Kiev garante não querer ocupar território russo
Kiev garantiu esta terça-feira não estar interessado em “tomar” o território que já capturou na sua incursão transfronteiriça na região de Kursk, na Rússia, dizendo que estas operações são “absolutamente legítimas”. “Ao contrário da Rússia, a Ucrânia não precisa da propriedade de outros. A Ucrânia não está interessada em tomar o território da região de Kursk, mas queremos proteger as vidas do nosso povo”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Georgiy Tykhy.
As forças ucranianas entraram na região de Kursk há uma semana, tomando dezenas de localidades no maior ataque de um exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial. Hoje, este representante da diplomacia ucraniana afirmou ainda que interromperão os ataques se Moscovo concordar com uma “paz justa”. “Quanto mais cedo a Rússia concordar em restaurar uma paz justa mais cedo os ataques das forças de defesa ucranianas na Rússia cessarão”, sublinhou Tykhy.
As autoridades ucranianas revelaram também estar a impor restrições de circulação na região de Sumy ao longo da fronteira devido a um “aumento na intensidade das hostilidades” e atividades de “sabotagem”. Já o Ministério da Defesa da Rússia anunciou ter “frustrado” novos ataques ucranianos em Kursk por “grupos móveis inimigos em veículos blindados para invadir profundamente o território russo”.
Dmytro Lykhoviy, porta-voz do exército ucraniano, revelou esta terça-feira ao Politico que, na sequência da incursão surpresa em solo russo, Moscovo “deslocou algumas das suas unidades das regiões de Zaporíjia e Kherson, no sul da Ucrânia” para esta nova frente de batalha, mas que se trata de um número “relativamente pequeno” de unidades.
74 localidades controladas, anuncia Zelensky
Cerca de 121 mil pessoas já fugiram da área e o chefe militar ucraniano Oleksandr Syrsky disse na segunda-feira que as suas tropas controlavam cerca de mil quilómetros quadrados de território russo. Dados do Instituto para o Estudo da Guerra apontam para pelo menos 800 quilómetros quadrados.
Volodymyr Zelensky garantiu entretanto, esta tarde, que a Ucrânia já controla 74 localidades na região de Kursk. No dia anterior, o governador desta zona russa havia dito numa reunião com Vladimir Putin que as forças de Kiev controlavam 28 localidades.
“Apesar da luta difícil e intensa, o avanço das nossas forças na região de Kursk continua”, declarou o presidente ucraniano, adiantando que Kiev conseguiu “reabastecer” os seus números de prisioneiros de guerra russos para trocar pelas suas próprias tropas e garantindo que “a preparação para os nossos próximos passos continua”.
ana.meireles@dn.pt