma bomba atómica"