Londres quer fazer 'reset' na sua relação com a UE
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu na sua visita desta quarta-feira a Berlim que o planeado novo tratado com a Alemanha faz parte do esforço de Londres para reparar os laços com a UE, danificados pelo Brexit. Este movimento em direção a uma redefinição, saudado pelo chanceler alemão Olaf Scholz, também inclui a ida de Starmer a Paris para um encontro hoje com o presidente Emmanuel Macron.
Starmer explicou que o acordo proposto, que deverá incluir a área da Defesa e laços mais profundos em ciência, tecnologia e comércio, deverá ser fechado até ao final do ano. Esta é uma “oportunidade única, numa geração”, de ajudar a uma “reinicialização mais ampla” nos laços entre o Reino Unido e a União Europeia, reforçou o líder britânico em Berlim, a sua primeira visita bilateral desde que tomou posse. Já Scholz saudou o desejo de um reset, garantindo que “queremos aceitar esta mão estendida.”
Keir Starmer recusou ainda que as divergências sobre a proposta europeia, e defendida por Scholz, para um programa de mobilidade jovem afetem as discussões do tratado entre Londres e Berlim, reafirmando o seu compromisso de “clarificar linhas vermelhas” com a União Europeia, nesta fase posterior à saída do bloco. “O tratado é um tratado bilateral, portanto não tem nada a ver com mobilidade juvenil ou algo parecido. Tem a ver com Comércio, Defesa, Economia, migração ilegal, etc. Em relação à mobilidade dos jovens, obviamente, temos sido muito claros: não há Mercado Único, não há União Aduaneira, não há liberdade de circulação, não há regresso à UE”, explicou Starmer, acrescentando que “a discussão sobre uma relação estreita com a UE ocorre nesse contexto e dentro desses quadros, estou convencido, e penso que ouviram o próprio chanceler, que podemos ter uma relação mais estreita, apesar das linhas vermelhas claras que temos e sempre tivemos.”
Starmer e Scholz discutiram também a guerra na Ucrânia, tendo o chanceler alemão insistido para que os dois países “se mantenham firmes ao lado” de Kiev, apesar das “recentes tentativas de semear dúvidas sobre este compromisso.”
“A nossa determinação é, como sempre, estar lado a lado com a Ucrânia para fornecer o apoio de que necessita durante o tempo que for necessário”, acrescentou o primeiro-ministro britânico.
Londres permite que Kiev utilize um esquadrão de 14 tanques Challenger 2 de fabrico britânico conforme achar adequado, mas impôs limites ao uso de seus mísseis de cruzeiro Storm Shadow de longo alcance. Já a Alemanha tem recusado repetidamente enviar para Kiev os seus mísseis Taurus de longo alcance, por receio de uma escalada do conflito.
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