O novo primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, defendeu que são precisas "ruturas" não apenas "na forma", mas também "na substância", no seu primeiro discurso, após receber o testemunho de François Bayrou.O até agora ministro das Forças Armadas, de 39 anos, foi nomeado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira (9 de setembro), um dia depois de o Governo de Bayrou ter caído após o chumbo de numa moção de confiança na Assembleia Nacional. A passagem de testemunho esta quarta-feira (10 de setembro), pela hora do almoço, no Matignon, ocorreu numa altura em que França vive um dia de protesto que promete "bloquear tudo" no país. .Macron antecipa-se a protesto que ameaça “bloquear tudo” e nomeia Lecornu primeiro-ministro."Não vou fazer um longo discurso, pois esta instabilidade e a crise política e parlamentar que vivemos exigem humildade e sobriedade", disse Lecornu, depois de um encontro de cerca de 45 minutos com Bayrou - a quem agradeceu o apoio.Numa mensagem aos franceses, insistiu que "não há um caminho impossível" e que "lá chegaremos"."Precisamos, fundamentalmente, de pôr fim a esta dupla desconexão: a desconexão entre a situação política e a desconexão com aquilo que os nossos concidadãos legitimamente esperam no seu quotidiano, na situação económica e social, na sua segurança -- em suma, o que somos obviamente obrigados a fazer", indicou. Mas também a desconexão entre a política interna e a geopolítica."Para que isso aconteça, teremos também de mudar, ser certamente mais criativos, por vezes mais técnicos, mais sérios, na forma como trabalhamos com a nossa oposição", defendeu o novo primeiro-ministro francês."Estou a dizer que precisaremos de ruturas, e não apenas na forma, e não apenas no método. Ruturas também na substância", acrescentou, dizendo que começará as consultas aos outros partidos políticos.Antes de Lecornu, Bayrou fez também o discurso de despedida, falando em três verbos: "ajudar", "unir" e "inventar".O ex-primeiro-ministro ofereceu a sua ajuda e da sua equipa ao sucessor. "Primeiro, porque temos um pouco de experiência com coisas que são mais difíceis do que pensamos, e com os desafios e dificuldades. Mas também porque este é um momento muito importante, muito exigente e muito perigoso para a França", indicou.Quando ao verbo "unir", Bayrou disse não acreditar que o país permaneça para sempre atolado em divisões, insulto e violência. "Não acredito que continuemos divididos, e também não acredito que continuemos a ser um país em que os eleitos ou as forças políticas continuarão a fingir que a realidade não existe, continuarão a fingir que não, que não queremos ver, que nos recusamos a ver, e que é a partir daí que construímos o futuro", acrescentou, falando no terceiro verbo "inventar"."Penso que devemos inventar o novo mundo que está a surgir, que surgirá, mas fazê-lo com base na realidade. E estou convencido de que há milhões de franceses que querem participar nesta reconstrução realista", explicou..Caiu o governo em França. Bayrou perde moção de confiança e Macron vai nomear sucessor "nos próximos dias"